FOLHA DE SP - 21/01
BRASÍLIA - A Dilma Rousseff que vai a Davos nesta semana não é a mesma que chegava de dedo em riste na ONU, na Alemanha e na África do Sul dizendo que o Brasil era uma ilha de sucessos num mundo afundando em insucessos. Se era, não parece ser mais.
Crescimento pífio, inflação no teto da meta, balança comercial desbalanceada e adiamento de pagamentos e represamento artificial das tarifas públicas para fechar o superavit... Agora, mais essa: o emprego não parece essa maravilha toda.
Pesquisadas só seis regiões metropolitanas, o desemprego é inferior a 6%, mas, em todo o país, ele vai para 7,4%. Ainda bom, mas não mais suficiente para soltar fogos nem para sustentar o show em Davos.
Até por isso, Dilma está cautelosa ao fechar o discurso e ampliou a base de coleta dos dados que pretende continuar estudando ainda durante o voo antes de detalhar o texto final que lerá. Como já não tem muito a falar sobre o passado, vai falar sobre... o futuro.
"O futuro a Deus pertence", mas é com ele que Dilma vai tentar se livrar de dados incômodos da economia, consolidar a sensação de que vai ser reeleita e reconquistar a confiança perdida entre os grandes investidores internacionais.
Além de focar na Copa, na Olimpíada, nas obras de infraestrutura e no grande mercado brasileiro, Dilma também deverá lançar uma nova bandeira: a da "inclusão empresarial". Enquanto os líderes das potências falarão de grandes números macroeconômicos, ela poderá sacar a importância econômica e social das micro e pequenas empresas no Brasil.
Alexandre Tombini (BC) consultou o ministro da área, Afif Domingos, e ouviu que as pequenas empresas são mais de 95% (8 milhões) do total, têm um peso decisivo e vão ganhar um pacote de bondades este ano: menos burocracia, mais estímulos.
Parece pouco para o Fórum Econômico Mundial? Bem, é melhor do que não ter o que falar.
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