Um fato emblemático ocorreu na semana passada. Do alto de sua estratosférica aprovação popular, Lula recebeu a direção do PSB para um jantar. Os socialistas insistiram em lançar Ciro Gomes candidato ao Planalto. Lula ouviu. Argumentou ter preferência por uma disputa circunscrita a dois candidatos. Enxerga vantagem numa fórmula plebiscitária. Do lado governista, a ministra Dilma Rousseff, pelo PT. Do outro, quem o tucanos escolherem, José Serra ou Aécio Neves. A direção do PSB respondeu com a tese da utilidade da candidatura Ciro Gomes. Dois postulantes lulistas anabolizariam o discurso do governo. Até porque há um nome extra na oposição -Marina Silva, possível presidenciável do PV. O jantar entre Lula e o PSB acabou com os socialistas comemorando. Nada foi definido. Eis aí a mensagem principal do encontro. Com sua popularidade inabalada pela crise ética no Congresso, conforme mostrou a pesquisa Datafolha de ontem, o presidente poderia ter imposto a sua estratégia. "Nós vamos só com a Dilma e ponto final", seria uma frase possível de Lula. O PSB teria de acatar. Nada disso aconteceu. Prevaleceu o tirocínio do presidente, corroborado agora pelo Datafolha. Embora tenha se tornado uma candidata competitiva, Dilma Rousseff consolida-se também como uma grande incerteza. Seu crescimento estagnou. Seus adversários, é verdade, também têm ficado no mesmo lugar. Mas é da ministra de Lula que se espera uma disparada -ainda não realizada. Também ainda não está claro o efeito real da entrada de Marina Silva no páreo. Ela teve pouca exposição e talvez receba o apoio de Heloísa Helena (PSOL). Tudo somado, o momento não é dos melhores para Dilma. O faro de Lula sentiu a mudança de ares e o presidente voltou a olhar Ciro Gomes com outros olhos.
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