quinta-feira, novembro 10, 2011

ILIMAR FRANCO - Faca no pescoço



Faca no pescoço
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 10/11/11

A presidente Dilma foi dura anteontem quando o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), defendeu que se fizesse um acordo com a oposição, pelo qual a DRU seria prorrogada por dois anos. Argumentou que o tema voltaria à pauta no ano anterior ao da sucessão presidencial, e que o governo teria de pagar uma fatura muito alta. E, para garantir que nenhum acordo fosse feito à sua revelia, despachou, ontem à noite, a ministra Ideli Salvatti para o gabinete do presidente da Câmara.

Só falta combinar com os fatos
A equipe do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) está irritada com a cobertura que a imprensa faz das suas ações. Eles repetem como mantra que “Gilberto não quer para si o papel de superministro” e que “as ambições de Gilberto são do tamanho dele”. Para a assessoria de Gilberto, a imagem de superministro é mau agouro: “Você sabe o que acontece com superministros? Você deve lembrar o que aconteceu com o Delfim e com o Golbery.” Sua assessoria está empenhada em baixar a bola do ministro, que integra a coordenação do governo e tem reuniões diárias com a presidente Dilma, de quem recebe missões e tarefas.

"Marta sabe que o prestígio dela no partido é proporcional a essa responsabilidade” — Ricardo Berzoini, deputado (PT-SP), sobre o apoio de Marta Suplicy à candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo

BATENDO PÉ. Em reunião com as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil), na foto, e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), o líder do PTB, senador Gim Argello (DF), estrilou por ter perdido cargos na Valec, estatal de obras ferroviárias. Elas tentaram explicar que indicações políticas estavam sendo substituídas por nomes técnicos, mas ele não se acalmou. Gim é um dos líderes da oposição ao governador Agnelo Queiroz (PT-DF).

À queima-roupa
Protesto do líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho, para o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), sobre os ataques ao ministro Carlos Lupi: "Vocês não medem quem pode ser aliado e quem não pode.”

As regras do jogo
O ministro Carlos Lupi (Trabalho) está determinado a resistir no cargo. Diante disso, a presidente Dilma está disposta a mantê-lo. Mas desde que não surja acusação direta a Lupi ou a Procuradoria da República não inicie investigação.

Coisas que só acontecem em Brasília
O governador Agnelo Queiroz (PT-DF) perdeu o apoio da opinião pública em função dos escândalos na política local. Segundo o Instituto OP Brasil, que ouviu 900 pessoas de 4 a 7 de novembro, se eleições fossem feitas hoje, 39,4% votariam no ex-governador Joaquim Roriz, cassado pela Lei da Ficha Limpa; e 22,1%, em Agnelo. Já se as opções fossem Agnelo e o ex-governador José Roberto Arruda, 35,6% escolheriam o segundo, que perdeu o cargo por corrupção; e 21,8%, o petista.

O candidato
O governador Geraldo Alckmin (SP) avisou à cúpula do PSDB que não apoia o candidato de Kassab (PSD) à prefeitura de São Paulo e que seu candidato é José Serra. Ganhando ou perdendo, Serra está fora da sucessão presidencial.

Volta ao passado
Depois de perder três eleições presidenciais escondendo o ex-presidente Fernando Henrique, é comovente o esforço do PSDB para resgatar a imagem de seu governo. A coragem tucana é posterior à carta da presidente Dilma para FH.

AMNÉSIA COLETIVA. Deputados da base aliada repetem indignados, nestes dias, que a oposição era a favor da DRU no governo Fernando Henrique. Pareciam esquecer que eles próprios eram contra.

CADÊ? Um dos mais insatisfeitos com o ritmo de liberação de emendas parlamentares, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), não estava presente na votação da DRU porque está em viagem aos EUA.

IRONIA de um ministro do governo Dilma diante da sucessão de quedas de ministros: “Do jeito que vai, não será necessário (fazer uma reforma ministerial).”

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