Questão de fé
SÉRGIO VALE
O Estado de S. Paulo - 30/03/2011
O atual governo tem sido prolífico em crenças sobre a desaceleração da economia e, consequentemente, da inflação. Talvez pela força da gravidade, o governo tem muita fé num ritmo de atividade mais fraco e até o banco central adotou o fervor religioso em relação ao IPCA. Está na mão de Deus praticamente acreditar que a inflação convirja para a meta já em 2012.
Há nessa discussão toda uma inequívoca questão de timing. Até agora o governo foi tímido nas medidas para desacelerar a economia. Ou seja, não haveria por que acreditar que deveríamos ver uma economia perdendo fôlego já neste início de ano. O PIB do primeiro trimestre deve fechar com alta de 1,2% em relação ao quarto trimestre, maior ainda do que foi no fim do ano passado.
O mercado de trabalho não dá sinais de desaceleração. É verdade que o rendimento médio real tem desacelerado na margem, mas isso é fruto da inflação crescente, situação semelhante ao que ocorreu no início de 2008. A mesma história se repete agora, mas o ponto relevante é que os salários nominais continuam a subir sem trégua.
Havia a fé também que as medidas macroprudenciais de dezembro surtiriam alguma desaceleração na economia, especialmente em automóveis, algo que não aconteceu.
Mas isso não quer dizer que não vai desacelerar. O ponto é que, como o diagnóstico do governo é errado ao colocar a culpa da inflação quase exclusivamente em commodities e negligenciar os fatores de demanda, também existe erro nos instrumentos utilizados para desacelerar a economia.
Disso vêm políticas monetária e fiscal muito acanhadas que devem levar a economia a crescer 4,5% este ano. O que não parece ser mais fé, e sim realidade, é a inflação cronicamente a 6% para a qual estamos caminhando.
Há nessa discussão toda uma inequívoca questão de timing. Até agora o governo foi tímido nas medidas para desacelerar a economia. Ou seja, não haveria por que acreditar que deveríamos ver uma economia perdendo fôlego já neste início de ano. O PIB do primeiro trimestre deve fechar com alta de 1,2% em relação ao quarto trimestre, maior ainda do que foi no fim do ano passado.
O mercado de trabalho não dá sinais de desaceleração. É verdade que o rendimento médio real tem desacelerado na margem, mas isso é fruto da inflação crescente, situação semelhante ao que ocorreu no início de 2008. A mesma história se repete agora, mas o ponto relevante é que os salários nominais continuam a subir sem trégua.
Havia a fé também que as medidas macroprudenciais de dezembro surtiriam alguma desaceleração na economia, especialmente em automóveis, algo que não aconteceu.
Mas isso não quer dizer que não vai desacelerar. O ponto é que, como o diagnóstico do governo é errado ao colocar a culpa da inflação quase exclusivamente em commodities e negligenciar os fatores de demanda, também existe erro nos instrumentos utilizados para desacelerar a economia.
Disso vêm políticas monetária e fiscal muito acanhadas que devem levar a economia a crescer 4,5% este ano. O que não parece ser mais fé, e sim realidade, é a inflação cronicamente a 6% para a qual estamos caminhando.
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