Como quem conduz uma criança pela mão, Lula vai apresentando sua ministra-candidata ao povo brasileiro. "Dilma, olhe na cara dessa gente. Você vai perceber que o sertanejo é diferente", disse, no sertão pernambucano. "Vilma", como a chamavam no local, tentou fazer sua parte. Improvisou loas à mulher nordestina, enalteceu o trabalhador que, "com seu braço", sustentou outras regiões do país. Na manhã seguinte, já no Rio Grande do Sul, Dilma voltou a elogiar as mulheres e exaltou a disposição de "correr atrás" e a "dignidade da conduta", segundo ela "diferenciais" do gaúcho. Cada região do país merecerá um trololó desse tipo. É "Vilma" tentando aplicar a (e se aplicar na) pedagogia do lulismo. Nas suas interações com o jeitinho brasileiro, a ministra foi recebida, em jantar com empresários, na casa de Marta Suplicy. Entre quatro paredes, é possível que um e outro lado tenham elogiado a "dignidade da conduta" como diferencial deste governo. Até outro dia, Dilma era só a dona brava que ocupou o lugar de homens pouco sérios ao redor de Lula. O seu PAC não deixa de ser uma versão bem-sucedida (ao menos como marca) do business-bolchevismo de José Dirceu. Emancipado dos que poderiam lhe fazer sombra, todos fuzilados pelo mensalão, Lula está à vontade para deflagrar a própria sucessão. Depois de impor ao PT o nome de uma adventícia egressa do brizolismo, ele agora antecipa o calendário e promove o PAC da candidata. Um tanto afásica, a oposição ameaça contestar na Justiça a legalidade do "Vilma tour". Talvez tenha que explicar o que o governador de São Paulo fazia montado num trator em Cascavel, no Paraná. Favorito para 2010, Serra se vê entre dois fantasmas: de um lado, o bonde do lulismo, que avança; de outro, o trem mineiro de Aécio, que preterido pode mudar de rumo. Quando alguém, enfim, disser a Serra "Olhe na cara dessa gente!", talvez seja tarde. Do lado de lá, o sertanejo pode ver na sua frente o ET de Varginha. |
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