PT e anti-PT em São Paulo
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 30/04/11
SÃO PAULO - Conquistar a prefeitura paulistana no ano que vem talvez seja o principal objetivo estratégico do PT. A eleição do deputado estadual Rui Falcão para a presidência do partido reforça isso.Reforça também a tendência de que o candidato petista seja um nome já conhecido e testado em outras eleições. Pela ordem: Aloizio Mercadante ou Marta Suplicy. A rejeição à ex-prefeita e o "sacrifício" do ministro da Ciência e Tecnologia -que aceitou concorrer contra Alckmin depois que a operação Ciro Gomes naufragou- o colocam em vantagem na disputa interna.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, nome preferido por Lula, é visto quase como um estrangeiro pelo PT de São Paulo -alheio às preocupações e à rotina do partido. Ninguém que tem Lula como padrinho é carta fora do baralho, mas, no que depender da máquina petista, Haddad não vai emplacar.
São Paulo (a cidade e, mais ainda, o Estado) é o calcanhar de Aquiles dos petistas. Luiza Erundina venceu em 1988, quando a eleição se decidia num único turno. E, Marta, 12 anos depois, derrotou Maluf no pleito de 2000, quando a classe média, que hoje lhe é refratária, reagiu à ruína administrativa e moral da gestão Celso Pitta.
Na ocasião, o PT se beneficiou do declínio do malufismo em São Paulo, mas não teve força para conter o avanço do tucanato nas classes médias. Marta perdeu para Serra em 2004 e para Kassab em 2008.
O prefeito está bastante desgastado, mas ninguém com juízo acha que vá terminar sua gestão escorraçado, como Pitta. Os tucanos também vivem uma grande crise e começam a sentir os efeitos da chamada "fadiga de material", mas seria uma ingenuidade acreditar que terão o destino do malufismo.
Ainda assim, a guerra entre Alckmin e Kassab e a fragilização de Serra no PSDB dão ao PT uma perspectiva maior de poder na cidade. Falta apenas combinar com as classes médias paulistanas, que cultivam com muito gosto o antipetismo.
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