Fátima Bernardes e William Bonner vão despejando uma catarata de más notícias sobre os telespectadores do "Jornal Nacional" da quinta-feira. Na essência, são as mesmas que comporão a capa desta Folha no dia seguinte: é juro do cheque especial que atinge o maior nível em cinco anos, é a inadimplência que dá um salto, é a indústria que corta 10 mil vagas. Minha mulher ouve, olha para mim com olhar melancólico e diz: "Fazia tempo que a gente não ouvia essas coisas, né?". Para quem lê a Folha regularmente, não chega a ser uma surpresa. Vinicius Torres Freire já escreveu faz algum tempo, lá no seu espaço do caderno Dinheiro, que "o melhor já passou". Só faltou acrescentar: "É bom, não foi?". O "melhor" nem conseguiu ser o tal espetáculo do crescimento que o presidente da República, em seu ufano-voluntarismo, prometeu ainda no primeiro ano de seu mandato, em 2003. A rigor, nem os 5,4% do ano passado -um bom resultado, é verdade- bastam para caracterizar um espetáculo, quando se sabe o quanto os outros emergentes cresceram nesses anos de bonança internacional, agora página virada. O pior é que ninguém sabe verdadeiramente quanto tempo e quão profundo será o pior desenhado nas competentes vozes de Bonner e Fátima e nas páginas dos jornais. Tem gente que inverte "o melhor já passou" do Vinicius para dizer que o pior é que já passou. Mas é chute, como o próprio Lula indiretamente admitiu outro dia, em Roma, ao dizer que esperava pouco da cúpula deste fim de semana em Washington porque ninguém tem um diagnóstico completo da crise. Se ninguém sabe como, exatamente, é a doença, menos ainda saberá da sua evolução. Acho melhor mudar para a ESPN ou para a ESPN Brasil e ver o Barça jogar. Só tem "melhor". |
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