O GLOBO - 06/10
A 'onda da razão' em favor de Aécio sucedeu à 'onda de indignação' em que surfara Marina. Mas uma oposição respeitável precisa de ambas
Aécio Neves usou a imagem de uma "onda da razão" para explicar a disparada das intenções de voto em sua candidatura. A subida dessa "onda da razão" na reta final do primeiro turno das eleições sucedeu à descida da "onda de indignação" em que antes surfara Marina Silva. O problema para Aécio é que uma oposição respeitável precisaria tanto da razão quanto da indignação para não morrer antes de chegar à praia.
Aécio é o candidato mais preparado, mas ainda não se mostrou desconfortável o bastante com as degeneradas práticas da "velha política", esta mãe de todos os escândalos. Marina tornara-se por isso um veículo da indignação dos eleitores e também o arauto de uma "nova política". Mas sempre transmitiu uma ideia de fragilidade para efetivar as anunciadas mudanças. Não teria sustentação parlamentar para enfrentar a feroz resistência às mudanças de um establishment ainda menos virtuoso que o dos papas renascentistas.
O anúncio do apoio de Marina a Aécio poderia configurar um novo eixo de governabilidade como alternativa ao "presidencialismo de cooptação". É essencial para o surgimento de uma "nova política" que essa aliança ocorra em torno das reformas de modernização. Tanto na dimensão política quanto na econômica. O excesso de gastos públicos aumentou os impostos e os juros, derrubando o crescimento econômico. E a concentração de recursos na esfera federal frustrou o espírito democrático de descentralização da Constituição de 1988, enfraquecendo a Federação e alimentando o fisiologismo. A estagnação econômica e a corrupção sistêmica são filhos desses colossais equívocos.
A economia brasileira continua no piloto automático, em voo cego rumo ao retrocesso. A perda de qualidade da política macroeconômica foi um processo lento, gradual e previsível. Além dos escândalos de corrupção e das denúncias de aparelhamento, a alta da inflação e o baixo crescimento são pedras no sapato da candidata Dilma Rousseff para a disputa no segundo turno. Repito que estamos em uma transição incompleta. É no apoio à inoperância, na blindagem contra escândalos e na manutenção de vícios do Antigo Regime que se destacam alianças políticas oportunistas e retrógradas. Mas já é hora de sairmos desse pântano em que se transformou a política brasileira.
Aécio Neves usou a imagem de uma "onda da razão" para explicar a disparada das intenções de voto em sua candidatura. A subida dessa "onda da razão" na reta final do primeiro turno das eleições sucedeu à descida da "onda de indignação" em que antes surfara Marina Silva. O problema para Aécio é que uma oposição respeitável precisaria tanto da razão quanto da indignação para não morrer antes de chegar à praia.
Aécio é o candidato mais preparado, mas ainda não se mostrou desconfortável o bastante com as degeneradas práticas da "velha política", esta mãe de todos os escândalos. Marina tornara-se por isso um veículo da indignação dos eleitores e também o arauto de uma "nova política". Mas sempre transmitiu uma ideia de fragilidade para efetivar as anunciadas mudanças. Não teria sustentação parlamentar para enfrentar a feroz resistência às mudanças de um establishment ainda menos virtuoso que o dos papas renascentistas.
O anúncio do apoio de Marina a Aécio poderia configurar um novo eixo de governabilidade como alternativa ao "presidencialismo de cooptação". É essencial para o surgimento de uma "nova política" que essa aliança ocorra em torno das reformas de modernização. Tanto na dimensão política quanto na econômica. O excesso de gastos públicos aumentou os impostos e os juros, derrubando o crescimento econômico. E a concentração de recursos na esfera federal frustrou o espírito democrático de descentralização da Constituição de 1988, enfraquecendo a Federação e alimentando o fisiologismo. A estagnação econômica e a corrupção sistêmica são filhos desses colossais equívocos.
A economia brasileira continua no piloto automático, em voo cego rumo ao retrocesso. A perda de qualidade da política macroeconômica foi um processo lento, gradual e previsível. Além dos escândalos de corrupção e das denúncias de aparelhamento, a alta da inflação e o baixo crescimento são pedras no sapato da candidata Dilma Rousseff para a disputa no segundo turno. Repito que estamos em uma transição incompleta. É no apoio à inoperância, na blindagem contra escândalos e na manutenção de vícios do Antigo Regime que se destacam alianças políticas oportunistas e retrógradas. Mas já é hora de sairmos desse pântano em que se transformou a política brasileira.
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