BRASÍLIA - Não quero dar uma de estraga prazeres, longe disso, até prefiro estar errado, mas a presidente Dilma corre o risco de ficar frustrada quando abrir um dos presentes que deseja ganhar neste Natal, mas cujo conteúdo conhecerá apenas no fim de 2013.
Ela revelou que um de seus desejos é ganhar "um PIBão grandão" no próximo ano. Não adiantou de quanto seria, mas, pelo que falou recentemente, ficaria na casa dos 4,5%, bem maior do que o "PIBinho" previsto para 2012, de 1%.
Em sua equipe, porém, a avaliação de alguns assessores é que um crescimento de 3,5% no ano que vem já será uma "senhora aceleração" -previsão dos analistas de mercado, com a qual parte do governo Dilma concorda.
A chave das avaliações está na inflação ainda elevada. Mesmo com o país andando quase de lado neste ano, com um PIB pífio de 1%, a inflação oficial ficará em 5,8%. Deveria ter ficado muito menor.
O fato é que, por fatores externos e internos, nossa inflação tem mostrado certa resistência em cair diante de um receituário expansionista no campo fiscal do governo Dilma. Fica difícil garantir um "PIBão" no ano que vem e evitar que a inflação suba mais, em vez de cair.
Principalmente levando em conta que o Banco Central não deseja subir os juros em 2013 e quer mantê-los estáveis por um "período suficientemente prolongado".
Não por outro motivo, as palavras de ordem no governo são "sangue frio" e "paciência". Nada de exagerar na mão nos próximos meses e colocar em risco o controle da inflação, pois o crescimento do próximo ano já estaria contratado.
Não deve ser os 4,5% sonhados pelo governo, mas os 3,5% mais realistas do mercado e de parte da equipe. Se o desemprego seguir baixo, e a renda, alta, ainda assim será um bom crescimento. Além de ser mais prudente para pavimentar o caminho da reeleição, em 2014.
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