As duas Casas do Congresso estão nas mãos do PMDB. Isto é resultado de um longo processo. Na Câmara, a principal comissão já estava com eles. É a de justiça, tocada pelo PMDB do Rio, às vezes tão acossado pela própria justiça. A tática dos burocratas de esquerda foi a mesma do Leste Europeu. Para quem obedece, tudo. Para os que se opõem, a marginalidade. A sorte é a existência da imprensa. Os mortos-vivos para a burocracia são os que ganham os prêmios de performance parlamentar. Acabam sobrevivendo todos, o que não acontecia no Leste Europeu. O PMDB significa uma ponta do triângulo. Os dois outros partidos disputam a presidência. Será o sócio em qualquer hipótese. Para levar adiante seu projeto nacional, Bismarck mantinha os partidos presos às suas pequenas causas. Eles perdiam o interesse em definir o futuro, desde que fossem atendidos. Este quadro indica que o Brasil não muda tão cedo. Eleição como a americana, com grande participação popular, será difícil. Será difícil também inaugurar uma era de responsabilidade. Assim como não me arrisco a fazer grandes previsões otimistas, é preciso desconfiar também do pessimismo. Nos períodos de crise, os saltos são maiores. A voracidade fisiológica vai atingir o ponto máximo. Mas os mortos-vivos pelo menos podem esperar uma Primavera de Praga. Tanto Sarney como Temer não são vingativos. Uma perversão no Congresso foi jogar a agressividade dos fisiológicos, em número esmagador, contra a minoria que procura interpretar a opinião pública. Do ponto de vista eleitoral, até nos ajuda. Mas a vida em Brasília torna-se um inferno. Calor, vaias, ressentimento. Que vengan los toros, quem sabe, dessa vez, mais leves. |
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