Um empate sem sabor
JORNAL DO BRASIL - 13/07/09
O Flamengo realizou uma proeza no jogo de ontem: recebeu nove cartões amarelos - talvez um recorde - e conseguiu chegar ao apito final com 11 jogadores! Em compensação, o São Paulo que levou dois amarelos, teve Renato Silva expulso e atuou por todo o segundo tempo com 10 jogadores. Pois com menos um o São Paulo jogou melhor do que com o time completo e equilibrou as ações na etapa final.
Como correram os rubro-negros! E olha que nem tinha a torcida a empurrá-los! Não sei se o clube botou os salários em dia, prometeu um prêmio milionário ou se foi a presença da garotada escalada no lugar dos titulares, o fato é que em várias ocasiões via-se quatro , cinco jogadores do Flamengo cercando um são-paulino. Dois momentos simbolizaram a disposição do time: o pique do Adriano ultrapassando dois zagueiros adversários, como um atleta de 100 metros, até sofrer o pênalti que converteu em gol, e a arrancada de Willians aos 42 minutos do segundo tempo desde o meio de campo, equilibrando-se sobre a linha lateral. Vocês ainda vão ver Willians com a camisa da Seleção.
O Flamengo ficou com a iniciativa do jogo do inicio ao fim. No primeiro tempo então parecia ter 20 jogadores, tocando a bola com rapidez, dominando o meio de campo, atacando e defendendo em bloco em uma movimentação semelhante à do basquete. Seu primeiro gol, no entanto, não veio de uma jogada articulada: ganhou de presente do goleiro Denis. No segundo tempo o Flamengo não soube aproveitar a vantagem numérica, embolou o jogo pelo meio – quando deveria abrir pelas pontas, suponho – e acabou sendo castigado com o empate. O zagueiro Miranda deixou a defesa, foi passando por um cipoal de pernas rubro-negras até ser derrubado dentro da área num pênalti cobrado e marcado por Jorge Wagner.
Apesar de todo deformado pelas substituições o Flamengo merecia ter vencido. Não sei se com os titulares – Airton, Juan, Emerson, Kleberson e Toró – o time teria um desempenho tão satisfatório. Eu se fosse o Cuca repetia a escalação no próximo jogo. Quanto ao São Paulo, não sei se o time ainda não entendeu o técnico Ricardo Gomes ou se o técnico ainda não descobriu o time. Deixar Jorge Wagner e Eduardo Costa no banco - entraram depois - é um luxo a que essa equipe do São Paulo não pode se permitir. O São Paulo fez um joguinho cadenciado e não mostrou nem a metade da disposição do Flamengo. Alguma coisa acontece nos bastidores do clube e certamente não será saudades do Muricy.
Enquanto assistia à partida e pensava no que escrever, achei que poderia iniciar o texto com um baita elogio ao arbitro Ricardo Marquez Ribeiro, 30 anos, que havia apitado com sucesso a final da Copa do Brasil. Já havia até rabiscado algumas coisas falando de sua autoridade, de seus gestos claros, do pouco papo aos jogadores, quando aos 48 minutos do segundo tempo ele tropeçou no apito e deixou de marcar um pênalti claro para o São Paulo (em Washington). Desisti dos elogios e logo pensei no senador e ex-presidente da Republica José Sarney que também aos 48 minutos do segundo tempo manchou toda sua biografia com vários "pênaltis".
Nenhum comentário:
Postar um comentário