O GLOBO - 07/06
Trabalhar para o Estado é sonho de muita gente boa. Mas também é a de muitos malandros, em busca de um emprego que garanta uma de três coisas: trabalho mole, carreira garantida (com raras exceções e quase sempre por culpa do funcionário) e aposentadoria razoavelmente confortável.
As exigências variam de estado para estado. Em alguns não são contratados gordinhos, desdentados, baixinhos (abaixo de 1,50 metro) e altos demais, acima de 2 metros. Em alguns estados, decisões judiciais resolvem a questão, muitas vezes em favor dos candidatos. A Justiça também derrubou a necessidade de exame ginecológico, que existia na Bahia.
E não são poucas as queixas. Há três anos, as reclamações de candidatos recusados representavam o maior número de processos que levados ao Ministério Público do Estado do Rio.
Um órgão nacional que recebe queixas de candidatos frustrados informa que chega a receber 50 e-mails por dia.
O caso mais espantoso - e também ridículo - foi um concurso para candidatas a delegadas, escrivãs e investigadoras. Exigiam das moças uma "avaliação ginecológica detalhada".
Com uma exceção significativa e reveladora: estavam isentas aquelas com atestado médico que as declarassem virgens. É exigência de conventos. E nem todos, imagino.
Para os homens, algumas corporações, como a PM do Rio, proíbem tatuagens - o que impediu a aceitação de um candidato que tinha, carinhosamente, tatuado o rosto do pai no pleito. Ele brigou na Justiça e ganhou a causa no Supremo Tribunal Federal. O STF muito provavelmente teria julgamentos mais sérios em sua pauta.
Vale a pena não esquecer que não são muito raros os casos de mau comportamento de PMs.
Mas não há informação sobre quantos dos punidos são tatuados. E com certeza a corporação está perfeitamente habilitada a descobrir e punir, com a severidade necessária, os desvios de conduta de uns poucos maus elementos de sua tropa.
Sem a necessidade de suspeitar, a priori, dos vaidosos tatuados.
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