GERAÇÃO PERDIDA

"NÓS INCOMPETENTES"

Os governantes que estão no poder são da geração das mudanças, da libertação da mulher, do Rock, da Bossanova, dos festivais, dos ideais de liberdade. Essa é a minha geração, o povo das décadas de 40, 50, 60. Hoje venho fazer um mea culpa pela nossa incapacidade de evoluir com educação e justiça social. Que fizemos? Nada. Nós estudamos em Escola pública de qualidade e estamos entregando aos nossos filhos e netos uma Escola degradada. Onde ficou o ideal por uma educação universal e de qualidade? Ficou na nossa fuga para Escola privada onde nós resolvemos o problema do nosso filho e baixamos a cabeça para não vermos os excluídos.
A nossa saúde tão saudavél na infância e adolescência, turbinada com o velho e gostoso Biotonico Fontoura e resguardada pelos INPS, IAPETC, IPASE dos governos, sim, nós tinhamos assistência médica gratuita. O que fizemos por ela? Nada. Ou melhor eu fiz por mim, contratei um plano de Saúde e baixei a cabeça para não ver as filas nas madrugadas em busca de uma ficha para um exame ou consulta para dali a alguns meses e tambem não ver os hospitais abarrotados com as pessoas sendo atendidas nos corredores.
Minha preocupação quando andava pela madrugada era somente com as almas, ou uma mula sem cabeça, sim nós caminhavamos na madrugada quando voltávamos de alguma festa, as casas não tinha grades e a noite as cadeiras eram colocadas nas calçadas enquanto nós meninos ficamos a brincar de bandeirinha, garrafão ou simplesmente jogando bola. O que fizemos pela Segurança? Nada. Nada não. Eu fiz, subi o muro da casa, paguei um vigia para a rua e depois fui para um condominio com muro de penitenciária, com cerca elétrica, arame farpado e mais uma parafernália de equipamentos eletronicos. Não, com a segurança eu não baixei a cabeça. Não precisa, o muro não deixa eu ver a guerra civil que está sendo travada no outro lado, no maximo um barulhinho de tiro que não chega a incomodar. Bala perdida, jovens traficantes, superlotação em prisões, sequestros. É tambem não cuidamos da segurança.
Eu contestei, lutei, briguei, corri da polícia, queriamos o progresso, hoje olho para os meus filhos e tenho vergonha de deixar um mundo pior do que encontrei.