Esperando em vão
PAULO GUEDES
O GLOBO - 31/10/11
Um sinal de maturidade de um povo e de suas lideranças é o fato de atribuírem a si mesmos a construção de seus destinos. Pode ser que haja sorte ou pode mesmo haver dose de azar. Pode levar mais tempo e ser necessário maior esforço. Mas um povo maduro acredita trilhar o caminho de sua própria escolha.
Isso também vale para o desempenho futuro da economia brasileira. Cansamos de ouvir, no passado, histórias para boi dormir. A inflação brasileira já foi culpa de São Pedro, dos sheiks árabes, dos banqueiros internacionais, dos especuladores e até mesmo do chuchu. Curiosamente, desapareceram todos esses fantasmas quando ao Banco Central do Brasil atribuiu-se a tarefa de manter a taxa de inflação em um sistema de metas preestabelecidas.
É claro que a tarefa do BC seria facilitada por uma melhor coordenação entre a política monetária e a política fiscal, com o Ministério da Fazenda exercendo maior controle sobre os gastos públicos. O Banco Central poderia trabalhar com juros mais baixos, ainda buscando atingir as mesmas metas inflacionárias. E é claro também que uma conjuntura internacional de desaquecimento econômico, esfriando temporariamente a demanda global e os preços das commodities, pode reduzir as taxas de inflação a curto prazo, facilitando também o trabalho do BC.
Mas seria temerário e um sintoma de imaturidade atribuir a trajetória futura da inflação brasileira às circunstâncias da conjuntura econômica internacional. Mais do que a política de reflação de demanda por crédito farto e dinheiro barato nas economias anglo-saxãs, e mais do que a dinâmica deflacionária do euro, atuante na Europa continental, a inflação brasileira em 2013-2014 depende essencialmente do que estamos fazendo em 2011 e do que faremos em 2012, ano eleitoral com substanciais pressões inflacionárias já contratadas.
Essa espera de uma ajuda externa à desinflação brasileira será frustrante. Pois a recente desaceleração econômica mundial veio acompanhada de uma inflação ascendente, refletindo pressões de custos de insumos, o cost-push que trouxe mais inflação e menos crescimento, como alertei seguidamente. E mais, em uma economia de dimensão continental como a brasileira, o processo inflacionário depende fundamentalmente dos mercados de bens e serviços domésticos, e não da inflação "importada", cujos efeitos serão sempre transitórios. Esperamos em vão.
Isso também vale para o desempenho futuro da economia brasileira. Cansamos de ouvir, no passado, histórias para boi dormir. A inflação brasileira já foi culpa de São Pedro, dos sheiks árabes, dos banqueiros internacionais, dos especuladores e até mesmo do chuchu. Curiosamente, desapareceram todos esses fantasmas quando ao Banco Central do Brasil atribuiu-se a tarefa de manter a taxa de inflação em um sistema de metas preestabelecidas.
É claro que a tarefa do BC seria facilitada por uma melhor coordenação entre a política monetária e a política fiscal, com o Ministério da Fazenda exercendo maior controle sobre os gastos públicos. O Banco Central poderia trabalhar com juros mais baixos, ainda buscando atingir as mesmas metas inflacionárias. E é claro também que uma conjuntura internacional de desaquecimento econômico, esfriando temporariamente a demanda global e os preços das commodities, pode reduzir as taxas de inflação a curto prazo, facilitando também o trabalho do BC.
Mas seria temerário e um sintoma de imaturidade atribuir a trajetória futura da inflação brasileira às circunstâncias da conjuntura econômica internacional. Mais do que a política de reflação de demanda por crédito farto e dinheiro barato nas economias anglo-saxãs, e mais do que a dinâmica deflacionária do euro, atuante na Europa continental, a inflação brasileira em 2013-2014 depende essencialmente do que estamos fazendo em 2011 e do que faremos em 2012, ano eleitoral com substanciais pressões inflacionárias já contratadas.
Essa espera de uma ajuda externa à desinflação brasileira será frustrante. Pois a recente desaceleração econômica mundial veio acompanhada de uma inflação ascendente, refletindo pressões de custos de insumos, o cost-push que trouxe mais inflação e menos crescimento, como alertei seguidamente. E mais, em uma economia de dimensão continental como a brasileira, o processo inflacionário depende fundamentalmente dos mercados de bens e serviços domésticos, e não da inflação "importada", cujos efeitos serão sempre transitórios. Esperamos em vão.
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