Folha de São Paulo - 28/02/09
SÃO PAULO - Sérgio Dávila fez um resumo impecável sobre o primeiro Orçamento da era Obama, apresentado na quinta-feira: "Na guinada de prioridades para o dinheiro público mais radical das últimas décadas, [Obama] apresentou sua proposta de Orçamento para o ano fiscal de 2010, na qual os mais ricos pagarão mais impostos para ajudar na criação de um fundo de saúde pública de acesso universal, a verba com a diplomacia aumentará e o gasto com a Defesa desacelerará". Ousaria acrescentar que Obama fez do Orçamento a tradução concreta da promessa de mudança, uma constante na sua retórica de campanha, no discurso de posse e nas falas posteriores.
Faltava trazê-la para a vida real -e não há nada mais concreto que o Orçamento. Ousaria ainda acrescentar que se trata do primeiro esboço de verdadeira social-democracia que se tenta nos Estados Unidos, se é que social-democracia ainda é um rótulo válido. Sem falar em meio ambiente, outra faceta importante. Não parece haver, nos dias que correm, outra fórmula para criar ou expandir uma rede de proteção -a face mais necessária e mais charmosa da social-democracia europeia- do que usar os tributos não para "roubar" dos ricos (ao contrário do que insinua a qualificação de "Robin Hood"), mas para cobrar mais de quem mais pode, princípio clássico de tributação, e dar a quem menos pode, na forma de serviços e investimentos públicos.
É o que eu, na minha santa ingenuidade, pensei que fariam Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, os dois únicos presidentes que poderiam ser rotulados de social-democratas no Brasil. Não fizeram. O problema é que Obama precisa, antes de conseguir pôr em prática seu Orçamento social-democrata (só vigora a partir de outubro), domar a crise que o modelo anterior gerou e ameaça engoli-lo.
Faltava trazê-la para a vida real -e não há nada mais concreto que o Orçamento. Ousaria ainda acrescentar que se trata do primeiro esboço de verdadeira social-democracia que se tenta nos Estados Unidos, se é que social-democracia ainda é um rótulo válido. Sem falar em meio ambiente, outra faceta importante. Não parece haver, nos dias que correm, outra fórmula para criar ou expandir uma rede de proteção -a face mais necessária e mais charmosa da social-democracia europeia- do que usar os tributos não para "roubar" dos ricos (ao contrário do que insinua a qualificação de "Robin Hood"), mas para cobrar mais de quem mais pode, princípio clássico de tributação, e dar a quem menos pode, na forma de serviços e investimentos públicos.
É o que eu, na minha santa ingenuidade, pensei que fariam Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, os dois únicos presidentes que poderiam ser rotulados de social-democratas no Brasil. Não fizeram. O problema é que Obama precisa, antes de conseguir pôr em prática seu Orçamento social-democrata (só vigora a partir de outubro), domar a crise que o modelo anterior gerou e ameaça engoli-lo.
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