FOLHA DE SP - 02/11
O país atravessa grave crise econômica, somada a uma degradação moral e desagregação política sem precedentes. Nada, contudo, é tão cruel quanto o que está acontecendo na área social.
A inflação alta e a recessão desaguaram no desemprego, que pune principalmente os jovens. As famílias se veem desamparadas pelos sofríveis serviços públicos e a violência continua aumentando, sob olhar omisso da administração federal.
O governo Dilma só fala em ajuste econômico e ignora a gravidade da situação que as famílias estão vivendo. Quem depende do Bolsa Família há mais de um ano não tem os benefícios reajustados e agora ainda se acha ameaçado pela carestia e a tesoura dos cortes. É sobre os brasileiros mais pobres que o arrocho mais pesa.
Uma das marcas destes quase 13 anos de governo petista é a manipulação. Os números variam ao sabor das necessidades, sempre em descompasso com a realidade. Pior é quando a própria publicidade oficial, financiada com recursos públicos, vale-se de números contraditórios.
Basta ver as imensas diferenças entre números do mesmo governo sobre o que seriam os avanços na realidade social do país. O que temos hoje de fato é que, nos últimos meses, mais de 1 milhão de famílias voltaram para as classes D e E. A miséria voltou a aumentar, segundo fontes oficiais como o Ipea, num retrocesso real na condição de vida de crianças, jovens, mães e pais que sonharam com outro futuro.
Este triste quadro evidencia os limites das políticas sociais que se restringem à transferência de renda sem levar em conta as privações enfrentadas pelas famílias. Bastou a torneira das receitas começar a secar para os mais pobres se verem onde sempre estiveram: em péssimas condições e sem perspectivas verdadeiras de melhoria de vida.
A irresponsabilidade fiscal e a desestruturação econômica se encarregaram de implodir o sonho de ascensão que milhões alimentaram. A dura realidade é que sem crescimento e sem desenvolvimento sustentados não há bem-estar social. Simples assim.
Para impedir que o caos social se estabeleça, o primeiro passo é reconhecer o fracasso de uma política social baseada apenas na gestão diária da pobreza. E proteger das tesouradas do arrocho as ações do poder público voltadas a preservar empregos, a proteger famílias carentes e a garantir a educação de crianças e jovens.
O importante agora é assegurar que os que mais precisam contem com o auxílio do Estado. Política social se faz com responsabilidade e com estratégias. O Estado tem a responsabilidade de proteger e promover oportunidades reais para os mais vulneráveis. Todos têm o direito de construir sua travessia da exclusão para uma inclusão social sustentável.
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