O GLOBO - 27/08
Sobrou até para o Pastor Everaldo. Ele vinha bem, ali entre 3% e 4% das intenções de voto, e tinha planos de até dobrar essas intenções para se tornar um eleitor de peso no segundo turno da eleição presidencial. Veio o fenômeno eleitoral Marina Silva e tirou os votos evangélicos do pastor, um efeito colateral da verdadeira limpa que Marina fez, acrescentando nada menos que 20 pontos aos 9 que Eduardo Campos tinha na última pesquisa Ibope: Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada; os candidatos nanicos perderam 3 pontos no seu conjunto; a taxa de votos nulos ou em branco caiu 6 pontos; e a de indecisos, outros 3 pontos.
A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam para uma eleição e estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte de Campos, há 13 dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção popular, embora a morte trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição nacional maior naqueles dias do que terá em toda a campanha eleitoral, com os poucos minutos que tem de propaganda oficial.
Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato Paulo Guerra em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias, dando-lhe condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a ver com os 20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.
Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a politização proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua memória política, vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que o ex-governador havia escolhido para sucedê-lo. Com relação a Marina, sua votação me parece fruto do despertar de um eleitorado que estava em busca de um candidato que se identificasse com o desejo de mudança registrado em todas as pesquisas.
Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara que o candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate técnico com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece perdendo por seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate, mesmo estando em terceiro lugar.
Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no primeiro turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno. Creio que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o início disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a escolha fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.
A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos petistas. Já Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e mostrar-se como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no poder. A mudança segura.
Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho certo, e tinha até condições de vencer num segundo turno - e continua tendo, como mostra a pesquisa Ibope -, mas agora está às voltas com uma concorrente que traz consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na política há muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já esteve em três partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais adiante.
Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus princípios éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de que ela nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso, desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.
É possível que boa parte da base aliada da presidente comece a debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina no segundo turno deixar de ser uma onda que vem e vai para se transformar em uma possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam inevitável sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes, como fizeram alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.
Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que se desenha no horizonte.
A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam para uma eleição e estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte de Campos, há 13 dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção popular, embora a morte trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição nacional maior naqueles dias do que terá em toda a campanha eleitoral, com os poucos minutos que tem de propaganda oficial.
Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato Paulo Guerra em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias, dando-lhe condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a ver com os 20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.
Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a politização proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua memória política, vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que o ex-governador havia escolhido para sucedê-lo. Com relação a Marina, sua votação me parece fruto do despertar de um eleitorado que estava em busca de um candidato que se identificasse com o desejo de mudança registrado em todas as pesquisas.
Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara que o candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate técnico com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece perdendo por seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate, mesmo estando em terceiro lugar.
Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no primeiro turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno. Creio que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o início disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a escolha fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.
A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos petistas. Já Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e mostrar-se como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no poder. A mudança segura.
Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho certo, e tinha até condições de vencer num segundo turno - e continua tendo, como mostra a pesquisa Ibope -, mas agora está às voltas com uma concorrente que traz consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na política há muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já esteve em três partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais adiante.
Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus princípios éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de que ela nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso, desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.
É possível que boa parte da base aliada da presidente comece a debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina no segundo turno deixar de ser uma onda que vem e vai para se transformar em uma possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam inevitável sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes, como fizeram alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.
Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que se desenha no horizonte.
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