Transplante de útero está em estudo avançado
Mulheres que perderam o útero devido a tratamentos radicais de endometriose, câncer e mioma podem retomar o sonho de ter um filho biológico. Uma equipe americana testa a eficácia do transplante uterino em animais e espera que em até dois anos o procedimento cirúrgico esteja disponível para as mulheres.
O estudo que está na fase 3 usou ovelhas como cobaias devido às características anatômicas e vasculares do animal serem similares às do homem. E, dentre as 10 ovelhas – com histórico de gestações – que receberam o transplante de útero, seis se adaptaram ao novo órgão.
– Os resultados são promissores. O próximo passo será conseguir engravidar as ovelhas por meio da transferência de embriões para o útero transplantado – afirma o líder do estudo Edwin Ramirez, do Antelope Valley Hospital, na Califórnia, Estados Unidos. – Após este passo, uma série de transplantes serão feitos em macacos, como os babuínos. Se tivermos sucesso com macacos, vamos testar em seres humanos – adianta Ramirez que discursará sobre o tema no congresso Endometriose in Rio, no Rio de Janeiro, dia 15 de novembro.
O estudo de transplante de útero foi publicado no Journal of Minimally Invasive Gynecology. A técnica seria uma solução para aquelas mulheres que tiraram o útero devido a uma complicação. Os casos de endometriose são os mais comuns. O mal que atinge 15% das mulheres em idade fértil se dá pela infiltração do endométrio – camada que envolve o útero – em outros órgãos com o refluxo do sangue pelas trompas.
– Desde a primeira menstruação, as mulheres estão sujeitas a contrair a doença. Estima-se que até 60% das adolescentes que têm cólicas intensas possam ser portadoras de endometriose, porém, o diagnóstico costuma ser feito tardiamente – avalia o ginecologista Marco Aurélio Pinho de Oliveira.
Além das cólicas, os sintomas da endometriose são sangramento excessivo, dor nas costas, gases no período menstrual e dificuldade de engravidar.
O mioma uterino também é uma causa comum que acarreta na retirada do útero. Além de câncer de colo e de endométrio. Complicações no parto podem implicar uma histerectomia.
Pinho de Oliveira faz um alerta para as mulheres estarem sempre atentas a quantidade de sangue e dor excessiva durante a menstruação, e crescimento da barriga, que pode ser mioma.
O transplante de útero também seria uma alternativa para a barriga de aluguel.
– Muitas culturas e credos religiosos não permitem a barriga de aluguel como alternativa para a infertilização – levanta Ramirez.
No entanto, caso a cirurgia seja aprovada para ser feita em humanos, não excluirá o método de reprodução assistida.
– A fertilização in vitro seria necessária em conjunto com o transplante para que a gravidez seja conseguida – pontua Ramirez.
Ainda sim, seria um grande avanço da medicina pois realizaria o sonho de ser mãe de milhares de mulheres.
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