quinta-feira, dezembro 31, 2009

PAINEL DA FOLHA

Fazer o quê?

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 31/12/09


Na tentativa de amenizar a revolta de Nelson Jobim (Defesa) e dos comandantes militares com o Programa Nacional de Direitos Humanos do ministro Paulo Vannuchi, Lula tem procurado convencê-los de que o texto polêmico é, na verdade, fruto de conferência realizada sobre o tema, e não uma decisão de governo.
No lançamento do programa, em 21 de dezembro, o presidente já havia feito um esforço para acalmar os descontentes, sugerindo que nem tudo o que está escrito será mantido. Em seu discurso, disse que "vamos tentar trabalhar outra vez, transformar em projeto de lei aquilo que for projeto de lei, mandar para o Congresso debater".


Detalhes. Ainda no discurso, revelador da linha tênue em que caminhava naquele dia, Lula observou que "não é fácil fazer um documento como este", pois "os interesses pelas palavras são enormes" e "as vírgulas ganham dimensão extraordinária".

Prorrogação. Quem conhece o presidente diz que esse não é um dos que temas que mais o mobilizam. O que explica, em parte, o fato de ele só ter entrado na história com a polêmica já instaurada.

Controle aéreo. FAB e Itamaraty se estranharam sobre o envio de aeronave para resgatar brasileiros no Suriname. A FAB queria levar jornalistas no voo. Mas o secretário-geral e chanceler interino, Antonio Patriota, vetou.

Forcinha. Jaques Wagner (PT) preparou uma lista para mostrar a Lula, tão logo ele chegue de folga à Bahia, com empresas que poderiam investir no Estado e gerariam empregos em ano eleitoral.

Na tela. A Secretaria de Comunicação do Planalto abriu concurso para seleção de projetos voltados à produção de séries de TV que abordem a temática: "histórias de um Brasil que dá certo".

Carteirinha. O senador Tião Viana conseguiu uma sessão vip da cinebiografia de Lula, com estreia prevista para amanhã, num cinema do Acre, somente para filiados ao diretório local do PT.

Porcos 1. Na contramão da fala de Lula, segundo quem "não se pode deixar de dar comida a um porco porque não gosta do dono do porco", os números da CGU mostram que municípios administrados pelo PT "comeram melhor" em 2009.

Porcos 2. Entre as maiores cidades do país, a campeã em verbas federais foi Nova Iguaçu (RJ), de Lindberg Farias (PT): R$ 22 por habitante, contra R$ 10 de Duque de Caxias, que tem população similar, mas é do PSDB. São Paulo, do DEM, conseguiu R$ 2,25. Já Guarulhos, do PT, R$ 7,57.

Alma do negócio. Quem percorreu as principais avenidas de Maceió notou a profusão de placas com propagandas do Minha Casa, Minha Vida, instaladas no final do ano.

Renda. O PAC da Copa, que será anunciado em janeiro, prevê R$ 8 bi para o Ministério das Cidades. São recursos que ficarão sob a rubrica de mobilidade urbana. No caso, corredores expressos e VLT (veículo leve sob pneus).

Arena. No apagar das luzes, o Congresso deu aval à destinação de R$ 40 mi para erguer uma vila olímpica que será usada nos jogos mundiais militares, em 2011, no Rio.

Prioridades. Deputados e senadores também endossaram o pagamento de R$ 30 mi à UNE a título de indenização pela destruição de sua sede no Rio durante o regime militar.

Nós. Fernando Haddad (Educação) prometeu entregar até março proposta de reforma na administração dos 42 hospitais universitários. A ideia é transformá-los em fundações de direito privado.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Isso só confirma o que eles proclamam: o Exército é o mesmo. Parece que não mudou nada com a redemocratização."
De CRIMÉIA ALICE DE ALMEIDA, integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, sobre a pressão de militares para que Lula reveja trechos do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos.

Contraponto

Corpo a corpo


Pré-candidato ao governo gaúcho, Tarso Genro (Justiça) se reuniu com Lula no Palácio da Alvorada, ontem, para discutir o lançamento do programa Bolsa Olímpica. Ao sair, mandou que parasse o carro e perguntou na portaria:
-Onde estão os jornalistas?
Os assessores informaram o ministro que só havia fotógrafos e cinegrafistas, para quem ele improvisou uma entrevista. Mas, para que Tarso não perdesse a viagem, um assistente sugeriu:
-Tem uns turistas ali que gostariam de dar uma palavrinha com o senhor...
O ministro aceitou a ideia na hora.

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