FOLHA DE SP - 19/01/12
SÃO PAULO - O PSDB vai usar o namoro entre Gilberto Kassab e o PT de Fernando Haddad para tentar empurrar José Serra de novo à disputa pela Prefeitura de São Paulo. Com o padrinho político na eleição, o atual prefeito não teria como se bandear para a campanha do ad versário.
A exemplo do que ocorreu em 2004, porém, Serra diz não querer concorrer. Acha que participar da eleição em outubro significa desistir da sucessão presidencial de 2014, deixando o caminho livre para Aécio Neves ser o candidato do PSDB.
Em caso de vitória na eleição paulistana, ficaria atado ao cargo e dificilmente surgiriam condições políticas que o autorizariam a abandoná-lo novamente (em 2004, após muita hesitação, disputou e venceu a eleição; dois anos depois, largou a prefeitura para concorrer ao governo).
Uma derrota, então, destruiria completamente seu plano. E Serra é obcecado pela Presidência. Direcionou toda a sua vida para aquela cadeira e parece não conseguir raciocinar sem considerá-la como o topo natural de sua carreira.
Para agravar a situação do tucano, disputar a eleição municipal agora é uma aposta de risco muito maior do que foi em 2004. Serra tem uma enorme rejeição em São Paulo. Segundo o Datafolha, 35% dos paulistanos dizem não votar de jeito nenhum no tucano. Eram 11% oito anos atrás.
E, desde a criação da eleição em dois turnos, somente em 1992 alguém venceu na cidade (Maluf) despertando repulsa em tanta gente.
Se conseguir convencer Serra a enfrentar seus fantasmas e concorrer em outubro, o PSDB, além de amarrar Kassab, passará a ter um candidato capaz de, ao menos, alavancar a chapa de vereadores.
Se não conseguir, correrá o risco de sofrer um vexame no seu principal reduto. E transferirá um problemão para 2014. Serra, que hoje compete com Aécio até para ver quem aparece mais nas publicações do próprio PSDB, continuará a ser um obstáculo pesado para o mineiro.
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