CORREIO BRAZILIENSE - 15/06
São ruins os sinais emitidos pelos diversos setores da economia sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. Depois de uma desalentadora expansão de apenas 0,2% no primeiro trimestre, em comparação com o trimestre anterior, a torcida era para que a atividade econômica entre abril e junho esboçasse reação convincente.
Não é o que os termômetros indicam. Pelo contrário. Sexta-feira, o Banco Central divulgou seu indicador (mensal) de atividade econômica (IBC-Br) de abril. Foi positivo, mas a taxa de apenas 0,12% nem permite que se dê a isso o nome crescimento. Na verdade, reflete o agravamento de um estado letárgico que parece indicar a tendência de estagnação.
A comparação do IBC-Br de abril com igual mês do ano passado resulta em dado ainda mais preocupante: queda de 2,29%. Os especialistas alertam para a dificuldade de a economia reagir, tendo em vista que, em abril, o IBC-Br acusou um recuo da indústria de 0,3% ante março, queda que não foi compensada, como em anos anteriores, pelo crescimento do varejo que, em abril deste ano, foi de apenas 0,6%.
Esse desempenho do comércio em abril foi ainda pior pela medição do IBGE, que é o responsável pelo índice oficial de evolução do PIB trimestral. Observando critérios diferentes e abrangência maior em termos de classes de consumo e regiões pesquisadas, o IBGE constatou resultado oposto ao do Banco Central: em vez de crescimento, o comércio teve queda de 0,4% em relação a março.
As restrições à concessão de crédito (em razão de aumento da inadimplência) e a redução dos incentivos fiscais estão pesando contra as vendas de bens duráveis, e a inflação dos preços de alimentos derrubaram as vendas dos supermercados (queda de 1,4%).
Tudo isso somado a dados preliminares de maio tem levado os especialistas a rebaixar suas expectativas quanto à expansão econômica este ano. Para a maioria deles, o PIB não deverá crescer mais do que 1,4% em 2014. Será o quarto ano consecutivo de taxas baixas de crescimento da economia brasileira, que, nesse período, teve seu melhor desempenho em 2011, com 2,7%.
Não é o fim do mundo, mas a continuidade desse ritmo fraco de expansão pode comprometer a manutenção do ainda bom nível de emprego e renda. Não estão descartadas uma aceleração da retomada da economia mundial, especialmente por parte dos Estados Unidos, parceiro comercial importante do Brasil, e, no plano interno, a queda mais consistente da inflação nos próximos meses. São fatores de impulso na atividade industrial voltada para a exportação e de aquecimento, ainda que moderado, do consumo interno.
Melhor mesmo seria não dependermos disso. Deveríamos, isso sim, aprender a lição e cobrar dos próximos governantes compromissos com uma gestão moderna e corajosa, que não perca tempo com mágicas e improvisações. Que avance nas reformas há tanto tempo adiadas, a começar pela tributária. Que tire do papel e do discurso a criação de ambiente favorável à produção e aos negócios, além de um arrojado programa de investimentos em infraestrutura e uma urgente revolução na educação. É também para isso que servem as urnas.
Não é o que os termômetros indicam. Pelo contrário. Sexta-feira, o Banco Central divulgou seu indicador (mensal) de atividade econômica (IBC-Br) de abril. Foi positivo, mas a taxa de apenas 0,12% nem permite que se dê a isso o nome crescimento. Na verdade, reflete o agravamento de um estado letárgico que parece indicar a tendência de estagnação.
A comparação do IBC-Br de abril com igual mês do ano passado resulta em dado ainda mais preocupante: queda de 2,29%. Os especialistas alertam para a dificuldade de a economia reagir, tendo em vista que, em abril, o IBC-Br acusou um recuo da indústria de 0,3% ante março, queda que não foi compensada, como em anos anteriores, pelo crescimento do varejo que, em abril deste ano, foi de apenas 0,6%.
Esse desempenho do comércio em abril foi ainda pior pela medição do IBGE, que é o responsável pelo índice oficial de evolução do PIB trimestral. Observando critérios diferentes e abrangência maior em termos de classes de consumo e regiões pesquisadas, o IBGE constatou resultado oposto ao do Banco Central: em vez de crescimento, o comércio teve queda de 0,4% em relação a março.
As restrições à concessão de crédito (em razão de aumento da inadimplência) e a redução dos incentivos fiscais estão pesando contra as vendas de bens duráveis, e a inflação dos preços de alimentos derrubaram as vendas dos supermercados (queda de 1,4%).
Tudo isso somado a dados preliminares de maio tem levado os especialistas a rebaixar suas expectativas quanto à expansão econômica este ano. Para a maioria deles, o PIB não deverá crescer mais do que 1,4% em 2014. Será o quarto ano consecutivo de taxas baixas de crescimento da economia brasileira, que, nesse período, teve seu melhor desempenho em 2011, com 2,7%.
Não é o fim do mundo, mas a continuidade desse ritmo fraco de expansão pode comprometer a manutenção do ainda bom nível de emprego e renda. Não estão descartadas uma aceleração da retomada da economia mundial, especialmente por parte dos Estados Unidos, parceiro comercial importante do Brasil, e, no plano interno, a queda mais consistente da inflação nos próximos meses. São fatores de impulso na atividade industrial voltada para a exportação e de aquecimento, ainda que moderado, do consumo interno.
Melhor mesmo seria não dependermos disso. Deveríamos, isso sim, aprender a lição e cobrar dos próximos governantes compromissos com uma gestão moderna e corajosa, que não perca tempo com mágicas e improvisações. Que avance nas reformas há tanto tempo adiadas, a começar pela tributária. Que tire do papel e do discurso a criação de ambiente favorável à produção e aos negócios, além de um arrojado programa de investimentos em infraestrutura e uma urgente revolução na educação. É também para isso que servem as urnas.
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