domingo, junho 05, 2011

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Cordão de isolamento
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/06/11

Sem grande expectativa de reverter seu destino provável, Antonio Palocci tomou, nas entrevistas à Folha e ao "Jornal Nacional", providência típica de crises políticas como a gerada pela revelação de seu rápido enriquecimento: em contraste com relatos vazados do Planalto no início do caso, o ministro frisou que Dilma Rousseff jamais soube "os nomes dos clientes" de sua consultoria e tampouco "os serviços prestados a cada um deles". Disse ainda, mais de uma vez, que a crise não é "do governo", mas circunscrita a ele próprio.
Segundo os mais próximos, foi um esforço para encerrar o assunto com sua eventual saída do governo.

Brigadas 
Depois da estridente passagem por Brasília, Lula pediu a alguns governadores de sua confiança que baixassem na capital para ajudar a tranquilizar suas respectivas bancadas.

Como fica 
A hipótese de a Casa Civil virar um ministério de perfil técnico é vista com reserva pelo PMDB, sobretudo devido aos nomes cotados, alheios à sigla.

Musculatura
Para desanuviar o clima, Dilma passou parte da viagem de Brasília ao Rio, na sexta, discorrendo sobre a participação do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) no "Ironman", que envolve 3,8 km de natação,180 km de ciclismo e 42 km de corrida. A ministra Ideli Salvatti (Pesca), cujo marido também participou da prova, sabia de cada detalhe.

Peneira 1 
Em meio à crescente insatisfação dos aliados, o governo discute inserir na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012 regras que flexibilizam a liberação das verbas de emendas parlamentares. A ideia é simplificar a forma de acompanhamento das obras pela Caixa, sobretudo as de valores inferiores a R$ 500 mil.

Peneira 2 
"Eu acho a simplificação altamente necessária e urgente", endossa o relator da LDO, Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG).

Bafômetro 
Delator do escândalo de corrupção em Campinas, o ex-presidente da empresa de saneamento Luiz Augusto Castrillon de Aquino disse em depoimento que os lobistas o embebedavam para que ocorressem os acertos irregulares. Fitas apreendidas na casa de um deles trazem a seguinte fala: "Leva um "uiscão" pra ele e uma "aguinha" de coco, põe na geladeira e fica tomando com ele ali. Tá me entendendo? Esse safado gosta disso".

Ramificações 
Em outro diálogo, os lobistas indicam que o esquema também poderia ser replicado em uma cidade próxima, Jaguariúna.

Suor 
Depois que Gabriel Chalita assegurou o comando do diretório municipal do PMDB na capital paulista, Paulo Skaf, outro neofiliado, manifestou a aliados interesse no comando estadual da sigla, hoje nas mãos de Baleia Rossi. Apesar de Michel Temer ter garantido que o candidato a prefeito da capital em 2012 será Chalita, Skaf está de olho no posto.

Azuis 

Na disputa entre PSDB e PT para ver quem ficará com Márcio Lacerda (PSB) em 2012, empurrando o outro para fora da "tríplice aliança" em Belo Horizonte, os tucanos acreditam levar uma vantagem. Como não têm nome para lançar ao governo de Minas, podem acenar ao prefeito, que buscará a reeleição, com a perspectiva de apoio em 2014, na sucessão de Antonio Anastasia.

Vermelhos 

Já o PT tem contratada a candidatura ao governo do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), ainda que com a oposição interna do grupo de Patrus Ananias.

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

tiroteio


"Palocci é o único consultor que aumenta o faturamento mesmo tendo interrompido o contrato. Os demais mortais pagam multa."
DO SENADOR DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO), sobre a explicação de Palocci para justificar o recebimento de R$ 10 milhões no fim de 2010. Ele atribui o valor ao cancelamento de contratos para assumir o comando da Casa Civil.

contraponto

Melhor dizendo

No livro "Saga Brasileira", em que narra a trajetória do país da hiperinflação até a estabilidade da moeda, Miriam Leitão relembra sua primeira entrevista com Ciro Gomes, quando este assumiu o Ministério da Fazenda na reta final do governo Itamar Franco (1992-1994). Já famoso pela ausência de papas na língua, Ciro disse de cara que iria "matar os especuladores". Depois, hesitou por um instante, e a jornalista pensou:
-Ele sabe que exagerou e vai tentar atenuar...
O desfecho do ministro, porém, foi ainda mais duro e acompanhado de gestos com as mãos cortando o ar:
-Vou matar e esquartejar!

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