O Brasil é um dos maiores países em território, está entre os mais populosos, é um emergente econômico e um exemplo de paz, onde judeus e árabes convivem amigavelmente, como lembrava ontem o vice José Alencar. Mas, para se aventurar como "player" (palavrinha de diplomatas) na guerra do Oriente Médio, é preciso mais: neutralidade. É justamente por condenar a parcialidade dos EUA e seu comprometimento com Israel, tentar "furar o bloqueio" e "arejar" os canais de negociação entre Israel e palestinos que o Itamaraty desviou todas as fichas para França e Egito. Logo... não pode optar por um lado. Celso Amorim já criticou a "reação desproporcional" de Israel e "deplorou" os ataques por terra, o que está de bom tamanho para a importância muito relativa do Brasil na questão. Amanhã, ele embarca para encontros com presidentes e chanceleres na Síria, na Cisjordânia, na Jordânia e em Israel. Deve esticar até o Egito. É para lá que confluem emissários israelenses, da Autoridade Nacional Palestina e do próprio Hamas. É para lá que Amorim acabará indo também. Mas, enquanto o chanceler se esfalfa para alçar o Brasil à condição de interlocutor neutro das potências e dos contendores, o assessor Marco Aurélio Garcia acusa Israel de "terrorismo de Estado" e o partido do presidente diz que "a retaliação contra civis é uma prática típica do Exército nazista". A comparação é muito forte. Vira uma guerrinha de diplomacia versus política e corresponde a puxar o tapete do chanceler antes que ele ponha o pé no avião para o Oriente Médio. Sem falar nas consequências internas. Se o assessor e o partido do presidente dão cacetadas nos israelenses, os judeus no Brasil se tomam em brios e reagem, e os árabes partem para a tréplica, como ontem, em Curitiba. Onde vai parar a decantada paz entre judeus e árabes nesse solo varonil de encantos mil da nossa pátria tão gentil? |
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