Limite dos juros |
GEORGE VIDOR
O GLOBO - 24/01/11
O Banco Central anunciou, ao fim da reunião do Copom, o início de um ciclo de aperto monetário, o que equivale a um aviso à praça: preparem-se para novas rodadas de alta de juros. A elevação dos juros esfria a economia, mas pode atingir, sem distinção, consumo e investimento. A experiência mostra que, quando os juros básicos passam de 12%, os investimentos também se retraem.
Em março, se o Copom repetir a dose, a Taxa Selic chegará a 11,75% ao ano. Os juros ainda ficarão um pouco abaixo desse patamar em que potenciais investidores encurtam seus horizontes e preferem engavetar projetos de médio prazo, inclusive na infraestrutura.
As chuvas de janeiro impediram que os preços de alimentos recuassem neste começo de 2011, de modo que é possível que os índices de inflação não sejam dos mais animadores no primeiro trimestre.
Em termos de política monetária, é mais ou menos aquela situação do "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".
O Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, identifica na autoprodução uma das saídas para redução do custo de energia de segmentos chamados de eletrointensivos - siderurgia, metalurgia, fabricantes de alumínio, entre outros, que são grandes consumidores. O autoprodutor é dispensado do pagamento de alguns encargos que hoje oneram consideravelmente a energia elétrica, como, por exemplo, a Conta de Consumo de Combustível (CCC), espécie de subsídio que todos pagam no preço do óleo diesel fornecido às termelétricas da Amazônia, que funcionam isoladas (não estão interligadas ao sistema nacional).
De 2003 a 2006, os preços da energia elétrica no mercado livre estiveram camaradas para os eletrointensivos, mas, desde então, ficaram salgados. No ano passado, a produção brasileira de alumínio primário não cresceu (algumas fábricas até fecharam), embora a demanda estivesse fortíssima.
No leilão da futura usina hidrelétrica de Belo Monte o governo estipulou uma fatia de 10% de energia para os autoprodutores, que teriam de entrar no empreendimento como investidores. Mas não se chegou a um acordo favorável sobre as tarifas a serem cobradas e os grandes consumidores acabaram ficando de fora do consórcio vencedor do leilão (agora se negocia uma recomposição entre os sócios).
O Gesel sugere que, nos próximos leilões, as autoridades fiquem mais atentas a essa questão e estabeleçam parâmetros para a fixação de tarifas de energia aos grandes consumidores que quiserem participar como autoprodutores nos consórcios que se habilitarem.
Autoridades bolivianas da área de energia visitaram recentemente as obras da hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho (Rondônia), e se entusiasmaram com o que viram. As chances de Brasil e Bolívia construírem uma grande usina binacional no Rio Madeira, no trecho que divide os dois países, se multiplicaram. Há outra hidrelétrica que poderia ser construída em condições semelhantes, embora venha a se situar totalmente em território boliviano.
Várias razões justificariam esses investimentos. Para a Bolívia, trata-se de uma opção para substituir as receitas de exportação de gás natural, que hoje respondem por 55% do total vendido pelo país ao exterior. Em 2019 termina o acordo de compra de gás pelo Brasil e, até lá, talvez a Bolívia não tenha tantas reservas disponíveis, e nem interesse mais a empresas brasileiras adquirir a mesma quantidade (cerca de 30 milhões de metros cúbicos por dia).
A Bolívia é a nação mais pobre da América do Sul, e a falta de perspectiva tem levado muitos bolivianos a migrarem ilegalmente para São Paulo, por exemplo, onde se sujeitam a condições de trabalho degradantes.
O Brasil compraria de bom grado energia elétrica excedente da Bolívia. Uma nova usina no Madeira, a montante, regularizaria mais a vazão do rio, aumentando a energia que será gerada pelas futuras hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. Com a construção dessas duas usinas, Rondônia está formando uma mão de obra gabaritada em barragens. Além disso, fabricantes de equipamentos se instalaram em Porto Velho e estarão aptos a fornecer materiais para outras hidrelétricas na região.
O hotel São Moritz foi inaugurado em 1944 por um casal de suíços, em um local conhecido como Vieira, na estrada que liga Teresópolis e Nova Friburgo. Na década de 50, foi vendido a uma família brasileira e, desde então, tem atraído casais em lua de mel ou famílias em férias. Na noite da tromba d"água que quase devastou a região havia no hotel 75 hóspedes. Apenas instalações de serviço (lavanderia) ou de entretenimento (alojamentos de animais) foram avariados. Mas o hotel ficou sem energia elétrica e muitos empregados não chegaram para trabalhar. A ponte de concreto do acesso principal também havia sido arrastada, sobrando a original, de madeira, construída pelos suíços. Quem estava no hotel, ainda sem informações concretas sobre o que acontecera, se mobilizou em mutirão para improvisar refeições e reabastecer os quartos, até que a Defesa Civil restabeleceu o acesso. Outros hotéis da região, como o Rosa dos Ventos (que faz parte dos Roteiros de Charme) e o Le Canton nada sofreram, e vários hóspedes até resolveram permanecer.
Enquanto isso em Itaipava (Petrópolis), pelo proximidade com o Vale do Cuiabá - cerca de 10 quilômetros - a clientela despareceu no fim de semana seguinte ao do temporal. O movimento chegou a cair 70% nos restaurantes. A expectativa era que no último fim de semana já houvesse alguma recuperação.
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