terça-feira, agosto 04, 2009

PAINEL DA FOLHA

Decibeis e números


Folha de S. Paulo - 04/08/2009

A tropa de choque do PMDB e seus satélites optaram pelo confronto aberto com os que pedem o afastamento do presidente do Senado, José Sarney, mas, ao cabo da sessão de pugilato verbal de ontem, os líderes mais ponderados da Casa vaticinavam: o que vai definir suas condições de ficar no cargo não é a capacidade de gritar mais alto, mas o número de senadores a sustentá-lo na cadeira.

Nesse cenário, as atenções se voltam novamente para o PT, que se reúne hoje para discutir a crise. Mais que notas retóricas se espera que a bancada liderada por Aloizio Mercadante responda uma pergunta singela: votará pela abertura de processo contra Sarney no Conselho de Ética?




Briefing. Foi o próprio Sarney quem enunciou a versão segundo a qual Pedro Simon (PMDB-RS) o odeia desde que foi preterido como vice de Tancredo Neves. "Ele é a memória viva disso tudo", afirma um neoaliado.

Rinha. Sarney queria confrontar Simon em plenário, mas foi dissuadido pelos aliados. Um deles avisa: "Agora todo dia vai ter resposta".

On-line. Do plenário, coube a Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) informar pelo telefone o grupo demo-tucano, Sérgio Guerra (PSDB-PE) e José Agripino (DEM-RN) à frente, que se reuniu com o governador José Serra (PSDB) em SP.

Circa 1992. Além da dobradinha entre Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL) em plenário, outra cena a lembrar a República de Alagoas foi a de Collor correndo a plenos pulmões para chegar a tempo de fazer o aparte em que mandou Simon "engolir" suas palavras.

Vale tudo. No auge do quebra-pau, havia um carateca (Collor), um ex-boxeador (Eduardo Suplicy) e um lutador de jiu-jitsu (Arthur Virgílio) em plenário.

Plantão. Após o bate-boca, Cristovam Buarque (PDT) foi ao serviço médico fazer um eletrocardiograma. Os médicos disseram que estavam de plantão com desfibrilador e maca, porque Collor tem pressão alta, o pedetista tem arritmia cardíaca e Simon inspira cuidados, pela idade.

Beijo do gordo. José Serra grava hoje exibição nos três blocos do "Programa do Jô".

Roteiro. Apesar do discurso rechaçando pré-campanha, Serra definiu ontem na reunião com líderes de PSDB e DEM, em São Paulo, mais dois destinos para visitar no Nordeste: vai à Bahia no dia 10, e depois ao Rio Grande do Norte em setembro.

Acostamento. Com a adesão de governistas, ganhou corpo a resistência na Câmara Municipal às novas regras de restrição a ônibus fretados imposta pela Prefeitura de São Paulo. Dois vereadores da base de Gilberto Kassab (DEM) se articulam com a oposição para alterar a regulamentação: Ricardo Teixeira (PSDB) e Goulart (PMDB).

Baú. Uma das alternativas em gestação na Câmara, proposta pela bancada do PT, é ressuscitar o modelo dos extintos ônibus "executivos", com menos paradas pela cidade e por meio de processo licitatório para a escolha da empresa prestadora do serviço.

Novo front. Além de provocar representação do DEM no Tribunal de Contas da União, a decisão de Lula de triplicar a taxa paga ao Paraguai pela energia de Itaipu será bombardeada pelo PSDB na Câmara, sob o argumento de que faltam mecanismos de fiscalização brasileiros na operação de venda. A medida precisa de aval do Congresso.

Domicílio. Na contramão de rumores dando conta de sua candidatura a deputado federal pela Bahia, onde nasceu, o ministro Orlando Silva (Esporte) deverá disputar vaga na Câmara por São Paulo, onde vive e vota há 16 anos.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Jesus Cristo também é suplente. O Espírito Santo é segundo suplente. Deus é o titular."


Do senador WELLINGTON SALGADO (PMDB-MG), primeiro suplente do ministro Hélio Costa (Comunicações), defendendo o atual sistema de escolha de substitutos no Senado.

Contraponto

Autocongratulação Na última quarta-feira antes do recesso, deputados avançaram madrugada adentro de modo a concluir a votação das regras para a eleição de 2010. Finda a sessão, Michel Temer (PMDB-SP) viu motivo para comemorar:
-Quero dizer que não apenas Flávio Dino (PC do B-MA) e os líderes dos partidos, mas todos os 513 deputados merecem aplausos da sociedade...
No plenário que já se esvaziava, alguém ponderou:
-Menos presidente, menos...
Encabulado, Temer refez o cumprimento:
-Bom, então pelo menos os que aqui restaram vamos aplaudir uns aos outros...

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