A crise ganha contornos infernais, Lula entra de vez no olho do furacão da Lava Jato, Dilma vai sendo sugada também e a presidente, num instinto de sobrevivência, se reaproxima do criador.
O gesto natural da petista, neste momento de encruzilhada em que se encontra, pode ser uma solução no curtíssimo prazo. Envolve, contudo, riscos que podem agravar o cenário de crise e piorar ainda mais a situação caótica do país.
Dilma vinha se distanciando tanto de Lula como do PT. Seus dois principais pontos de apoio exigiam da presidente ajustes e mudanças que ela resistia e resiste a entregar.
Num deles foi obrigada a ceder. Tirou José Eduardo Cardozo da Justiça, o petista acusado pelo partido de não controlar a Polícia Federal. Mas Dilma o manteve por perto, na Advocacia-Geral da União.
Depois disto, o cenário só fez piorar. A delação da Andrade Gutierrez revelou caixa dois na campanha da petista em 2010; veio a público o roteiro da delação do senador Delcídio do Amaral, citando a presidente em relações complicadas. E a Lava Jato focou de vez no ex-presidente.
Tudo numa só semana, jogando Dilma de novo nos braços de Lula e do PT. Até quando, não se sabe. Dentro do governo, há quem aposte que não por muito tempo. Afinal, os petistas defendem uma guinada na política econômica e querem engavetar a reforma da Previdência.
Se ceder neste campo também a seus aliados, a presidente vai ficar bem na foto com sua turma, unindo ainda mais sua tropa em torno de sua defesa e de seu criador. Mas vai jogar a economia brasileira num buraco ainda mais profundo.
Primeiro, porque a oposição vai infernizar cada vez mais a vida do governo no Congresso, acentuando sua paralisia e obstruindo votações de interesse do Palácio do Planalto.
Segundo, porque Lula e o PT não compreendem que o mundo mudou, o país quebrou e não dá para ajustar as coisas sem dor. É a real.
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