O GLOBO - 08/05
Depois de começar o ano com uma forte alta em janeiro, a indústria ficou estagnada em fevereiro e recuou em março. Nada de novo. A produção industrial tem tido comportamento errático, alternando crescimento e retração. A pesquisa foi ampliada e isso alterou alguns números da série, mas não mudou os problemas estruturais do setor. O ano de 2014 deve ser de atividade baixa.
A grande novidade do dado de ontem foi a divulgação dos primeiros números da nova Pesquisa Industrial Mensal, que ficou mais abrangente e com mais informações. A amostra de produtos pesquisados subiu de 830 para 944 e o número de unidades industriais visitadas subiu de 3.700 para 7.800. Além disso, o estado do Mato Grosso passou a fazer parte do índice.
Houve mudança nas taxas de ponderação de cada setor e revisão da série histórica retroativa a 2002. Segundo análise da corretora Concórdia, as revisões entre 2002 e 2012 foram pequenas, de no máximo 0,3 ponto percentual. Mas o resultado do ano passado mudou muito e para melhor: de 1,2% para 2,3%. Isso deve levar a revisões do PIB do ano passado. Pelos cálculos da Concórdia, a taxa de crescimento pode ser revista de 2,3% para 2,5%. No mundo dos indicadores econômicos, a revisão do passado é comum.
Mesmo com as alterações na série, as análises divulgadas pelos economistas mostram que os novos números não revogam o clima frio do setor. “A indústria deve continuar patinando este ano”, disse a consultoria Rosenberg Associados. “Em particular, a série revisada não muda o diagnóstico de baixo crescimento e produtividade da indústria”, escreveu o Itaú Unibanco. “Os primeiros resultados da nova metodologia da PMI não alteram o quadro da indústria brasileira: a produção continua com desempenho fraco e oscilante ”, avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que representa grandes empresas do país.
De fato, o gráfico abaixo mostra isso. A gangorra industrial continua balançando forte. Reparem que no último ano houve crescimento em cinco meses, queda em outros cinco, e estagnação em dois. A revisão da série não alterou esse quadro.
Este ano, a indústria tem crescimento de apenas 0,4%, de janeiro a março, contra igual período do ano passado. A retração do setor de veículos puxa o indicador para baixo, com uma queda de 8,8%. É para evitar que o quadro seja mais um ponto de desânimo do eleitor que o governo ensaia fazer mais um pacote para o setor automobilístico e pressiona os bancos para liberarem mais crédito para os financiamentos. As exportações de veículos caíram 34%. O preocupante é a queda de 1% de janeiro a março nos bens de capital. As muitas incertezas em relação à economia brasileira estão afetando os investimentos.
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