SÃO PAULO - Aécio Neves faz questão de deixar claro que não quer ser candidato a vice numa chapa com José Serra. Isso não significa, necessariamente, que não será. Na política, a vontade e as circunstâncias vivem em permanente disputa. Não sabemos o que prevalecerá neste caso. Mas, qualquer que seja a escolha de Aécio, ela comporta vantagens e desvantagens.
Quais seriam as razões para não aceitar a vice? Ninguém desconhece que os tucanos terão uma campanha muito difícil. Fora da chapa, Aécio evita o risco de ser sócio da eventual derrota -ou até de um fiasco histórico. Mais: se dissocia da geração do PSDB que enfrenta agora a sua última grande batalha e fica em condições de se apresentar no dia seguinte como o nome capaz de juntar os cacos da oposição. Seria não o pós-Lula, mas o pós-Serra.
No entanto, se Aécio se ausentar do jogo e Serra produzir, sem ele, o milagre da vitória, este talvez seja o pior desfecho para o mineiro.
E quais razões teria ele para aceitar o café com leite tucano? Aécio seria sócio de uma hipotética vitória e não poderia ser crucificado por uma eventual derrota. Receberia, além disso, ao menos em tese, uma boa fatia do poder conquistado.
Mas nada disso parece sensibilizar o governador. Ele tem reagido aos apelos alegando que o efeito positivo de sua entrada como vice na campanha seria apenas momentâneo e iria se diluir no processo, tendendo para a total irrelevância.
Os tucanos insistem porque, sem "amarrar" Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país, suas chances ficarão muito escassas. Mas Aécio diz que tem condições de trabalhar melhor o eleitorado mineiro se fincar os pés no Estado e concorrer ao Senado, como pretende.
O que pode parecer um diálogo de surdos é, na verdade, um sintoma de prioridades distintas. A de Aécio é eleger o seu vice, Antonio Anastasia. Ser derrotado em casa ao cabo de oito anos para Hélio Costa ou para o PT seria desastroso. De certa forma, até pior do que ver o sonho de Serra virar pesadelo.
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