terça-feira, setembro 16, 2008

SAÚDE
Dor na perna é sintoma de embolia

Campanha nos EUA vai alertar para doença que, no Brasil, aparece em 5% das necropsias
Cecilia Minner

Médicos começaram uma campanha nos Estados Unidos para alertar a população que dores nas pernas não são bobas: podem indicar um coágulo, que pode levar a uma embolia pulmonar. O diagnóstico da doença é difícil, pois os sintomas muitas vezes são confundidos com outros males. De acordo com o SUS (Sistema Único de Saúde) em 2004 houve no Brasil 6.700 mil casos de internação por embolia pulmonar – 75% deles não detectados de início. Pessoas que passam muito tempo de cama devem ficar atentas. Em pacientes obesos e fumantes, o risco é ainda maior.
– A falta de ar ocorre em 82% dos casos de embolia pulmonar. É o sintoma mais freqüente, porém aparece também em uma gripe, resfriado e pneumonia – explica o cardiologista João Mansur Filho.
O mal é causado por uma trombose venosa – formação de um trombo (coágulo de sangue) nas veias, geralmente das pernas, coxas ou quadris. Esse trombo pode se desprender e ser levado, pela circulação até o pulmão obstruindo a passagem de sangue pela artéria, causando a morte.
As pessoas que fumam, são obesas, fazem uso de pílula anticoncepcional ou que têm predisposição genética (trombofilia hereditária) apresentam grande risco de desenvolver embolia pulmonar, além dos pacientes com câncer ou com fratura óssea imobilizados por um período. Até gente saudável que faz uma longa viagem de avião – mais de 5 mil quilômetros – estão sujeitas ao mal.
– As pessoas com risco de ter uma embolia pulmonar e irão fazer uma longa viagem de avião devem consultar o médico para fazer uso de um anticoagulante. Devem também andar pela aeronave, movimentar-se de alguma maneira – recomenda a cardiologista Rita Villela.
Os principais sintomas da doença são a falta de ar, dor torácica, tosse seca ou com sangue, ansiedade, febre baixa e batimentos rápidos do coração. No entanto, nem sempre a doença é diagnosticada pelo médico. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 3% a 5% das necropsias indicam uma embolia pulmonar que não havia sido identificada.
No Brasil, em cerca de 10% dos casos de embolia pulmonar o paciente morre antes de chegar ao hospital. Nos EUA, 350 a 600 mil americanos sofrem do mal, por anos, e ao menos 100 mil deles morrem.
Atualmente, o método mais moderno de descobrir a doença é o D-Dímero, exame de sangue muito usado nas emergências dos hospitais.
Detectado o mal, o tratamento indicado é com heparina, um anticoagulante administrado por via subcutânea. Quando não há remissão, o médico opta pelo trombolítico, que dissolve o trombo. Em casos mais sérios, é usado um cateter que vai até o local do trombo e o aspira – embolectomia pulmonar.

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