CORREIO BRAZILIENSE - 23/08
O esfriamento da economia começa a afetar a criação de empregos no Brasil, e esse é o pior preço que o país pode pagar por equívocos na condução da política econômica. Não é à toa que os gênios do marketing político do governo jogam suas melhores fichas nos baixos índices de desemprego dos últimos anos. Eles funcionam como um biombo para os reveses macroeconômicos que se acumulam e desmentem qualquer discurso para enganar o eleitor com aparentes sucessos de gestão.
A manutenção de bom nível de emprego, apesar do pífio crescimento da economia nos últimos três anos, alimentava a esperança de que, mais dia, menos dia, o consumo voltaria a animar os negócios, como ocorreu em passado recente (fim do governo Lula). Afinal, como acreditam os homens do marketing, consumidor empregado é consumidor ávido por realizar algum desejo de consumo, nem que seja a crédito.
Por seu lado, as empresas vinham segurando tanto quanto possível seu pessoal, pois além de custar muito cara a demissão, também não é barato nem fácil recompor os quadros e treinar os novatos. Ante os sinais de queda no ritmo da atividade econômica, o primeiro passo foi engavetar projetos de investimentos, cortar custos operacionais e, só então, atuar sobre a folha de pagamentos.
A recente adoção de dispensas temporárias (lay-off) por grandes indústrias, principalmente do setor automotivo, foi o primeiro sinal de que a espera por uma reação da economia (que ainda não veio), agravada pelas paralisações da Copa do Mundo, estava perigosamente perto do insuportável.
Na semana passada, o mais fiel dos termômetros do nível de emprego formal no país, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, foi taxativo: em julho, a indústria demitiu mais do que contratou (líquido negativo de 15.392 postos), enquanto o agronegócio e os serviços reduziram drasticamente o saldo de admissões.
No total, o Caged apontou saldo positivo de 11.796 empregos criados, o pior resultado registrado em um mês de julho desde 1999, quando foram geradas apenas 8.057 vagas, em razão da retração provocada nas economias emergentes pela crise financeira e cambial da Rússia. Em relação a julho de 2013, o resultado deste ano representou uma preocupante queda de 71,5%.
Em junho, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, já tinha se surpreendido com uma forte desaceleração do emprego com carteira assinada (queda de 83,9% ante junho de 2013). "Não havia nenhum indicativo dessa situação", disse ele naquela ocasião. Agora, o governo aposta que o "fundo do poço" da desaceleração da economia e do emprego foi o período junho/julho e que, daqui para frente, tudo vai melhorar, ainda que lentamente.
Tomara que esse sonho se realize. Mas parece tratar-se de projeção ensaiada para ser usada nos próximos dias, quando o IBGE divulgar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, para o qual não se espera nada muito animador. Comprovada a tese do "fundo do poço", é certo que, no máximo, a economia deve apenas parar de piorar, o que já seria grande coisa, desde que o emprego seja pelo menos mantido. Mas o Brasil precisa e merece mais do que esse fio de navalha. É urgente a adoção de política econômica que retome o crescimento de forma sustentável.
A manutenção de bom nível de emprego, apesar do pífio crescimento da economia nos últimos três anos, alimentava a esperança de que, mais dia, menos dia, o consumo voltaria a animar os negócios, como ocorreu em passado recente (fim do governo Lula). Afinal, como acreditam os homens do marketing, consumidor empregado é consumidor ávido por realizar algum desejo de consumo, nem que seja a crédito.
Por seu lado, as empresas vinham segurando tanto quanto possível seu pessoal, pois além de custar muito cara a demissão, também não é barato nem fácil recompor os quadros e treinar os novatos. Ante os sinais de queda no ritmo da atividade econômica, o primeiro passo foi engavetar projetos de investimentos, cortar custos operacionais e, só então, atuar sobre a folha de pagamentos.
A recente adoção de dispensas temporárias (lay-off) por grandes indústrias, principalmente do setor automotivo, foi o primeiro sinal de que a espera por uma reação da economia (que ainda não veio), agravada pelas paralisações da Copa do Mundo, estava perigosamente perto do insuportável.
Na semana passada, o mais fiel dos termômetros do nível de emprego formal no país, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, foi taxativo: em julho, a indústria demitiu mais do que contratou (líquido negativo de 15.392 postos), enquanto o agronegócio e os serviços reduziram drasticamente o saldo de admissões.
No total, o Caged apontou saldo positivo de 11.796 empregos criados, o pior resultado registrado em um mês de julho desde 1999, quando foram geradas apenas 8.057 vagas, em razão da retração provocada nas economias emergentes pela crise financeira e cambial da Rússia. Em relação a julho de 2013, o resultado deste ano representou uma preocupante queda de 71,5%.
Em junho, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, já tinha se surpreendido com uma forte desaceleração do emprego com carteira assinada (queda de 83,9% ante junho de 2013). "Não havia nenhum indicativo dessa situação", disse ele naquela ocasião. Agora, o governo aposta que o "fundo do poço" da desaceleração da economia e do emprego foi o período junho/julho e que, daqui para frente, tudo vai melhorar, ainda que lentamente.
Tomara que esse sonho se realize. Mas parece tratar-se de projeção ensaiada para ser usada nos próximos dias, quando o IBGE divulgar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, para o qual não se espera nada muito animador. Comprovada a tese do "fundo do poço", é certo que, no máximo, a economia deve apenas parar de piorar, o que já seria grande coisa, desde que o emprego seja pelo menos mantido. Mas o Brasil precisa e merece mais do que esse fio de navalha. É urgente a adoção de política econômica que retome o crescimento de forma sustentável.
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