FOLHA DE SP - 21/05
SÃO PAULO - A medida provisória do futebol, que prevê o refinanciamento das dívidas dos clubes, é mais uma barbeiragem do governo.
Se a inflação sobe, o governo represa o preço da gasolina e esfola a Petrobras, obrigando-a a vender combustível em valores inferiores aos internacionais. Se o PIB cresce menos, pressiona os bancos a reduzirem os juros, ignorando alertas de que há um excesso de endividamento na praça. Se o desemprego ameaça crescer, desonera a folha de pagamento criando um rombo de R$ 25 bilhões. O resultado é esse aí, a desorganização da economia.
A MP do futebol segue a linha do intervencionismo dilmista. Se o Brasil perde de 7 a 1 na Copa e o nosso futebol não é mais o mesmo, tenta refundá-lo na base da canetada.
Os clubes devem à União cerca de R$ 4 bilhões. A MP refinancia essas dívidas, desde que as equipes se comprometam com certas normas, como, por exemplo, não gastar mais do que 70% da sua receita com folha de pagamento e a punição do dirigente que praticar gestão temerária. Até aí tudo bem, ainda que seja hilário uma iniciativa como essa partir de uma administração que gastou muito mais do que conseguiu arrecadar.
Mas qual o sentido de o governo avançar sobre questões que não têm relação com a capacidade de os clubes honrarem o compromisso? A MP exige, por exemplo, que os clubes invistam em futebol feminino. Com que direito se pretende forçar alguém a fazer o que não quer ou não acha rentável? É o mesmo que obrigar uma empresa a fazer carros rosa, a despeito do baixo interesse do consumidor por veículos dessa cor.
Mais grave ainda, a MP estabelece que, para receber o benefício, o clube só poderá participar de competições organizadas por entidades dispostas a mudar seus estatutos segundo as diretrizes oficiais. Na prática, se algumas equipes aderirem e outras não, o futebol brasileiro ficará quebrado em dois. O que já é ruim pode ficar ainda pior.
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