CORREIO BRAZILIENSE - 30/08
A verdade dos fatos volta a avisar que a economia brasileira vai muito mal. O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,6% no segundo trimestre, derrubando previsões cor-de-rosa que o governo insistia em fazer ante o mau resultado (crescimento de 0,2%) dos três primeiros meses. Até então, o país estaria em trajetória de crescimento, ainda que lento. Era esse o discurso, mas nem isso se sustentou: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo, revisou para -0,2% a taxa.
Essa revisão é normal e tecnicamente recomendável. Dela resultou que a economia brasileira, que nos últimos três anos vinha desacelerando, está há seis meses andando para trás. A esta altura, é ocioso discutir se estamos ou não em recessão técnica (quando a taxa de crescimento é negativa por dois trimestres seguidos). O que importa é que, mesmo que haja algum refresco no terceiro e no quarto trimestres, 2014 está fadado a fechar um ciclo de quatro anos de baixo desempenho econômico.
No trimestre encerrado em junho, os feriados da Copa do Mundo e supostos respingos da crise mundial estão sendo culpados pelo desastre. É certamente um exagero de quem não pretende, por motivos de calendário eleitoral, reconhecer erros de condução da política econômica, que se acumularam nos últimos anos. Mais sensato e mais construtivo será encarar o problema e buscar coesão para corrigir o rumo e inverter a escalada que põe em risco os empregos e a renda, conquistas que precisam ser mantidas.
Olhar mais crítico sobre os números do trimestre constata mais uma queda na atividade da indústria, que recuou 1,5%, ampliando o já longo ciclo de perdas de competitividade do setor. Além de grande geradora de empregos formais, a indústria é tradicional investidora em expansão e em modernização de equipamentos.
Mas não é isso o que vem ocorrendo: os investimentos, que deveriam ser um dos motores do crescimento do PIB, recuaram 5,3% no trimestre, na comparação com o trimestre anterior. Pior: na comparação com igual período de 2013, a queda foi 11,3%. Isso revela o nível da desconfiança da indústria numa reação da economia brasileira e na capacidade do governo de criar as condições para a retomada do crescimento em prazo razoável.
Outro dado preocupante que merece reflexão foi o desempenho dos serviços. Como ocorre com a maioria das economias de nações mais urbanizadas, esse é o setor que cresce mais rápido e mais aumenta a participação relativa no PIB. No Brasil, enquanto a indústria vem perdendo espaço (responde hoje por pouco mais de 16% da economia), a expansão dos serviços garantiu participação próxima de 70%. No segundo trimestre, o despenho dos serviços foi negativo em 0,5%, o pior desempenho desde o auge da crise mundial de 2008 (-2,8%).
Parte do recuo pode ter sido um dos efeitos perversos da Copa. Só parte. É relevante lembrar que se trata de atividade diretamente ligada ao aumento da renda da população. Nele estão as faculdades e colégios particulares, os restaurantes, o entretenimento, os cuidados com a saúde e com a beleza, para citar algumas demandas, que, não faz muito tempo, passaram a fazer parte da vida de milhões de consumidores. Será imperdoável perder tudo isso por omissão ou incapacidade de conduzir política econômica que favoreça o crescimento.
Essa revisão é normal e tecnicamente recomendável. Dela resultou que a economia brasileira, que nos últimos três anos vinha desacelerando, está há seis meses andando para trás. A esta altura, é ocioso discutir se estamos ou não em recessão técnica (quando a taxa de crescimento é negativa por dois trimestres seguidos). O que importa é que, mesmo que haja algum refresco no terceiro e no quarto trimestres, 2014 está fadado a fechar um ciclo de quatro anos de baixo desempenho econômico.
No trimestre encerrado em junho, os feriados da Copa do Mundo e supostos respingos da crise mundial estão sendo culpados pelo desastre. É certamente um exagero de quem não pretende, por motivos de calendário eleitoral, reconhecer erros de condução da política econômica, que se acumularam nos últimos anos. Mais sensato e mais construtivo será encarar o problema e buscar coesão para corrigir o rumo e inverter a escalada que põe em risco os empregos e a renda, conquistas que precisam ser mantidas.
Olhar mais crítico sobre os números do trimestre constata mais uma queda na atividade da indústria, que recuou 1,5%, ampliando o já longo ciclo de perdas de competitividade do setor. Além de grande geradora de empregos formais, a indústria é tradicional investidora em expansão e em modernização de equipamentos.
Mas não é isso o que vem ocorrendo: os investimentos, que deveriam ser um dos motores do crescimento do PIB, recuaram 5,3% no trimestre, na comparação com o trimestre anterior. Pior: na comparação com igual período de 2013, a queda foi 11,3%. Isso revela o nível da desconfiança da indústria numa reação da economia brasileira e na capacidade do governo de criar as condições para a retomada do crescimento em prazo razoável.
Outro dado preocupante que merece reflexão foi o desempenho dos serviços. Como ocorre com a maioria das economias de nações mais urbanizadas, esse é o setor que cresce mais rápido e mais aumenta a participação relativa no PIB. No Brasil, enquanto a indústria vem perdendo espaço (responde hoje por pouco mais de 16% da economia), a expansão dos serviços garantiu participação próxima de 70%. No segundo trimestre, o despenho dos serviços foi negativo em 0,5%, o pior desempenho desde o auge da crise mundial de 2008 (-2,8%).
Parte do recuo pode ter sido um dos efeitos perversos da Copa. Só parte. É relevante lembrar que se trata de atividade diretamente ligada ao aumento da renda da população. Nele estão as faculdades e colégios particulares, os restaurantes, o entretenimento, os cuidados com a saúde e com a beleza, para citar algumas demandas, que, não faz muito tempo, passaram a fazer parte da vida de milhões de consumidores. Será imperdoável perder tudo isso por omissão ou incapacidade de conduzir política econômica que favoreça o crescimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário