sábado, novembro 29, 2008

EDITORIAL:O ESTADO DE SÃO PAULO

TENTATIVA DE INTIMIDAÇÃO

O comportamento autoritário é especialmente aberrante quando adotado por quem sempre se apresentou como inimigo do autoritarismo. O advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, que fez carreira defendendo presos políticos e amealhou polpudos honorários com as milionárias indenizações obtidas para as "vítimas do regime militar", permitiu-se assumir uma atitude flagrantemente contrária à liberdade de expressão - que a Constituição consagra por ser o mais eficiente antídoto que uma democracia pode usar contra a tentação totalitária.

Greenhalgh pleiteia na Justiça o recolhimento de documentos que teriam sido obtidos por repórter do Estado sobre a guerrilha do Araguaia. Pediu a intimação do repórter Leonencio Nossa, da Sucursal de Brasília - sob pena de busca e apreensão em sua casa -, para que forneça documentos repassados por militares que participaram dos combates entre as Forças Armadas e militantes do PC do B no Pará, nos anos 1970. O pedido se relaciona a processo movido pelo advogado em 1982, solicitando esclarecimentos sobre aquela guerrilha. Já mereceu parecer contrário do procurador Rômulo Conrado, com base no argumento de que o jornalista "não é parte integrante da lide, razão pela qual não pode figurar no pólo passivo do processo".

Razões técnico-jurídicas à parte - já que é notória demais para precisar ser comentada a intenção do advogado de confrontar o princípio constitucional do sigilo da fonte, essencial para o livre exercício da atividade jornalística (art.5, XIV) -, cabe examinar os aspectos ético-políticos da questão. Não foram só os setores do Ministério Público que trabalham parar abrir os arquivos oficiais sobre as mortes no Araguaia que estranharam a atitude do advogado e ex-deputado federal pelo PT. Entidades ligadas aos jornalistas e à defesa da liberdade de expressão - como a Associação Brasileira de Imprensa, a Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal - reagiram com um misto de indignação e incredulidade ao pedido de busca e apreensão na residência do jornalista.

Greenhalgh, aliás, já havia sido recriminado por representantes do PT e assessores do presidente Lula, em 2006, por repassar para jornalistas documentos produzidos por militares que colocavam em questão a conduta do deputado e ex-guerrilheiro José Genoino - com quem disputava votos. Greenhalgh desmentiu tal versão, com a mesma ênfase com que repudiara versões sobre seu envolvimento com a Lubeca, que levara a ex-prefeita Luiza Erundina a demiti-lo de seu secretariado. E, ontem, o Estado publicou carta de uma leitora que afirma que, se há quem queira saber o que ocorreu no Araguaia, também há quem queira a elucidação do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em cujo processo Greenhalgh foi atuante, no sentido de manter uma inconvincente versão do caso.

Em nota à imprensa o advogado alega que o pedido que encaminhou à 1ª Vara Federal de Brasília "não é de busca e apreensão na casa do repórter, simplesmente". Diz que se trata de "requerimento para que se tomem providências judiciais necessárias à execução de decisão que condena a União a abrir os arquivos da ditadura referentes ao episódio denominado ?Guerrilha do Araguaia?". E acrescenta: "O objetivo é que o repórter preste esclarecimentos e auxílio aos autores da ação. O repórter tem condições de contribuir decisivamente com (sic!) a história do País, ao colaborar com (sic!) a localização e fornecimento ao Estado de documentos repassados por Sebastião Curió, autor de inúmeros delitos na ?Guerrilha do Araguaia?. A mencionada ?busca e apreensão? só ocorreria no caso de o repórter recusar-se a prestar informações à Justiça."

É realmente difícil explicação menos convincente e com mais cinismo. Sem rubor nas faces, Greenhalgh traveste de propósitos "históricos" o que não passa de uma reles tentativa de intimidação, na falta da "colaboração" do jornalista. E não hesita em agredir os fundamentos da liberdade de imprensa, certamente por supor ser o jornalista a parte mais vulnerável na questão. Afinal, sabendo que, se o repórter Leonencio Nossa possui realmente os documentos que podem enriquecer a história, ele os obteve do coronel Sebastião Curió, por que o advogado não vai diretamente a este?

CARINHA DE SAFADA

Clique na foto para essa fofinha ampliada

PARA...HIHIHIHI


DE MERDA

'Napoleão Bonaparte, durante as batalhas, sempre usava uma camisa de cor
 vermelha. Assim, se fosse ferido, os soldados não notariam o seu líder sangrando, e continuariam a lutar com o mesmo ímpeto. '
 

Dois séculos
 depois, inspirado no grande general, 
Lula
 só usa calça marrom.'
 
 

ANCELMO DE GOIS

Filme antigo


O Globo - 29/11/2008
 

Todo ano, como diria Lula, é a mesma marola. A votação do Orçamento 2009 foi marcada pela comissão que trata do tema para 22 de dezembro, quase véspera de Natal. 

O texto, que define quanto de dinheiro vai para cada área do governo, tem de ser votado por deputados e senadores e antes que o Congresso entre em recesso. 

Só que... 

Já tem gente falando em antecipar a votação por causa das festas de fim de ano. 

Mas, como já aconteceu algumas vezes no passado, pode ocorrer de adentrar 2009 sem Orçamento definido.

Ingrid no Brasil 

Ingrid Betancourt, a ex-senadora colombiana ex-refém das Farc, desembarca no Rio segunda de um vôo de Paris.

Sob total sigilo, cercada de segurança, acompanhada de um diplomata francês e sem divulgar agenda.

Voando 

Para quem acha Sérgio Cabral brabo (não são muitos). 

Na briga para impedir que o Santos Dumont esvazie o Galeão, o governador, mesmo contrário à idéia, ouviu a presidente da Anac, Solange Vieira, até o fim. 

Já... 

O governador Aécio Neves, que vive o mesmo dilema entre os aeroportos da Pampulha e de Confins, não deixou Solange falar e encerrou a reunião. 

Carta aos passageiros 

Aeronautas (a turma que trabalha no ar) e aeroviários (o pessoal de terra) começam a distribuir segunda nos aeroportos o documento "Carta aos passageiros", em que criticam os patrões e anunciam seu "estado de greve". 

- Para aumentar as tarifas, a velocidade é de jato. Para aumentar os salários, é de teco-teco - protestam no texto.

Pegou mal 

A turma do cinema ficou passada, ontem, em Búzios, ao perceber que não havia ninguém da Ancine na feira de negócios Show Búzios Festival, onde se decidiram investimentos e a distribuição dos filmes com lançamento previsto para 2009. 

Estavam presentes 95% do PIB nacional da produção cinematográfica. E até Liliana Mazure, presidente da Incaa, a Ancine da Argentina, apareceu para fechar negócios e parcerias.

Ponto Final

A direção da Petrobras, que até outro dia fazia a maior farra com dinheiro, parece até a cigarra daquela fábula atribuída a Esopo e recontada por Jean de La Fontaine. É que, na época da abundância, a estatal não guardou reserva para uma hora destas.

ILIMAR FRANCO

Foi 3 x 2

 Panorama Político
O Globo - 29/11/2008
 

Sobrou para o ministro Tarso Genro (Justiça) decidir sobre o pedido de extradição de Cesare Battisti. O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) negou o pedido de refúgio, mas o placar foi apertado: 3 a 2. Sua defesa vai recorrer ao ministro. A extradição foi pedida por Romano Prodi (ex-primeiro-ministro, de centro-esquerda), e o processo é acompanhado de perto pelo atual primeiro-ministro, Silvio Berlusconi (direita).

Democratas cria editoria de crise 

O DEM criou uma página sobre a crise em seu site. Ela estimula os internautas a enviarem depoimentos sobre como suas vidas estão sendo afetadas: "Queremos saber o que você pensa sobre a crise econômica". Na apresentação, um texto explica como a crise atinge as pessoas, com a advertência: "Não vá na conversa de quem manda você consumir e gastar como antes". Diariamente é publicado o depoimento de um cidadão sobre suas perspectivas, diante da crise, para o Natal e para o ano de 2009. Com humor, o DEM alerta: "Até o Flamengo está com dificuldades para renovar o histórico patrocínio com a Petrobras". 

O céu de brigadeiro acabou. Se a Dilma Rousseff for mano a mano com o José Serra, perde. Não podemos desprezar o Ciro Gomes, ele tem 25%" - Beto Albuquerque, deputado federal (PSB-RS) 

IMPROPÉRIOS
Apesar de o governo ter aceitado negociar o fim do fator previdenciário, o presidente Lula não poupou de críticas o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto, em jantar quarta-feira com dirigentes das centrais sindicais. "Não posso permitir que quebrem o país. O Paim fica querendo se reeleger nas costas do governo", reclamou Lula. O senador tem mais dois projetos que aumentam benefícios previdenciários. 

Vôo solo 

O Democratas ainda não entrou no caso do empréstimo de R$2 bilhões da CEF para a Petrobras. Os tucanos fizeram a denúncia. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), explica: "Eles não nos convidaram para bater junto".

Abrindo o voto 

O senador tucano Tasso Jereissati (CE) explica por que está apoiando a candidatura do petista Tião Viana (AC) para a presidência do Senado: "O PMDB usa a oposição como escada para pressionar o governo. Prefiro as coisas claras". 

Os call centers vão ter de melhorar 

O Ministério da Justiça fez pesquisa sobre as novas regras para os call centers, que passam a vigorar segunda-feira. Se declararam habilitados 85% dos bancos e 80% das operadoras de telefonia. Os melhores relatos: Unibanco e Claro. A portaria prevê que em até um minuto o consumidor terá contato com o atendente e o cancelamento dos serviços será facilitada. A multa para os infratores varia de R$200 a R$300 milhões. 

Ciro Nogueira em busca de musculatura 

Azarão na disputa pela presidência da Câmara, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) costura uma base política para sua candidatura. Contando com o apoio do ex-presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP), trabalha para garantir o apoio institucional do Bloco de Esquerda (PSB-PDT-PCdoB) e do DEM. Há dois anos essas forças se articularam em torno da reeleição de Aldo e foram derrotadas pelo bloco PT-PMDB, que elegeu o atual presidente, Arlindo Chinaglia (PT-SP). 

O MINISTRO Carlos Lupi (Trabalho) está irritado com o presidente do Codefat, Luiz Fernando Emediato. Ontem, Emediato negou que tenha dito que o FAT não seria usado para ampliar o seguro-desemprego. 

O PRESIDENTE do Equador, Rafael Corrêa, não contava com a reação do Brasil. Imaginava que seria tratado como a Bolívia, mas esqueceu que seu país não fornece gás natural para a economia brasileira. 

O LÍDER do PSDB, José Aníbal (SP), explica por que o governo Lula quer votar, de qualquer jeito, a reforma tributária: "O governo quer pôr o carimbo dele".

ANDRÉ PETRY

REVISTA VEJA

André Petry
O câncer que some

"Desde que a pesquisa foi publicada, minha caixa de e-mail estourou. São imunologistas dizendo que já desconfiavam da cura espontânea do câncer"

Acaba de sair do forno uma pesquisa sobre câncer de mama que dá o que pensar. Publicado pelo Archives of Internal Medicine, o estudo sugere que alguns cânceres de mama, mesmo agressivos e invasivos, podem simplesmente desaparecer. Sem tratamento. O corpo dá conta de eliminá-los. Os oncologistas já sabiam que alguns cânceres podem regredir sem tratamento, mas a pesquisa de agora sugere que a freqüência com que isso acontece pode ser muito maior do que se imaginava. Se isso for confirmado, terá tremendas implicações. Vai mudar a forma como encaramos um diagnóstico de câncer e a freqüência com que nos submetemos a exames de câncer.

A pesquisa acompanhou dois grupos, cada um com mais de 100 000 mulheres, durante seis anos, antes e depois da adoção da mamografia na Noruega, em 1996. Um grupo foi monitorado de 1992 a 1997 – e, portanto, só fez mamografia nos últimos dois anos. O outro, de 1996 a 2001, sempre fazendo mamografia. No grupo que fez mamografia regularmente, 1 909 mulheres foram diag-nosticadas com câncer de mama invasivo. No grupo que fez mamografia só ocasionalmente, a doen-ça apareceu num número menor, 1  564. Por que a diferença de 345 mulheres? Várias hipóteses foram examinadas (do uso de hormônio na menopausa à qualidade dos mamógrafos). Só uma parou de pé: 345 mulheres, ou um número próximo disso, podem ter tido um câncer de mama que se curou sozinho. Sumiu.

Falei por telefone com H. Gilbert Welch, um dos três médicos responsáveis pela pesquisa. Atencioso e didático, o doutor Welch não demonstrou nenhum entusiasmo por ter – quem sabe? – tocado num ponto que pode revolucionar a pesquisa sobre câncer no mundo. Ao contrário: estava sereno e cuidadoso. Fez questão de esclarecer duas coisas. A primeira é que a pesquisa é uma hipótese, não uma certeza, e, mesmo que venha a ser confirmada, provará que a cura espontânea de câncer de mama afeta uma pequena quantidade de mulheres. A segunda é que a mamografia permanece útil e recomendável. Faz bem, precisa ser feita e salva vidas.

Feitos os alertas, o doutor Welch sentiu-se autorizado a voar. "Desde que a pesquisa foi publicada, minha caixa de e-mail estourou. São imunologistas dizendo que já desconfiavam da cura espontânea do câncer." Welch é autor de um livro que questiona os exames invasivos, a febre pelo diagnóstico precoce, essa procura incessante pela célula cancerosa. Seu livro chama-se Should I Be Tested for Cancer? Maybe Not and Here’s Why (algo como "Será que devo fazer exame de câncer? Talvez não, e aqui está o porquê"). Welch diz que quem procura acha e, ao achar, acaba se preocupando com o que talvez não devesse. "Não deveríamos estar empenhados em achar todos os cânceres, mas em achar o câncer certo."

Dá o que pensar. Mas, como o "talvez" significa a diferença entre a vida e a morte, ouça seu médico, faça mamografia e siga o tratamento que for prescrito.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Roberto Pompeu de Toledo
Tristes trópicos

"No título de seu mais famoso livro, Lévi-Strauss, que na semana passada completou 100 anos de vida, nos convida a abandonar os estereótipos de nós mesmos"

Claude Lévi-Strauss, que na última sexta-feira, em Paris, completou 100 anos na glória de ser tido como sábio de uma estirpe que não existe mais, devemos a revelação de que somos tristes. Ela está no título do seu livro mais famoso: Tristes Trópicos. O etnógrafo/antropólogo/
filósofo franco-belga morou no Brasil entre 1935 e 1939, como integrante do time de professores franceses contratado para dar início à Universidade de São Paulo. Tristes Trópicos, um livro que, além de etnográfico/antropológico/filosófico, é também – e sobretudo – uma obra-prima da literatura, constitui-se no relato, escrito vinte anos depois, da experiência brasileira do autor.

Por que seriam tristes estes nossos trópicos? O livro não o explicita. Em entrevistas, Lévi-Strauss contou muitas vezes que, ao voltar do Brasil, começou a escrever um romance – abandonado quando se convenceu de vez da falta de talento para a ficção – que se chamaria Tristes Trópicos. Como nunca explicou por que o romance, por sua vez, teria esse título, ficamos na mesma. Viria a tristeza das boçais truculências, contadas no livro, sofridas em suas relações com o Brasil? Uma vez, em Salvador, ele fotografava meninos negros quando foi abordado por dois policiais e levado preso. "Essa fotografia, utilizada na Europa, poderia acreditar a lenda de que existem brasileiros de pele preta e de que os garotos da Bahia andam descalços", escreveu.

De outra vez – pior, muito pior –, já de volta à França, e querendo escapar do sufoco de ser judeu no regime pró-nazista de Vichy, esbarrou com a indecência do Estado Novo de Getúlio Vargas ao recorrer à Embaixada do Brasil em busca de um visto. O embaixador, Luís de Souza Dantas, que era seu amigo, já suspendia no ar o carimbo para aplicá-lo no passaporte quando foi interrompido pelo alerta de um conselheiro da embaixada – judeus não eram bem-vindos pelo regime brasileiro. Escreve Lévi-Strauss: "Durante alguns segundos, o braço permaneceu no ar. Com um olhar ansioso, quase suplicante, o embaixador tentou obter de seu colaborador que desviasse os olhos enquanto o carimbo se abaixasse. Nada aconteceu, o olho do conselheiro continuou fixado sobre a mão, que finalmente caiu ao lado do documento. Eu não teria o meu visto, o passaporte me foi devolvido com um gesto de tristeza".

Estamos numa falsa pista. Não seria por razões pessoais que um espírito como o de Lévi-Strauss chamaria de tristes os trópicos. Além disso, a permanência no Brasil, rica de contatos com os povos indígenas, forneceu-lhe a base de uma carreira de etnógrafo e de antropólogo que o elevaria à condição de um dos maiores pensadores do século XX. O Brasil foi um ponto luminoso, não de sombra, em sua centenária vida.

É preciso lembrar, corrigindo o início deste artigo, que Lévi-Strauss não foi o primeiro a farejar tristeza por estas paragens. O livro Retrato do Brasil, de Paulo Prado, de 1928, abre com a frase: "Numa terra radiosa vive um povo triste". Paulo Prado cita testemunhas tão remotas quanto o padre Anchieta, para quem esta era uma terra "desleixada e remissa e algo melancólica". Como é que pode? Não somos a terra do sol, da natureza em festa, do Hino Nacional que, caso único no mundo, tem duas vezes o adjetivo "risonho" em sua letra ("céu, risonho e límpido" e "risonhos, lindos campos") e do povo identificado universalmente como o que injetou doses supremas de alegria no carnaval recatado e no futebol brutamontes dos europeus? Estamos diante de algo incongruente, algo que não bate. Por que tristes trópicos?

Se Lévi-Strauss abandonou o romance que estava escrevendo, não abandonou o título. Tristes Trópicos, com seu "tri" que se enlaça no "tro", brinca na língua e soa como verso, era bom demais para ser esquecido. Mas não o julguemos leviano a ponto de conservar um título só por sua qualidade literária. Talvez o título lhe tenha sido sugerido pelo assombro – presente, no livro, tanto quanto na época de Colombo e de Cabral – diante do encontro entre dois mundos e duas humanidades, com o resultado, para os europeus do Velho Mundo para aqui transplantados, da nostalgia do desterro, e, para os indígenas que aqui viviam, da opressão e do aniquilamento.

Ou talvez a benemérita intenção do autor tenha sido apenas investir contra o estereótipo. Atenção: nem tudo o que é ensolarado é alegre, nem tudo o que é gelado é triste. Esse seria o aviso do grande filósofo.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
2 789 toques

"Para o colunista, o essencial é eliminar qualquer sombra de ambigüidade. Dou um jeito de solucionar a crise da economia mundial numa única coluna, com um único argumento. Paul Krugman também"

Paul Krugman, o Nobel de Economia, recomenda gastar alopradamente. Eu recomendo o oposto: cortar gastos alopradamente. Quem está certo? O Nobel de Economia ou o Jabuti de 1990?

Paul Krugman é colunista do New York Times. Eu sei o que acontece com ele, porque é o mesmo que acontece comigo. Uma coluna tem mecanismos próprios. A gente aprende a esgotar todos os assuntos numa tacada só, limitando-os a um determinado número de toques. Meus pensamentos restringem-se a 2 789 toques. Menos do que isso, me embanano. Mais do que isso, eu murcho. O assunto pode ser Aristóteles ou uma torneira gotejante na pia do banheiro: o que tenho a dizer sobre eles se encerra rigorosamente depois de 2.789 toques. Para o colunista, o essencial é eliminar qualquer sombra de ambigüidade. Dou um jeito de solucionar a crise da economia mundial numa única coluna, com um único argumento. Paul Krugman também. Um colunista é um Cafuringa, que corre olhando para a bola até sair pela linha de fundo. Daí a receita peremptória do Nobel de Economia: gastar alopradamente. Daí a receita peremptória do gordinho indolente: cortar gastos alopradamente. Quem está certo? Nenhum dos dois. Um colunista nunca pode estar certo.

Em outubro, num artigo sobre o estado calamitoso da economia americana, Paul Krugman afirmou: "Somos todos brasileiros". Ele se referia ao fato de agora os Estados Unidos sofrerem o contágio dos mercados, como um país do Terceiro Mundo, como o Brasil. Se os Estados Unidos real-mente se transformaram num Brasil, Paul Krugman, com seus planos espalhafatosos, é o Luiz Gonzaga Belluzzo deles. E os brasileiros sabem que um Luiz Gonzaga Belluzzo sempre acaba encontrando seu Dilson Funaro. O Dilson Funaro americano só pode ser Lawrence Summers, o principal conselheiro econômico de Barack Obama. Ele concorda com Paul Krugman que a saída para a crise é inundar a economia com dinheiro público. Ele concorda igualmente que é melhor gastar de mais do que gastar de menos, sem dar a menor pelota para o rombo nas contas.

Assim como Paul Krugman, Lawrence Summers também se tornou um colunista. No caso, do Financial Times. Nessa economia gerida por colunistas, aboliram-se todos os conceitos mais simples e, por isso mesmo, intelectualmente mais enfadonhos: corte de gastos, disciplina fiscal e aumento de impostos, que implicam um período de ajuste, com arrocho salarial, desemprego em massa e quebradeira generalizada. É complicado comparar um lugar ao outro. Os Estados Unidos tomam dinheiro emprestado com juros iguais a zero, o Brasil paga 15%. Eles planejam gastar em investimentos, a gente gasta com custeio. Mas, se Paul Krugman está certo e os Estados Unidos de fato se transformaram num Brasil, o futuro da economia mundial está garantido: sairemos, com bola e tudo, pela linha de fundo.

FALTA GA$OLINA


SÁBADO NOS JORNAIS

Globo: CEF não ouviu auditores no socorro jumbo à Petrobras

 

Folha: Ação terrorista mata 160 na Índia

 

Estadão: Desmatamento avança 12 mil Km² na Amazônia

 

JB: Chuvas deixam 800 desabrigados no Rio

 

Correio: Cuidado! Bandidos estão de olho no seu cartão

 

Valor: Linhas do BC funcionam e exportador quer mais

 

Gazeta Mercantil: Fundos sustentáveis excluem Petrobras

 

Estado de Minas: À espera de um prefeito

 

Jornal do Commercio: Comércio sente os efeitos da crise

sexta-feira, novembro 28, 2008

MÓNICA BÉRGAMO

MUY AMIGOS

Folha de S. Paulo - 28/11/2008
 

 


A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, não cansa de repetir a colegas do ministério: "O [governador José] Serra me liga todos os dias!".

EM FRENTE
Depois de toda a polêmica em torno da afirmação do ministro José Gomes Temporão, da Saúde, de que na Funasa (Fundação Nacional de Saúde) tem "corrupção", ele recebeu sinal verde do presidente Lula para estudar a criação de uma secretaria que cuide especificamente da saúde dos índios. A atribuição hoje é da fundação.

UM PINGO
Falta pouco para o Brasil erradicar a rubéola. Basta vacinar 85 mil mulheres para que a meta de cobertura de 95% da população feminina seja atingida; já entre os homens a dificuldade é um pouco maior. Falta vacinar 3,7 milhões de um total de 34,7 milhões que garantiriam a cobertura ideal para considerar a doença erradicada.

 


O Ministério da Saúde vai intensificar a publicidade nos estados do Amazonas, Amapá, Tocantins, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás para "caçar" os que fogem da vacina.

TOTAL
E a campanha de prevenção à dengue que o presidente Lula pretende que as TVs e rádios veiculem de graça está orçada em R$ 40 milhões.

NA PISTA
E o São Paulo deve levantar R$ 8 milhões por meio da Lei de Incentivo ao Esporte para reformar a pista em volta do estádio do Morumbi, que ganhará piso olímpico. Como contrapartida, abrirá o local para treino de jovens da favela de Paraisópolis.

DORA KRAMER

Rolando Lero


O Estado de S. Paulo - 28/11/2008
 

Período compreendido entre o balanço de perdas e ganhos de uma eleição e a apresentação das cartas em jogo no próximo pleito, a entressafra eleitoral é a fase das floradas do recesso.

A atual revela-se especialmente fértil em fabulações de toda sorte por causa da dificuldade que a crise econômica impõe à visão do horizonte. Na falta de algo consistente para dizer ou fazer, os partidos, os políticos e os pretendentes a candidatos fazem e dizem qualquer coisa.

Desde que ocupem espaços e aumentem os respectivos cacifes para disputar as melhores posições na largada, valem todas as marolas.

Vale o presidente Lula sacramentar Dilma Roussef como candidata à sucessão sem perguntar o que o PT tem a dizer; vale o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, abraçar a candidatura da ministra ao arrepio da posição de seu partido, mesmo cansado de saber que o PMDB tem outros (no sentido de múltiplos) planos.

Vale Dilma trocar os óculos por lentes de contato, reunir uma claque eleitoral em palácio e posar como provável chefe de Estado não obstante careça dos 50, 60 milhões de votos necessários; vale o DEM pedir rigorosa investigação para “apurar” se Lula está ou não fazendo campanha eleitoral antecipada para Dilma usando da máquina pública, sabendo da esterilidade da ação.

