Triste do homem público cujo adversário é a lei. Desalento visto com nitidez no semblante do ex-presidente Luiz Inácio da Silva depois do interrogatório de sexta-feira quando, num angustiado esforço para se manter altivo, manifestou-se contra o perfeito funcionamento de instituições do País que presidiu.
Mais tarde, no Sindicato dos Bancários – aquele que deixou a ver navios vazios os bancários que viram suas economias desviadas de uma cooperativa habitacional para o cofre do PT e para o bolso de petistas –, atirou-se ao ato patético de anunciar a candidatura à Presidência em 2018. Ocasião em que tanto poderá estar na batalha para convencer uma população já devidamente informada a colocá-lo de novo no topo de uma cadeia alimentar de corrupção, quanto poderá ser um réu ou um condenado.
Em razão das perspectivas desfavoráveis, Lula da Silva tenta circunscrever suas agruras e embates ao campo da política, quando os dados objetivos transportam seu infortúnio para as alçadas da polícia e da Justiça. Foi-se o tempo em que Lula e o PT podiam brigar na arena e com as regras sob as quais detêm total domínio, a disputa política e, sobretudo, eleitoral.
Não é disso o que se trata no presente. Não está na oposição a raiz dos problemas do ex-presidente, de seu partido e de sua sucessora. Por seus erros e também por seus acertos de conduta, o PSDB nunca se mostrou nem se mostra agora um adversário à altura. A oposição formal perdeu todas quando tentou enfrentar os mestres da manipulação do peso da consciência alheia, da condescendência dos ingênuos, das conveniências dos aproveitadores e da omissão dos covardes.
Agora o tucanato dá sinal de racionalidade ao perceber o lance e se recusar a entrar no jogo da provocação. Enquanto o PT aposta na radicalização nas ruas para tentar intimidar as forças contrárias, o senador Aécio Neves faz um apelo à moderação e ao respeito às investigações, sabedor de que poderia ser responsabilizado por males maiores se incitasse protestos.
Deu corda ao enforcado. Optou por deixar o PT brigar sozinho e, assim, pagar a conta por eventuais danos à civilidade. Prejuízos estes que poderão ser maiores ou menores, dependendo da disposição de Lula de prosseguir na mesma incitação ao confronto que marcou a conduta dele à frente da Presidência da República. Na época era movido pela soberba. Hoje é motivado pelo ódio aos que não se rendem à sua presumida (e já perdida) majestade.
Nesse cenário de articulada radicalização, seria de esperar da presidente da República uma posição apaziguadora. Não foi, contudo, o que se viu no pronunciamento de Dilma Rousseff no final da tarde de sexta-feira. Ela, ao contrário, deu gás à (falsa) polêmica, desqualificou o trabalho da Polícia Federal e desclassificou decisão da Justiça ao se dizer “absolutamente inconformada” com a condução coercitiva de Lula.
Nada fez contra a suposta ilegalidade, porque nada havia a fazer além de falar como quem dá salvo-conduto a um personagem perdido em seu labirinto. Dele, Lula tentará sair por meio da intimidação e da violência. Não vai conseguir porque já não combate em campo conhecido.
O ex-presidente trava, sim, uma batalha. Guerra, no entanto, perdida para a legalidade, a impessoalidade, a probidade e a transparência de um grupo de policiais argutos e de procuradores muito bem preparados para fazer frente a uma gente que só tem em mente as conveniências e o bem estar da própria gente.
Para Dilma só restam duas escolhas: ou embarca ou deixa o barco correr.
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