O Chevalier Temer e seus 7 Mosqueteiros
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/07/09
O PRESIDENTE da Câmara, deputado Michel Temer, acompanhado de sete mosqueteiros, usufruiu uma boca-livre de cinco dias em Paris. Havia um feriado por lá mas, por cá, a Casa onde trabalham tinha serviço e votava a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Os doutores foram comemorar o aniversário da Revolução Francesa e hospedaram-se no hotel Lutetia, uma boa casa, equidistante de dois marcos da cidade: a Conciergerie e a Praça da Concórdia. Numa ficava a cana dos condenados. Na outra, a lâmina de Sanson. A namorada de Luís 15, Madame Du Barry passou de uma à outra. Ela fugira para Londres depois da queda da Bastilha, mas decidiu retornar à França. Degolaram-na em 1793.
O mistério que levou a Du Barry a regressar é da mesma família da compulsão que levou Temer e seus sete mosqueteiros a entrarem na boca-livre. Pediram discrição à embaixada e disseram que viajavam a convite de um Instituto de Alto Estudos de Defesa Nacional. Verdade, mas o repórter Antonio Ribeiro revelou que, segundo esse mesmo instituto, o paganini ficou por conta da indústria aeronáutica francesa, pois a fábrica Dassault quer vender 36 caças Rafale à FAB, numa conta de R$ 4 bilhões. (Convite para ir a Paris é fácil arrumar. O que falta é patrocinador.) A Câmara absolvera o deputado-castelão e o Senado tornou-se um apêndice da delegacia de roubos e furtos, mas os oito doutores, como a Du Barry, acharam que dava.
Há um problema de percepção na cúpula do Parlamento nacional. Eles são incapazes de entender que certas coisas não podem ser feitas. Eis o que disse Michel Temer à repórter Lúcia Jardim:
"Não vejo isso como uma tentativa de sedução, até porque, se fosse, seria muito fraca".
(Conta a lenda que o professor Henry Kissinger disse a uma senhora que toda mulher tem um preço e ela respondeu: "Isso é um insulto. Eu, nem por 1 milhão de dólares". "Pois veja que já estamos discutindo preço", respondeu Kissinger.)
"Se fosse a Câmara que tivesse pagado nossa viagem, aí sim, eu tenho certeza de que fariam um escândalo em cima disso."
(Resta saber por que os franceses pagaram. Se os deputados pudessem justificar o motivo da viagem, a Câmara, ou o governo francês, deveriam pagá-la. Do contrário, não deviam aceitá-la.)
"Acho que só não haveria questionamento se nós tivéssemos vindo a pé."
(Para continuar no tom de Temer, há uma enorme torcida para que os oito resolvam ir a pé até Paris. Deveriam anunciar o ponto do litoral de onde partiria a comitiva, para que a galera pudesse se despedir deles.)
Viajaram com o deputado Michel Temer:
Cândido Vaccarezza (SP), líder do PT na Câmara.
Carlos Zarattini (PT-SP), vice-líder do PT na Câmara.
Ibsen Pinheiro (PMDB-RS).
José Aníbal (SP), líder do PSDB na Câmara.
Maria Lucia Cardoso (PSDB-MG), vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional.
Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM na Câmara.
Nessa comitiva há deputados que não gostariam de ser confundidos com a nobreza decadente e degolada. Também ficou na Conciergerie, e foi para a lâmina, o companheiro Danton, que tinha um fraco por seduções.
Os doutores foram comemorar o aniversário da Revolução Francesa e hospedaram-se no hotel Lutetia, uma boa casa, equidistante de dois marcos da cidade: a Conciergerie e a Praça da Concórdia. Numa ficava a cana dos condenados. Na outra, a lâmina de Sanson. A namorada de Luís 15, Madame Du Barry passou de uma à outra. Ela fugira para Londres depois da queda da Bastilha, mas decidiu retornar à França. Degolaram-na em 1793.
O mistério que levou a Du Barry a regressar é da mesma família da compulsão que levou Temer e seus sete mosqueteiros a entrarem na boca-livre. Pediram discrição à embaixada e disseram que viajavam a convite de um Instituto de Alto Estudos de Defesa Nacional. Verdade, mas o repórter Antonio Ribeiro revelou que, segundo esse mesmo instituto, o paganini ficou por conta da indústria aeronáutica francesa, pois a fábrica Dassault quer vender 36 caças Rafale à FAB, numa conta de R$ 4 bilhões. (Convite para ir a Paris é fácil arrumar. O que falta é patrocinador.) A Câmara absolvera o deputado-castelão e o Senado tornou-se um apêndice da delegacia de roubos e furtos, mas os oito doutores, como a Du Barry, acharam que dava.
Há um problema de percepção na cúpula do Parlamento nacional. Eles são incapazes de entender que certas coisas não podem ser feitas. Eis o que disse Michel Temer à repórter Lúcia Jardim:
"Não vejo isso como uma tentativa de sedução, até porque, se fosse, seria muito fraca".
(Conta a lenda que o professor Henry Kissinger disse a uma senhora que toda mulher tem um preço e ela respondeu: "Isso é um insulto. Eu, nem por 1 milhão de dólares". "Pois veja que já estamos discutindo preço", respondeu Kissinger.)
"Se fosse a Câmara que tivesse pagado nossa viagem, aí sim, eu tenho certeza de que fariam um escândalo em cima disso."
(Resta saber por que os franceses pagaram. Se os deputados pudessem justificar o motivo da viagem, a Câmara, ou o governo francês, deveriam pagá-la. Do contrário, não deviam aceitá-la.)
"Acho que só não haveria questionamento se nós tivéssemos vindo a pé."
(Para continuar no tom de Temer, há uma enorme torcida para que os oito resolvam ir a pé até Paris. Deveriam anunciar o ponto do litoral de onde partiria a comitiva, para que a galera pudesse se despedir deles.)
Viajaram com o deputado Michel Temer:
Cândido Vaccarezza (SP), líder do PT na Câmara.
Carlos Zarattini (PT-SP), vice-líder do PT na Câmara.
Ibsen Pinheiro (PMDB-RS).
José Aníbal (SP), líder do PSDB na Câmara.
Maria Lucia Cardoso (PSDB-MG), vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional.
Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM na Câmara.
Nessa comitiva há deputados que não gostariam de ser confundidos com a nobreza decadente e degolada. Também ficou na Conciergerie, e foi para a lâmina, o companheiro Danton, que tinha um fraco por seduções.
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