Duelo
Eliane Cantanhêde
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/10/10
BRASÍLIA - A boa notícia para Dilma Rousseff no Datafolha de hoje é que ela continua favorita e, se a eleição fosse neste domingo, estaria eleita presidente.
A boa notícia para José Serra é que a diferença de sete pontos (ou de oito, considerados os votos válidos) comporta a possibilidade de reviravolta, sobretudo porque Dilma mantém a tendência de queda da reta final do primeiro turno. Continua perdendo votos lentamente na sequência do Datafolha, caindo de 57% em meados de setembro para 48%, enquanto Serra escalou de 35% para 41% no mesmo período. A distância se estreita.
Um dado relevante é que a pesquisa não capta integralmente os efeitos da propaganda eleitoral na TV. Outro dado é o corte do resultado. Dilma continua vencendo pela esmagadora maioria no Nordeste e pela vantagem no interior. Serra está na frente nas demais regiões dentro da margem de erro e ganha no Sul e na maioria das capitais.
Significa que Dilma tem de focar o voto mais culto e mais urbano, e Serra, o voto regional e dos menos escolarizados, onde o governo tem mais estrutura, mais aliados, mais cabos eleitorais.
Na disputa frenética pelos votos do PV e de Marina, Serra leva vantagem, mas não suficiente para vencer. Ele precisa avançar sobre o eleitor de baixa renda e catalisar as perdas da adversária. No primeiro turno, elas iam para Marina. No segundo, migram para os indecisos.
O segundo turno tem características de duelo. As armas de Dilma para segurar seus votos e as de Serra para atrair ex-dilmistas, verdes e indecisos estão no rádio e na TV, com a propaganda gratuita e os debates, que começam hoje na Rede Bandeirantes.
Serra chega a essa fase exibindo súbito otimismo, e Dilma, desconforto e abatimento. Essa é uma grande mudança de 2010 para 2006: o humor dos candidatos se inverteu no segundo turno. Costuma refletir no resultado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário