domingo, agosto 01, 2010

ANCELMO GÓIS

Baka na Copa
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 01/08/10
 
Quem terá papel importante na Copa de 14 é Baka, apelido de Ricardo Trade, ex-goleiro da seleção de handebol.
Baka, que cuidou do transportes, da hospedagem e da alimentação no Pan no Rio, é diretor de Operações do Comitê de 14.

Passeata do humor 
A turma do humor, amordaçada pela lei eleitoral que a impede de falar dos candidatos, vai fazer uma passeata de protesto, dia 22, na Praia de Copacabana.
É liderada pela trupe da “Comédia em pé”, que está convocando os colegas de programas como “Casseta & Planeta”, “CQC”, “Zorra total” etc.

Ajuda para Dilma 
Outro dia, Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete de Lula, despediu-se do presidente com um desabafo: “Pelo menos só faltam cinco meses (de governo).
Daí vamos para casa.” — Cinco meses para mim.
Você vai ficar aqui, ajudando a Dilma — avisou Lula, meio à brinca, meio sério.

Poxa, doutor 
A 17ª Câmara Cível do Rio negou o pleito de um médico que exigia da TAM pagamento por ter socorrido um passageiro num voo Rio-Nova York.
A desembargadora Márcia Alvarenga ainda o condenou a pagar os advogados da voadora Vai morrer em R$ 1.000.

Poder jovem 
Daniel Cohn-Bendit, 65 anos, vem ao Brasil dia 24, numa visita de apoio aos candidatos Marina Silva e Fernando Gabeira.
Ele não é muito conhecido em Morro Agudo, convenhamos.
Mas foi personagem importante ao liderar os jovens rebeldes em maio de 1968, em Paris.

Pagode em MIlão 
Ronaldinho Gaúcho, que parece gostar mais de pagode que de futebol, organiza um show de Andrezinho, filho do lendário Mestre André, em Milão.

Gordinho sinistro 
Claudio Cezar Henriques, professor da faculdade de letras da Uerj, no Rio, concluiu uma curiosa pesquisa, transformada em livro, ainda sem editora. Tratase de um dicionário de apelidos de escritores brasileiros.
Drummond, por exemplo, era chamado de... Urso Polar. Mário de Andrade, de... Boneca de Piche.
Augusto Frederico Schmidt era o... Gordinho Sinistro.

Segue...
Há apelidos também de escritores vivos, como o do acadêmico Lêdo Ivo: Chulé de Apolo.
Foi dado, diz o professor, por Mário de Andrade numa discussão em que Ivo chamou o autor de “Macunaíma” de... Calcanhar de Aquiles do Modernismo. Aí os dois apelidos pegaram.

Por fim...
Há apelidos consagrados, como Bruxo (Machado de Assis) ou Anjo Pornográfico (Nelson Rodrigues).
Mas a maioria surpreende, como o do nosso querido poeta Ferreira Gullar: Periquito.

ZONA FRANCA

O presidente da Sociedade Brasileira de Metrologia, João Lerch, participa da abertura do VIII Seminário Rio Metrologia, terça, no INT, no Centro.
Nuno Neto, o cantor que brilha na Lapa, finalizou seu primeiro CD, produzido e dirigido por João Pimentel.
Foi remarcado para terça o ato público do XIII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, que vai até dia 5, em Brasília.
A Casa do Saber abre amanhã seu segundo semestre letivo com 78 cursos e grandes nomes.
Hoje tem roda de samba no Bip Bip, o boteco do boa-praça Alfredinho Melo, em Copacabana.

A flor de Ziraldo 
Ziraldo, o coleguinha, escritor e artista do traço, iniciou uma campanha para convencer a prefeitura do Rio a reflorestar o Morro dos Cabritos e todos os outros não ocupados da cidade com buganvílias (foto): — Em menos de três anos, estarão todos multicoloridos por uma bela e esplendorosa planta originária do Brasil.

Segue...
Mestre Ziraldo lembra que a buganvília, classificada no Brasil pelo botânico francês Louis Antoine de Bouganville entre 1766 e 1769, espalhou-se pelo mundo: — Foi nossa primeira grande exportação!

Brasileiro Rafael 
Nem tudo está perdido. A jovem Maria, filha de Maitê Proença, esqueceu num táxi no Centro do Rio seu laptop com todo o material de dois anos de faculdade de direito, na PUC. Ficou bem triste, a mãe, sem esperança, tentou consolá-la, mas...
Acredite. O taxista ligou o laptop atrás de pistas para encontrála, conseguiu o número de seu celular e, viva!, devolveu.

No que...
Ao chegar à casa de Maitê, no dia seguinte, a atriz lhe deu um vale-compras de uma loja, mas Rafael, o taxista, não quis. Maitê insistiu: “Ah, compra uma camisa bonita e sai contando que Maria e Maitê Proença te deram.” — Rafael foi embora todo contente. E nós mais ainda.

A redenção de Freyre

Com uma conferência de FH, a Flip 2010 começa quarta, dia 4, por uma homenagem a Gilberto Freyre, autor de “Casa grande e senzala”, o mais importante e convincente estudo de exaltação ao Brasil de todas as raças.

Antes desse clássico da sociologia brasileira, era razoavelmente forte, também nos meios literários, a circulação de ideias racistas. Pretos e mestiços eram apontados por alguns como “causas dos problemas do Brasil” — e havia até torcida, meu Deus, pelo gradual embranquecimento dos brasileiros.

Aliás, como lembrou estudo dos professores Ricardo Ventura Santos e Marcos Chor Maio, uma famosa pintura de 1895, “A Redenção de Can” (veja a reprodução), do espanhol radicado no Brasil Modesto Brocos y Gómez, é, usualmente, interpretada como expressando o ideal do “branqueamento”: “A velha negra agradece por sua filha, mulata clara (portanto, já parcialmente ‘branqueada’), ter se casado com um migrante branco e gerado uma criança branca.” O livro “Guia politicamente incorreto da História”, de Leandro Narloch, desde dezembro de 2009 na lista dos mais vendidos, insinua que o próprio Gilberto Freyre namorou com a tese do “branqueamento” antes de 1933, quando lançou “Casa grande e senzala”, o “mais brasileiro dos livros já escritos”, segundo Darcy Ribeiro.

Um trecho do livro glicerina de Narloch: “Freyre afirmou, por exemplo, que o Brasil deveria seguir a Argentina e clarear a população.

‘Temos muito que aprender com os vizinhos do Sul’, escreveu, ao resenhar o livro ‘Na Argentina’, de Oliveira Viana, um dos grandes defensores da eugenia no Brasil. ‘Parece que, neste ponto, a República do Prata leva decidida vantagem sobre os demais países americanos. Em futuro não remoto, sua população será praticamente branca.’ Depois, Freyre reviu suas ideias. Melhor assim.

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