Baixa a bola, Dunga!
BARBARA GANCIA
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/05/10
Maradona pode não ser muito bom da bola, mas ao menos não está tentando preparar marines
HOLA, QUÉ TAL? A notícia de que a minha seleção está liberada para levar vida normal durante a Copa da África do Sul renovou-me o espírito.
Acordei tão animada em saber que nenhum jogador da celeste y blanca precisará abrir mão de ser feliz, que tratei de fazer logo uma reserva para assistir ao primeiro jogo, contra a Nigéria, no dia 12, na companhia de outros hermanos em um muy hermoso restaurante portenho no meu bairro.
Para quem acha que estou falando algum dialeto de Tupungato, um breve resumo: minha implicância com o mau humor de Dunga chegou a tal ponto, que fui impelida a torcer por outra seleção.
A escolha natural recaiu sobre a Argentina, equipe das mais charmosas que, para quem não sabe patavina de futebol como eu e só entende a Copa do Mundo como uma grande festa a ser desfrutada de quatro em quatro anos, apresenta-se como a antítese da sem-gracice proposta pelo técnico tapuia.
Não é preciso ser nenhum modelo de lascívia antigo-romana para fugir de Dunga -e de tudo aquilo que ele representa- em direção à fronteira da Argentina. Entre um técnico que admite que seus jogadores desfrutem com moderação de sexo, vinho e churrasco e outro que proíbe o credenciamento de humoristas, não há o que discutir.
Está certo que as palavras "Maradona" e ""moderação" tem a mesma intimidade que o Stevie Wonder com a patinação artística, mas estou começando a achar que tenho mais em comum com a Mafalda argentina do que com o nosso Jack Bauer.
"Nem todo mundo gosta de sexo", filosofou Dunga na chegada à África. Realmente. As pessoas que não conseguem mais praticá-lo e as que não tem "joie de vivre" não gostam. E, se continuarmos dando ouvidos ao que ele tem a dizer, daqui a pouco ninguém mais vai gostar de sorrir, nem de bebês, nem de flores, nem do amor, nem de sol.
Fico imaginando o que o Bussunda, morto durante a Copa de 2006 na Alemanha, não deve zoar da ranzinzice do Dunga junto com Garrincha lá na happy hour do céu...
Exagero? Estou pegando demais no pé do Dunga? Ora, a seleção foi pedir a bênção do presidente antes de embarcar e, na hora de cumprimentá-lo, Dunga fez questão de mostrar ao mundo que não vai com a cara do Lula. Que história é essa?
E além de fazer cara feia feito um meninote, ele ainda cumprimentou o mais alto mandatário do país de ombros caídos e com a mão no bolso. Como assim?
Estamos cansados de saber que Lula tem pé de esquimó (para o mundo inteiro menos para ele) e já secou o Guga, o Diego Hypólito, o Popó... a lista é quilométrica. E que, se o Dunga fizesse uma figuinha com os dedos dentro do bolso, não haveria mal nenhum, não é mesmo?
Mas quem estava ali no encontro do Alvorada eram o presidente e o técnico que irá representar o país. Portanto, o Dunga que seja coerente com o discurso dele ou então a gente chama logo o Vampeta para dar umas cambalhotas e pronto.
De minha parte, torço pela alegria. Maradona pode não ser bom da bola, mas não pretende preparar ninguém para virar marine.
No fim das contas, o que está em jogo ali é um belo espetáculo e não a honra de um país. Quem troca as bolas não ganha o jogo.
Dale, Argentina!
Acordei tão animada em saber que nenhum jogador da celeste y blanca precisará abrir mão de ser feliz, que tratei de fazer logo uma reserva para assistir ao primeiro jogo, contra a Nigéria, no dia 12, na companhia de outros hermanos em um muy hermoso restaurante portenho no meu bairro.
Para quem acha que estou falando algum dialeto de Tupungato, um breve resumo: minha implicância com o mau humor de Dunga chegou a tal ponto, que fui impelida a torcer por outra seleção.
A escolha natural recaiu sobre a Argentina, equipe das mais charmosas que, para quem não sabe patavina de futebol como eu e só entende a Copa do Mundo como uma grande festa a ser desfrutada de quatro em quatro anos, apresenta-se como a antítese da sem-gracice proposta pelo técnico tapuia.
Não é preciso ser nenhum modelo de lascívia antigo-romana para fugir de Dunga -e de tudo aquilo que ele representa- em direção à fronteira da Argentina. Entre um técnico que admite que seus jogadores desfrutem com moderação de sexo, vinho e churrasco e outro que proíbe o credenciamento de humoristas, não há o que discutir.
Está certo que as palavras "Maradona" e ""moderação" tem a mesma intimidade que o Stevie Wonder com a patinação artística, mas estou começando a achar que tenho mais em comum com a Mafalda argentina do que com o nosso Jack Bauer.
"Nem todo mundo gosta de sexo", filosofou Dunga na chegada à África. Realmente. As pessoas que não conseguem mais praticá-lo e as que não tem "joie de vivre" não gostam. E, se continuarmos dando ouvidos ao que ele tem a dizer, daqui a pouco ninguém mais vai gostar de sorrir, nem de bebês, nem de flores, nem do amor, nem de sol.
Fico imaginando o que o Bussunda, morto durante a Copa de 2006 na Alemanha, não deve zoar da ranzinzice do Dunga junto com Garrincha lá na happy hour do céu...
Exagero? Estou pegando demais no pé do Dunga? Ora, a seleção foi pedir a bênção do presidente antes de embarcar e, na hora de cumprimentá-lo, Dunga fez questão de mostrar ao mundo que não vai com a cara do Lula. Que história é essa?
E além de fazer cara feia feito um meninote, ele ainda cumprimentou o mais alto mandatário do país de ombros caídos e com a mão no bolso. Como assim?
Estamos cansados de saber que Lula tem pé de esquimó (para o mundo inteiro menos para ele) e já secou o Guga, o Diego Hypólito, o Popó... a lista é quilométrica. E que, se o Dunga fizesse uma figuinha com os dedos dentro do bolso, não haveria mal nenhum, não é mesmo?
Mas quem estava ali no encontro do Alvorada eram o presidente e o técnico que irá representar o país. Portanto, o Dunga que seja coerente com o discurso dele ou então a gente chama logo o Vampeta para dar umas cambalhotas e pronto.
De minha parte, torço pela alegria. Maradona pode não ser bom da bola, mas não pretende preparar ninguém para virar marine.
No fim das contas, o que está em jogo ali é um belo espetáculo e não a honra de um país. Quem troca as bolas não ganha o jogo.
Dale, Argentina!
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