A maré de azar do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou ao ápice ontem. Ela começou segunda-feira e já tinha piorado anteontem, quando chegou à corda bamba, por ter tido substituto indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preferencialmente Henrique Meirelles. Lula tem Meirelles em alta conta.
O ex-BC muito fez pelo projeto de poder do PT. Soube manejar inflação de mais e crédito de menos. Perfeito. Lula também teria indicado Levy para capitanear o Ministério da Fazenda da sucessora Dilma Rousseff reeleita em outubro de 2014, embora preferencialmente escolhesse Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco.
Coisas da vida, Lula errou a mão. Perdeu Trabuco e enganou-se com Dilma, que apostou demais em Levy e agora não quer perder um projeto de poder do Partido dos Trabalhadores de recuperar - se for para tirar da miséria os mais pobres - o Palácio do Planalto.
Os comentários crescentes da possível troca da guarda no mais relevante ministério de um país que dispõe de US$ 370 bilhões de reservas, mas não tem um tostão furado para reduzir o déficit de suas contas que assombra as agências de rating, tirou Levy de circulação.
Ontem de manhã, o ministro era palestrante no Encontro Nacional da Indústria (Enai), em Brasília. A informação prestada aos serviços noticiosos - dado o atraso na chegada de Levy - se referiu a mudança de agenda. O ministro iria se reunir na Casa Civil para tratar do Orçamento.
Mas o ministro apareceu. Com três horas de atraso, mas chegou ao Enai e por pouco não foi recepcionado por Henrique Meirelles, o homem mais falado do Brasil nas últimas 24 horas.
Sem firula, mas vítima de um constrangimento, o ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff foi informado pelos organizadores do evento que sua apresentação estava dispensada porque seria a abertura do encontro de empresários. Henrique Meirelles era o "keynote speaker" da tarde.
Elegante, Meirelles decidiu socorrer o ministro e ambiente. Por ora. "Não, não. O ministro é quem vai falar antes de mim. Não se pode quebrar o protocolo." Mais constrangimento. E o ambiente ainda mais tomado de contrariedade.
A turma da indústria demonstrou a Joaquim Levy, na frente de Henrique Meirelles, que não aprovou o atraso. O ministro chegou quando o almoço estava no fim. E não recusou ser atendido. "Se vocês deixarem, eu como agora", disse Levy quando lhe perguntaram se havia almoçado.
O ex-presidente do BC aterrissou no evento com porte de ministro e um sorriso implacável. Foi cumprimentado efusivamente, posou para fotos e selfies. Foi assediado pela imprensa.
Rei morto, rei posto, companheiros!
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