FOLHA DE SP - 18/04
Como no mau exemplo da polícia baiana, proximidade da Copa do Mundo tende a ampliar rol de paralisações que prejudicam o público
Pela segunda vez em dois anos, a Polícia Militar da Bahia paralisou atividades e usou a população do Estado como refém para tentar impor reivindicações corporativas. Em janeiro e fevereiro de 2012, a categoria havia promovido uma greve, por quase duas semanas, que culminou num espetáculo de truculência com a ocupação da Assembleia Legislativa.
Naquela ocasião, os líderes do movimento, para chantagear o governo, usaram como trunfo a proximidade do Carnaval. Agora, tentaram aproveitar a proximidade da Copa do Mundo para cacifar-se com a sensação de insegurança.
Nos dois dias da paralisação, que se encerrou ontem, foram registrados 44 homicídios na região metropolitana de Salvador --mais de cinco vezes o que se verificou no mesmo período da semana anterior. Além disso, houve saques a estabelecimentos comerciais. O transporte público entrou em colapso. Escolas suspenderam aulas.
Mesmo em condições normais, com a polícia em atividade, a situação da Bahia é das mais graves. De acordo com o "Mapa da Violência 2013", o Estado ocupa o quarto lugar em assassinatos por armas de fogo, com uma taxa de 34,4 mortes por 100 mil habitantes, acima da média nacional (20,4).
Não há dúvida de que as condições materiais e técnicas das polícias brasileiras são ruins. Policiais precisam ser bem remunerados, treinados e equipados.
Não se justifica, porém, que responsáveis por serviço público tão essencial deflagrem movimentos paredistas em desafio à Justiça, que, no caso da Bahia, havia julgado ilegal a greve (de resto vedada a militares pela Constituição).
Tanto em 2012 quanto agora, a paralisação da PM baiana teve como um de seus líderes o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros, Marco Prisco, vereador pelo PSDB em Salvador e pré-candidato a deputado estadual. Não há muita dúvida quanto ao caráter oportunista e político do movimento.
Com a aproximação da Copa, a quantidade de greves com esse perfil tende a aumentar. Conforme mostrou reportagem desta Folha, pelo menos 16 categorias profissionais pretendem explorar o calendário do evento para reivindicar aumentos acima da inflação e ampliar vantagens trabalhistas.
Para minimizar os efeitos colaterais dessa planejada onda de paralisações, a Justiça do Trabalho vai implantar, em São Paulo, um sistema extraordinário de plantão nos próximos meses, o que permitirá agilizar julgamentos.
É uma iniciativa elogiável para evitar o excesso de oportunismo sindical, que não hesita em prejudicar o público e ameaçar o principal evento do ano no país.
Pela segunda vez em dois anos, a Polícia Militar da Bahia paralisou atividades e usou a população do Estado como refém para tentar impor reivindicações corporativas. Em janeiro e fevereiro de 2012, a categoria havia promovido uma greve, por quase duas semanas, que culminou num espetáculo de truculência com a ocupação da Assembleia Legislativa.
Naquela ocasião, os líderes do movimento, para chantagear o governo, usaram como trunfo a proximidade do Carnaval. Agora, tentaram aproveitar a proximidade da Copa do Mundo para cacifar-se com a sensação de insegurança.
Nos dois dias da paralisação, que se encerrou ontem, foram registrados 44 homicídios na região metropolitana de Salvador --mais de cinco vezes o que se verificou no mesmo período da semana anterior. Além disso, houve saques a estabelecimentos comerciais. O transporte público entrou em colapso. Escolas suspenderam aulas.
Mesmo em condições normais, com a polícia em atividade, a situação da Bahia é das mais graves. De acordo com o "Mapa da Violência 2013", o Estado ocupa o quarto lugar em assassinatos por armas de fogo, com uma taxa de 34,4 mortes por 100 mil habitantes, acima da média nacional (20,4).
Não há dúvida de que as condições materiais e técnicas das polícias brasileiras são ruins. Policiais precisam ser bem remunerados, treinados e equipados.
Não se justifica, porém, que responsáveis por serviço público tão essencial deflagrem movimentos paredistas em desafio à Justiça, que, no caso da Bahia, havia julgado ilegal a greve (de resto vedada a militares pela Constituição).
Tanto em 2012 quanto agora, a paralisação da PM baiana teve como um de seus líderes o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros, Marco Prisco, vereador pelo PSDB em Salvador e pré-candidato a deputado estadual. Não há muita dúvida quanto ao caráter oportunista e político do movimento.
Com a aproximação da Copa, a quantidade de greves com esse perfil tende a aumentar. Conforme mostrou reportagem desta Folha, pelo menos 16 categorias profissionais pretendem explorar o calendário do evento para reivindicar aumentos acima da inflação e ampliar vantagens trabalhistas.
Para minimizar os efeitos colaterais dessa planejada onda de paralisações, a Justiça do Trabalho vai implantar, em São Paulo, um sistema extraordinário de plantão nos próximos meses, o que permitirá agilizar julgamentos.
É uma iniciativa elogiável para evitar o excesso de oportunismo sindical, que não hesita em prejudicar o público e ameaçar o principal evento do ano no país.
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