O GLOBO - 16/01
Estudo da Confederação Nacional da Indústria que compara o Brasil com 14 nações com as quais concorre diretamente mostra que o país se mantém no penúltimo lugar
O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior, Armando Monteiro, já esteve à frente de uma das principais entidades empresariais do país: a Confederação Nacional da Indústria. E é de responsabilidade da CNI um dos estudos que melhor retratam a situação do setor no país, comparando a competitividade do Brasil com a de 14 outras nações com as quais concorre mais diretamente. A conclusão do estudo dá bem uma ideia do desafio que Monteiro tem pela frente, para que o Brasil volte a ter uma participação mais expressiva no comércio internacional.
Considerando oito itens, entre os quais custo da mão de obra, peso dos impostos e ambiente macroeconômico, a CNI elabora um indicador de competitividade. Na quarta edição desse estudo, o Brasil permaneceu na penúltima colocação, superando apenas a Argentina. À frente do Brasil estão Canadá, Colômbia, México, Polônia, Turquia, Índia, Rússia, África do Sul, Chile, China, Espanha, Austrália e Coreia do Sul.
Há três anos, o Brasil se mantém no nada honroso penúltimo lugar, embora tenha melhorado em alguns itens. No ambiente microeconômico, passou de décimo terceiro para décimo primeiro lugar; no fator que avalia a disponibilidade e o custo da mão de obra, subiu de sétimo em 2013 para quarto lugar em 2014; e no peso dos impostos saiu da décima quarta para décima terceira posição.
No entanto, piorou na infraestrutura (de 13ª para a 14ª posição) e no ambiente macroeconômico (de 10º para o 12º lugar), permanecendo em último lugar na disponibilidade e custo de capital, em face da elevação das taxas de juros.
Embora a mão de obra esteja mais disponível e custando relativamente menos, a competitividade da economia brasileira fica comprometida pela baixa produtividade dos trabalhadores, que, nessa lista, só está acima da que se observa na Índia e na China.
Chama a atenção o fato de o país ter retrocedido nos processos de liberação alfandegária, na capacidade logística, no cumprimento de prazos e na rastreabilidade das mercadorias. Englobando todos esses subitens, o Brasil caiu da 8ª para a 13ª posição.
No caso do peso dos impostos, não se pode dizer que houve propriamente uma melhora, pois o que ocorreu foi uma piora expressiva da Espanha, onde o conjunto de impostos pagos pelas empresas aumentou de 38,7% para 58,2%. E assim o Brasil passou para o13º posto e a Espanha, 14º, uma troca de posições.
Como se observa nos resultados desse estudo, a economia brasileira não depende apenas de iniciativas de política econômica para ganhar competitividade. Muito pode ser feito na qualificação da mão de obra, na infraestrutura de transportes e na agilização de processos burocráticos. Uma pauta que está ao alcance do Ministério do Desenvolvimento. E para ser posta em prática com rapidez.
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