FOLHA DE SP - 02/02
Parrilla
Um dia após assumir a presidência, Macri reuniu-se com candidatos que o enfrentaram nas eleições. Também fez um churrasco para 24 governadores. Excelente maneira de se fazer amigos. Ainda mais quando o corte é argentino. Isso mostra que ele sabe que, num momento de crise, é importante unir as forças políticas do país.
A culpa é deles!
Enquanto isso, o PT de Dilma, no Brasil, utiliza seu tempo de TV para atacar figuras da oposição. Seus defensores, verdadeiros buldogues do governismo, polarizam o debate político berrando insistentemente seus bordões de ódio. Ao invés do diálogo, o discurso de "nós contra eles".
Cobrar menos, arrecadar mais
Macri mostra que é possível fazer ajustes diminuindo impostos. Reduziu de 35% para 30% o imposto de exportação da soja e acabou com o mesmo imposto para carne, milho, trigo, girassol e para as chamadas "economias regionais". Em pouquíssimo tempo, o setor agrícola celebrou um aumento de 100% nas receitas.
Para compensar a diminuição de impostos, o presidente argentino corta gastos e dá exemplo. Cristina Kirchner e sua equipe sempre utilizaram carros importados de luxo. Macri os substituiu por modelos nacionais e mais modestos. Abriu mão de seu salário. O dinheiro será doado para um restaurante comunitário que serve 1.800 pessoas diariamente num bairro pobre de Buenos Aires. Sem cortar gastos, seria demagogia; cortando-os, vira um exemplo.
Menos exemplo, mais cobrança
Já a solução encontrada por Dilma Rousseff é aumentar os gastos e propor novos impostos. Apesar de ter se posicionado contra a CPMF antes das eleições, a presidente agora trata o imposto como uma espécie de panaceia. Felizmente ainda não tem votos para aprova-la. Em 2014, o governo Dilma bateu recorde em gastos secretos com cartões corporativos: R$ 8,7 milhões, o maior valor desde 2001. Neste ano, quase todos os Ministérios preveem aumento de custeio.
Crise para quem?
Em uma de suas idas a Nova York no ano passado, Dilma levou diversos ministros, secretários e até a filha. Todos ficaram num dos hotéis mais luxuosos da cidade. Quando a presidente foi a Paris para participar da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, torraram-se R$ 200 mil com hospedagem e R$ 90 mil com aluguel de carros.
Nem a coxinha ficou de fora do aumento de gastos da presidente. Neste ano, haverá um aumento de 40% nos gastos com pães, biscoitos e salgadinhos que abastecem o Palácio do Planalto. Repito uma das perguntas preferidas dos petistas: "Crise pra quem?".
Imprensa livre
Macri derrubou um dos símbolos da política kirchnerista, a lei contra a concentração dos meios de comunicação audiovisuais, que obrigava o principal veículo da imprensa, o Clarín, a diminuir seu investimento na área. Liberdade de imprensa.
Imprensa golpista!
No Brasil, vândalos depredaram a sede do grupo Abril, que edita a revista Veja. O ataque foi uma reação a uma matéria que denunciou que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula "sabiam de tudo" em relação ao petrolão. Além disso, o governo insiste em querer regular a imprensa, ou, como líderes do PT dizem, "democratizar a mídia".
Hermanos decolando
O presidente argentino foi ao Fórum Econômico Mundial, em Davos. Viajou com sua equipe num avião comercial. Voltou de lá com a garantia do presidente da Coca-Cola de que a Argentina receberá um investimento de US$ 1 bilhão.
Discurso e cofres vazios
Dilma não foi ao encontro. No seu lugar, compareceu o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que fez alguns discursos sobre "mudanças estruturais" que "precisam ser discutidas" e defendeu a recriação da CPMF. Voltou com tapinhas nas costas.
Nova liderança
O governo de Macri ajuda até o nosso pais. Recentemente, a Argentina chegou a um acordo com seus sócios (Brasil, Uruguai, Paraguai e inclusive Venezuela) para impulsionar as negociações com União Europeia, Japão, Canadá, Rússia e Índia.
Fala que eu te escuto
Macri também erra. Nomeou por decreto dois juízes da Corte Suprema, alegando que seria importante ocupar cadeiras vagas. A lei argentina permite, mas a democracia se ofende. Duramente criticado, voltou atrás. Erra e se corrige.
Tudo invenção dos golpistas
Já a nossa presidente, cujos erros são incontáveis, nunca recua. Prefere chamar seus críticos de "golpistas" e agir como se Brasil estivesse uma maravilha.
Amigos da Rainha
"Ah, mas esse mauricinho neoliberal com certeza tirou a comida da mesa dos pobres!". Será? Macri não mexeu em programas sociais e até aumentou valores repassados por alguns deles. No Brasil, também é possível fazer cortes substanciais sem cortar um centavo do Bolsa Família, que, apesar de toda a propaganda oficial, recebe muito menos recursos do que o Bolsa Empreiteira, o Bolsa Juros, o Bolsa BNDES e o Bolsa Amigos da Rainha.
Eficiente, não exótico
O presidente argentino defende a austeridade no discurso e, tudo indica, a pratica como política de governo. À diferença do uruguaio José Mujica, parece querer convencer pela eficiência, não pelo exotismo.
Meta aberta
Dilma, em seus discursos, defende um tal ajuste fiscal. Saúda a mandioca, lamenta não poder estocar vento e promete dobrar a meta indefinida. Na prática, vive uma vida de luxo e aprova a gastança generalizada de seus ministérios. A hipocrisia não a preocupa. É só passar a conta para o pagador de impostos.
Bolso esquerdo só tem peixe
Macri fez sua campanha dançando –e bem, diga-se. Dilma fez sua campanha mentindo. O que mais se aproxima da presidente no mundo da música é o funk ostentação. Sem a parte do "funk". E com o detalhe do uso de dinheiro público.
Dança
A Argentina é a terra do tango. Dramático. Trágico até. Macri parece preferir a alegria da cúmbia. No Brasil de Dilma, é carnaval o ano todo. O governo toca o samba-da-petista-doida. Nós dançamos.
Um comentário:
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