FOLHA DE SP - 06/12
RIO DE JANEIRO - Habituada a meter a mão em cumbucas, a Fifa pode se ver em apuros hoje no sorteio dos grupos do Mundial de 2014, e por sua própria culpa. Seus especialistas inventaram um confuso sistema de potes, cada qual contendo os nomes de determinados países. Esses nomes serão tirados dos potes, transferidos e retransferidos para outros potes e estes, combinados e recombinados em potes outros e vice-versa, até formar os potes definitivos.
Simples? A TV transmitirá, mas temo que o telespectador tenha de fazer um pós em teoria das probabilidades no Massachussets Institute of Technology para entender a mecânica do sorteio. Tudo porque, para espanto delas próprias, a Fifa escalou Suíça, Bélgica e Colômbia como cabeças de chave, criando a possibilidade de clássicos imperdíveis como Austrália x Equador ou Camarões x Irã.
Ao mesmo tempo, empilhou bambambãs e campeões do mundo como Holanda, Rússia, Itália, Inglaterra e França de forma que, dependendo dos potes, eles irão gerar "grupos da morte" em que se comerão uns aos outros e ainda terão de enfrentar o Brasil ou a Argentina na primeira fase. Donde metade deles poderá pegar o boné mais cedo, deixando a Copa para os perebas.
Para evitar a catástrofe, a Fifa conduzirá o sorteio obrigando a, de saída, um país europeu sair do pote 4, fazer uma escala no pote 2 e migrar sem perda de tempo para o pote X, o qual já abrigará os quatro sul-americanos cabeças de chave --Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia. Isso feito, o pote X deixará de existir e os sul-americanos voltarão instantaneamente para o pote 1. Entendeu?
Eu também não. Só sei que, se a Fifa quiser se safar, deveria apelar para um macete das velhas raposas do nosso futebol: a bola gelada. Antes do sorteio, põem-se para gelar as bolas que precisam ser tiradas e, ao enfiar a mão no pote...
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