Quente ou frio?
VALDO CRUZ
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/03/11
BRASÍLIA - Foi só o Banco Central subir os juros pela segunda vez neste ano e já tinha gente, dentro do governo, apostando que o debate em abril será como manter o país crescendo acima de 4%.Há quem diga que as medidas adotadas pela equipe econômica podem ter provocado um tranco além da conta na economia.
O mês de abril é citado porque terá passado o primeiro trimestre do ano e será possível avaliar com maior segurança como está o ritmo da economia em 2011.
Guido Mantega mantém seu discurso de que a economia deve crescer 5% neste ano. Faz parte de seu estilo. Ele costuma dizer que tem de ser otimista.
O Banco Central é mais conservador e fala em 4,5% de crescimento no primeiro ano de governo Dilma. Avalia que esse percentual é mais compatível com a busca de uma inflação mais baixa.
Essas são estimativas oficiais. Reservadamente, há previsões mais pessimistas dos dois lados. Por enquanto, Dilma prefere falar em crescimento saudável da economia entre 4,5% e 5%.
A presidente, porém, já disse à sua equipe que gostaria de evitar uma taxa abaixo de 4%. É por isso que tem gente, na sua equipe, acreditando que a pisada no freio pode ter sido exagerada e o país estaria caminhando para um ritmo econômico indesejável.
Ou seja, em breve as divergências dentro do governo, hoje manifestadas de forma sutil, podem ficar mais claras e evidentes, tornando mais acalorado o debate sobre a temperatura econômica do país. Como no período lulista.
Do lado de Dilma, resumindo, ela não quer exagerar na contração da economia. Já viu esse filme antes e não deseja repeti-lo. Definiu, porém, como meta principal não perder o controle sobre a inflação no primeiro ano de governo.
Em último caso, garantem assessores, ela será mais conservadora, seguindo o exemplo de Lula, para desgosto de muitos petistas.
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