A lista de Dilma
NELSON MOTTA
O Globo - 20/05/2011
Uma lista de 120 nomes de companheiros de partido desempregados - porque perderam as eleições ou não sabem fazer nada - para ocupar cargos bem pagos no governo e em estatais não é só uma afronta a 120 profissionais de alto nível, concursados que estudaram, trabalharam, dedicaram sua vida à carreira e se tornaram os melhores em suas áreas. É um prejuízo incalculável ao país.
Os que sabem mais, os mais competentes, que conhecem mais as estruturas e os problemas da área, serão atropelados pela ignorância e a voracidade dos dirigentes partidários e preteridos, na melhor hipótese, por incompetentes, e, na pior, pelos corruptos de sempre, que apodrecem a máquina estatal por dentro.
Como o partido vai falar em democracia, justiça social, direitos humanos, ética, cidadania, igualdade de oportunidades, sem provocar risos e constrangimentos? Encurralados pela evidência dos danos morais e materiais que essa política faz à nação e às instituições, sem argumentos além das "causas" do partido, eles repetem Lula justificando o mensalão: todo mundo faz.
Dizem que Dilma flambou a lista com as labaredas que saíam de sua boca, com adjetivos que não ficavam nada a dever aos piores de Lula. Companheiros, tremei.
É bom demais para ser verdade, ou para durar, mas o suficiente para alegrar os corações democráticos. O provável é que, pressionada, ameaçada e acuada pelo partido, ela acabe cedendo, ao menos em parte, pela governabilidade. Mas já terá sido um avanço para a ética e a eficiência. Dá-lhe, Dilmão!
O aparelhamento partidário do Estado na era Lula provocou novos comportamentos oportunistas entre funcionários de carreira, que se filiaram aos partidos na expectativa de se beneficiarem de cargos e promoções. Assim, quando eles são indicados aos melhores salários e atropelam colegas mais competentes, podem ser apresentados publicamente como funcionários de carreira. Uma mão suja a outra e todos ficam contentes. Só o país perde.
Instituir a meritocracia em todos os níveis da administração pública é muito mais barato e viável, mas muito mais difícil do que acabar com a miséria no Brasil.
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