Infelizmente, a perspectiva de melhores resultados na economia brasileira, em curto prazo, não é das melhores. Com os sequenciais rebaixamentos da nota do Brasil pelas agências internacionais de classificação de risco, com perda do selo de "bom pagador" e, consequentemente, a perda do grau de investimento, nota-se que o país caminha rumo ao perigoso nível de grau especulativo, em que a credibilidade é quase zero e os investimentos, escassos. Os números não são nada animadores e, quanto mais tempo o entendimento demorar, pondo fim à crise política, mais doloroso e amargo será o enfrentamento da crise econômica. O que esperar, quando nem mesmo o Ministério da Fazenda consegue estimar um prazo viável para se concretizar o ajuste fiscal em curso? Se, nas palavras do ministro Joaquim Levy, "o Brasil só voltará a crescer quando a questão fiscal for resolvida", por que então convivemos com tamanha incerteza e lentidão? Simplesmente, porque as contas públicas não fecham devido ao enorme rombo. O corte estimado de bilhões nas despesas para 2016 ainda é considerado pouco para reverter o enorme déficit orçamentário do governo federal. O Congresso Nacional legisla em causa própria, adiando a apreciação do ajuste fiscal e estendendo o quanto pode a crise política.
Até quando esperar pelo necessário entendimento político, em prol do país, que reverta de fato o conturbado cenário existente entre o Legislativo e o Executivo? O ano está chegado ao fim e, agora, a tentativa dos economistas é de salvar 2016, evitando contabilizar prejuízos ainda maiores do que os registrados em 2015. Como o governo jamais concede alguma coisa sem tirar outra, é certo que haverá aumento da já insustentável carga tributária. A inflação sem controle, o desemprego crescente, a diminuição do poder de compra, a alta dos juros, a recessão e o encolhimento acelerado do PIB, registrando queda recorde dos últimos 20 anos.
Queremos de volta o Brasil que deu certo, se não em todos, pelo menos em muitos segmentos. Um país de crescimento sustentável e economia pujante. Houve uma época, não muito distante, em que a inflação chegou a 5.000% ao ano. Mas, não faz muito tempo, o Brasil adquiriu nível de maturidade suficiente para se fixar de vez no ranking das maiores economias do mundo. Onde está o Brasil de crescimento de 7,5% ao ano? De grau elevado de investimento conquistado conforme todas as agências em 2008?
O que podemos dizer de concreto à nossa juventude, que deveria estar naturalmente ingressando no mercado de trabalho? Um enorme contingente de jovens abandona os estudos e já não consegue encontrar ocupação, pois o pleno emprego deixou de existir. Vivenciamos hoje as mesmas incertezas anteriores ao Plano Real, dos governos Sarney e Collor, de descontrole do orçamento doméstico devido ao aumento das despesas mensais.
O governo precisa, sobretudo, manter o equilíbrio orçamentário e o controle do endividamento, a fim de dizimar as incertezas retomando a confiança dos brasileiros e dos investidores. É preciso arrumar a casa para voltar a crescer, adotando posturas que comprovadamente deram certo no passado, abandonando de uma vez por todas o uso de medidas descabidas como a "contabilidade criativa" e a falta de transparência na adoção de políticas públicas contemplando alguns setores específicos em detrimento de outros que beneficiam a população como um todo. Diante de tantas incertezas, não seria precipitado dizer que 2018 será o ano da nossa redenção.
Aquiles Leonardo Diniz: Vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi)
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