FOLHA DE SÃO PAULO - 04/06/09
SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva não é apenas a metamorfose ambulante, como se autodefiniu, mas também a contradição itinerante, de que dão prova as suas declarações na Guatemala sobre mais de uma reeleição.
Primeiro, o presidente repete o que já disse várias vezes: não quer a re-reeleição porque não brinca com a democracia.
Ainda se dá ao luxo de ser explícito no formato que tomaria a "brincadeira", se levada avante: "Alguém que quer o terceiro mandato pode querer o quarto, pode querer o quinto, pode querer o sexto". Bingo. Perfeito. Por que diabos, então, Lula acha que seus amigos Álvaro Uribe (Colômbia) e Hugo Chávez (Venezuela) podem querer brincar com a democracia?
Alguém precisa ensinar o presidente, que aprende fácil, que há uma colossal diferença entre o parlamentarismo europeu, que permite reeleições sucessivas, e o presidencialismo praticado na América Latina. Por estas bandas, o regime é imperial. Não valem ou não funcionam os "checks and balances" (pesos e contrapesos, em tradução livre) de que se orgulham por exemplo os Estados Unidos.
No parlamentarismo, quem governa é o Parlamento, como aliás o nome indica. Por estas bandas, os Congressos são invariavelmente uma caricatura de poder, que não pode nada, submetido aos desígnios do todo poderoso Executivo.
No parlamentarismo, chefes de governo são destituídos sem dor, pelo voto de desconfiança. Às vezes, burocraticamente, como aconteceu com Margaret Thatcher, trocada como líder dos conservadores e, portanto, como primeira-ministra. No presidencialismo, é inescapável um doloroso processo de "impeachment". Por estas bandas, reeleições indefinidas geram caudilhos nada brincalhões -e caudilhismo nunca termina bem.
SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva não é apenas a metamorfose ambulante, como se autodefiniu, mas também a contradição itinerante, de que dão prova as suas declarações na Guatemala sobre mais de uma reeleição.
Primeiro, o presidente repete o que já disse várias vezes: não quer a re-reeleição porque não brinca com a democracia.
Ainda se dá ao luxo de ser explícito no formato que tomaria a "brincadeira", se levada avante: "Alguém que quer o terceiro mandato pode querer o quarto, pode querer o quinto, pode querer o sexto". Bingo. Perfeito. Por que diabos, então, Lula acha que seus amigos Álvaro Uribe (Colômbia) e Hugo Chávez (Venezuela) podem querer brincar com a democracia?
Alguém precisa ensinar o presidente, que aprende fácil, que há uma colossal diferença entre o parlamentarismo europeu, que permite reeleições sucessivas, e o presidencialismo praticado na América Latina. Por estas bandas, o regime é imperial. Não valem ou não funcionam os "checks and balances" (pesos e contrapesos, em tradução livre) de que se orgulham por exemplo os Estados Unidos.
No parlamentarismo, quem governa é o Parlamento, como aliás o nome indica. Por estas bandas, os Congressos são invariavelmente uma caricatura de poder, que não pode nada, submetido aos desígnios do todo poderoso Executivo.
No parlamentarismo, chefes de governo são destituídos sem dor, pelo voto de desconfiança. Às vezes, burocraticamente, como aconteceu com Margaret Thatcher, trocada como líder dos conservadores e, portanto, como primeira-ministra. No presidencialismo, é inescapável um doloroso processo de "impeachment". Por estas bandas, reeleições indefinidas geram caudilhos nada brincalhões -e caudilhismo nunca termina bem.
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