quinta-feira, julho 07, 2011

ILIMAR FRANCO - O risco do impasse

O risco do impasse 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 07/07/11

A presidente Dilma mandou um recado aos governadores sobre os royalties do petróleo. Quando estimulou que eles se entendessem, não esperava que o fizessem contra a União. Aos estados produtores mandou três recados: 1. a União já abriu mão de parte de seus direitos (de 30% no regime de concessão para 22% no de partilha); 2. o Congresso vai derrubar o veto; e 3. o confronto no STF será longo e não há garantia de que seja mantido, durante o contencioso, o atual fluxo financeiro.

Muito além do PR

A demissão do ministro Alfredo Nascimento (Transportes), nas circunstâncias em que ocorreu, não deixa mal apenas o PR. A presidente Dilma também fica exposta no episódio na medida em que os escandalosos aditivos foram aprovados num governo no qual ela era a principal gestora. Nos próximos dias, o governo Dilma também terá de administrar o mal-estar em sua base política. Entre os aliados há uma crença generalizada: a queda de Nascimento foi uma operação política que contou com a ativa participação do Palácio do Planalto. Dizem que o governo jogou um aliado às feras para tirar da agenda o caso dos aloprados. 

"Almocei com o Felipe González. Falamos bem do passado e mal do presente. Este é o esporte que os expresidentes mais gostam de praticar” — José Sarney, presidente do Senado (PMDB-AP), para o presidente do Congresso espanhol, José Bono Martínez

O CARA. A presidente Dilma Rousseff, na formação de seu primeiro Ministério, chegou a pensar no nome do senador Blairo Maggi (MT), na foto, para a vaga do PR na Esplanada. Desistiu porque Maggi não quis entrar numa disputa interna com o presidente de seu partido, o senador Alfredo Nascimento (AM), demitido ontem. Nas reuniões, ontem, com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), não ficou claro se ele tem unanimidade nas bancadas da Câmara e do Senado.

Festa verde 
O ex-ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) está comemorando a demissão de Alfredo Nascimento (Transportes). Com sua queda, Minc acredita que dança também a construção da rodovia 319, ligando Manaus a Porto Velho.

Votação do veto
O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDBAP), deu um prazo para que os estados se entendam sobre os royalties do petróleo. Ele só pretende submeter à votação o veto à lei da partilha do petróleo no dia 15 de setembro.

O Senado entra em cena
Como os governadores ainda não conseguiram produzir um acordo sobre os royalties do petróleo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), vai tentar construir uma alternativa. O senador Vital do Rego (PMDB-PB) foi escalado para relatar o projeto na Comissão de Infraestrutura. O senador Wellington Dias (PT-PI) conta que eles pretendem preservar os direitos do Rio apenas nos poços que estão sendo explorados. O governador Sérgio Cabral quer manter a parcela destinada ao Rio em todos os poços já licitados.

Informal
O PSD escolheu Guilherme Campos (SP) para ser seu primeiro líder na Câmara. Sua missão, quando o partido estiver legalizado: coordenar a sua estruturação física na Casa, no espaço já garantido pelo presidente Marco Maia (PT-RS). 

A caçada continua
No retorno do ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) ao Senado, ele pode ter de responder a um processo no Conselho de Ética. O presidente do PPS, Roberto Freire, diz: “Se foi exonerado por corrupção, não pode ser senador”.

 PETISTAS irritados. O presidente da Comissão de Constituição eJustiça do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), vai votar na próxima terça-feira a convocação do aloprado Expedito Veloso.
 O PMDB e o PT vão construir uma proposta comum de reforma política que prevê um sistema misto, no qual metade dos deputados de cada estado seria eleito pelo “distritão” e metade pelo voto em lista.
● O DEPUTADO Sandro Mabel (PR-GO) sobre o exministro Alfredo Nascimento: “Quem conhece ele, sabe que é um cara rígido”. Que coisa!

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