CORREIO BRAZILIENSE - 21/01
A política, assim como a vida e a arte, é feita de ciclos. E, sendo assim, com os petistas não seria diferente. Desde 2005, quando abalroado pelo escândalo do mensalão, o partido mantém seu tônus muscular à base de anabolizantes e tudo o que foi feito ali para a travessia dos últimos anos do primeiro governo de Lula cobra seu preço agora, neste recém-chegado 2013, com todos os auxiliares cobrando a conta do que consideram a participação deles nessa longevidade petista.
É daquele período o acordo com o PMDB de Michel Temer, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, antes mais afeitos à parceira com o PSDB. Dentro do PMDB, a ponte para esse grupo foi feita com uma ajuda do então deputado Eunício Oliveira, atualmente, prestes a assumir a Liderança do partido no Senado.
É bem verdade que Michel e Geddel obtiveram os louros primeiro. Michel virou vice-presidente de Dilma. Geddel, ministro da Integração Nacional. Só perdeu o cargo porque escolheu ser candidato a governador da Bahia, enfrentando Jaques Wagner, um dos queridos de Lula. Lascou-se na eleição. Hoje, no plano local, está mais próximo do DEM e bem distante do PT baiano. Mas não está longe de Dilma no plano nacional.
Dentro do PMDB, Henrique Alves terá seus louros agora, caso obtenha a presidência da Câmara. Renan Calheiros, outro ajudante daquela temporada de 2005, conquistará a presidência do Senado e Temer continuará na vice de Dilma, caso ela seja candidata à reeleição, como tudo indica.
Ocorre que há uma conta semelhante a ser quitada com outros partidos. Isso porque, ao mesmo tempo em que atraiu o PMDB, Lula incensou Eduardo Campos, do PSB. Fez dele ministro. Eduardo, junto com o PCdoB de Aldo Rebelo, e com o então líder do PMDB, Eunício Oliveira, que à época assumiu o Ministério das Comunicações, formaram um tripé político importantíssimo. Ajudaram a manter o governo Lula vivo no campo político.
Paralelamente, Lula repaginou a então ministra Dilma Rousseff e fez dela sua sucessora entregando-lhe parte de seu capital político. Isso, obviamente, não estava nos planos do PT, que só aceitou Dilma por falta de opções.
Tudo isso agora vem sendo cobrado ao mesmo tempo. O PMDB não quer perder espaço. Eduardo deseja espaço. E o PT, por sua vez, quer alguém, digamos... mais orgânico. Por isso, cobra uma movimentação maior de Lula. E Dilma que durma com todo esse barulho. Ela não tem o engenho político de Lula. Também não é o zero à esquerda que alguns imaginavam, mas não tem como pagar todas as faturas políticas que salvaram Lula e o próprio PT em 2005.
A principal dessas contas. Dilma parece predisposta a manter: o acordo com o PMDB. Daí, o fato de ter desencorajado qualquer candidatura alternativa do PT à presidência da Câmara. Mas quanto ao PSB, a bruxa está solta. O Planalto simplesmente não tem como atender o partido de Eduardo Campos. Daí, a série de movimentos dele em busca de espaço que veremos logo ali na frente. Em princípio é mesmo uma candidatura alternativa ao PT e ao PSDB rumo à Presidência da República.
Enquanto isso, no PT...
O problema maior da presidente é seu próprio partido. Alguns integrantes da legenda têm procurado Lula insistentemente para que ele se movimente mais no sentido de solidificar uma candidatura e não apenas no sentido de tentar confundir o adversário. Daí, essas reuniões surrerais do ex-presidente com o secretariado de Fernando Haddad. E também a que deve manter em breve com os ministros de Dilma.
Uma candidatura de Lula hoje seria tão surreal quanto as reuniões dele com secretários de governo. Isso porque seria um mar de explicações sobre o mensalão e outras denúncias, capítulos que a parte do PT mais ligada à presidente Dilma considera página virada.
Tudo isso agora vem sendo cobrado ao mesmo tempo. O PMDB não quer perder espaço. Eduardo deseja espaço. E o PT, por sua vez, quer alguém, digamos... mais orgânico. Por isso, cobra uma movimentação maior de Lula.
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