CORREIO BRAZILIENSE - 15/08
Nos primeiros meses desta Legislatura, em 2011, oito senadores do PMDB, muitos cristãos novos na Casa, lutaram para enfraquecer a voz de comando de Renan Calheiros dentro da bancada. Não passou uma semana entre março e junho sem que eles fizessem pelo menos uma reunião, interessados em fixar uma nova relação e rodízio nos espaços de poder. Hoje, esse grupo é coisa do passado. E tudo indica que a tendência deles hoje é fechar com o líder Renan para presidir o Senado a partir de 1º de fevereiro de 2013.
Eduardo Braga (AM), Eunício Oliveira (CE), Jarbas Vasconcelos (PE), Luiz Henrique da Silveira (SC), Pedro Simon (RS), Ricardo Ferraço (ES), Roberto Requião (PR) e Vital do Rêgo (PB) davam dor de cabeça ao antigo grupo de comando do PMDB. Ao ponto de ganharem a alcunha de G-8. Hoje, eles se encontram apenas no plenário, em conversas informais. E a maioria segue as orientações do líder.
Renan Calheiros soprou o G-8 como se fosse uma casa de areia. Bastou dar prestígio e visibilidade a senadores que ansiavam por mais espaço para exercer o mandato. Eduardo Braga virou líder do governo. Vital do Rêgo preside a CPI do Cachoeira, que, para o bem ou para o mal, lhe dá visibilidade. Luiz Henrique surgiu como relator do Código Florestal. Eunício comanda a Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Ferraço integra a Comissão de Reforma do Código Penal.
Por falar em Renan…
Dentro do Senado, a sensação é de um PMDB em paz consigo mesmo, apesar do desconforto de alguns como Jarbas Vasconcelos (PE). Ao ponto de a bancada fixar algumas premissas para o futuro. Primeiro, é praticamente consenso que Edison Lobão (MA) é um companheiro, mas não para presidir o Senado. Isso porque é pra lá de bem relacionado com a presidente Dilma Rousseff. E o PMDB quer alguém mais PMDB e menos Dilma — um perfil similar ao do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que já tem até o apoio do PT para comandar a Câmara.
Além disso, Lobão é, hoje, ministro de Minas e Energia, uma área de grandes empresas e negócios. E tem por intermédio de seu primogênito, o senador Lobão Filho (PMDB-MA), voz ativa na Casa. Tirar Lobão do ministério para colocá-lo no Senado não seria nem trocar seis por meia dúzia, seria trocar “12 por meia dúzia”, com desvantagem para o partido.
Essa equação joga a eleição praticamente no colo de Renan Calheiros, se ele quiser mesmo comandar a Casa e não surgir nada de extraordinário que possa comprometer esse projeto. Em conversas informais, o episódio que quase lhe custou o mandato — que veio à tona a partir da descoberta de uma filha fora do casamento — é tratado como coisa do passado pelos senadores. Embora Renan continue discretíssimo sobre seu futuro — houve inclusive especulações sobre uma possível candidatura ao governo de Alagoas —, há quem diga que ele não pensa em outra coisa. Até para ser candidato ao governo estadual, em 2014, seus aliados consideram melhor que Renan presida o Senado. Assim, ainda pode fechar um acordo com o PT, licenciando-se do cargo no período da campanha para deixar que um vice-presidente petista comande a Casa.
Por falar em candidato…
Dilma recebeu ontem os atletas olímpicos com festa no Planalto, onde o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), aproveitou para tirar uma casquinha em favor de sua campanha à reeleição. Paralelamente, foi divulgada a nota do Ideb, em que o Brasil continua devendo índices melhores, especialmente no Norte e no Nordeste. No Sul, as notas caíram. Na economia, estudos mostram que a classe C segue endividada e a Brasil Foods, dona da Sadia e da Perdigão, anuncia aumento de preços em seus produtos por conta da elevação dos custos. Acha pouco, leitor? Pois hoje, mais uma categoria fará paralisação de 24 horas. São os peritos criminais federais, que reivindicam reposição salarial da inflação.
Em meio a tantas agruras, ainda tem o julgamento do mensalão. Realmente, só mesmo os atletas dourados para fazer Dilma sorrir, uma vez que, no entorno do Palácio do Planalto, só tem problemas. Não por acaso, Dilma tem dito que não pretende interferir na eleição municipal ou mesmo no Senado. Embora goste de Lobão, qualquer gesto mais ousado pode gerar mais arestas. E, diante de tantos desafios, Renan Calheiros presidente do Senado ficou uma questão menor na agenda presidencial.
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