Vale até mesmo os governadores José Serra e Aécio Neves defenderem com assertividade a realização de prévias para escolher o candidato do PSDB à Presidência, quando a hipótese não está nem nunca esteve em cogitação. Se os tucanos falam dia e noite em unidade, há três eleições sofrem as dores da divergência interna, era o que faltava abrirem uma disputa a votos dentro do partido em pleno transcorrer de 2009.

Só o que não vale é o eleitor investir seu estoque de crença nessas conversas, cujo conteúdo é para ser registrado por um ouvido, dispensado pelo outro e nunca, jamais, ser escrito. 

Nada do que está sendo dito ou feito merece confiabilidade rigorosa. Muito menos o que é dito e feito em público, entregue ao exame da população previamente enquadrado na moldura que mais interessa a seus autores.

Nos exemplos acima citados, os interesses são os seguintes: Lula precisa de Dilma para não esvaziar o mandato em curso antecipadamente; o PMDB precisa simular fidelidade para não perder espaço; o DEM precisa posar de oposição aguerrida e o PSDB precisa fazer ares de família que reza unida.

Vida pregressa

A absolvição do deputado Paulo Pereira da Silva no Conselho de Ética da Câmara é dada como certa. Foi alcançado por investigação da Polícia Federal sobre desvio de empréstimos no BNDES e flagrado em telefonema prometendo “mexer os pauzinhos” no Congresso para convocar o ministro da Justiça a dar explicações sobre a prisão de um assessor na operação.

As provas, ao presumido sentir do conselho, são inconsistentes.

Insuficiente também para caracterizar falta de decoro é o inquérito que corre contra ele no Supremo Tribunal Federal por causa de repasses de verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Presidente da Força Sindical, o deputado responde pela entidade sob suspeita de ter recebido dinheiro do Ministério do Trabalho para promover cursos inexistentes oferecidos a alunos fantasmas.

As acusações atingem outras centrais, entidades patronais e apontam para a conivência do ministério, que avalizou todos os convênios feitos ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso. 

Na campanha eleitoral de 2002, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, Paulo Pereira ameaçou fazer e acontecer contra seus “caluniadores”. Terminou ele sendo o investigado e, dependendo da decisão do STF, processado.

Na Câmara nada disso conta. O mandato parlamentar serve para conferir foro privilegiado por atos cometidos antes do mandato, mas esses mesmos atos não pesam na avaliação da conduta do parlamentar. 

Autocombustão

À falta de argumentos consistentes para defender o correligionário Cássio Cunha Lima, governador cassado da Paraíba, os tucanos disseminam desconfiança sobre o voto do ministro-relator do caso no Tribunal Superior Eleitoral, Eros Grau.

Dizem que ele votou “muito rápido”. Sobre os 35 mil cheques de programa social distribuídos no período eleitoral como “um presente do governador” ou a respeito de boladas usadas para pagamento de contas pessoais de Cunha Lima, nem uma palavra. Não lhes ocorre, por exemplo, que o ministro tenha sido ligeiro exatamente porque os fatos são espessos.

O tucanato repete aqui o gesto da defesa do senador e então presidente do PSDB Eduardo Azeredo no caso do “mensalão mineiro”, em 2005.

Lá, perdeu a moral para acusar o PT e, recolhido à insignificância conferida pelo equívoco, viu Lula renascer.

Aqui, joga no lixo o discurso da probidade e eficácia administrativas.

FALTOU GASOLINA

APOSENTADOS

GOVERNO NEGOCIA MUDANÇA NAS REGRAS DA APOSENTADORIA

PRESSIONADO, GOVERNO NEGOCIA MUDANÇA NO CÁLCULO DA APOSENTADORIA
Autor(es): Isabel Sobral e Rosa Costa
O Estado de S. Paulo - 28/11/2008
 

Acuado pelos projetos que beneficiam aposentados, mas aumentam o rombo da Previdência Social, o governo admite, pela primeira vez, negociar o fim do fator previdenciário em troca da exigência de idade mínima nas aposentadorias. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), informou ao Estado que, além disso, outra proposta está sendo costurada: a de substituir os projetos que reajustam valores das aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por um programa de recuperação dos benefícios de valor mais baixo. 

O assunto será discutido entre o ministro da Previdência, José Pimentel, e representantes das centrais sindicais em 4 de dezembro. A data foi marcada anteontem em jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com sindicalistas, na Granja do Torto, em Brasília.

“Estamos caminhando para o fim do fator previdenciário e vamos trabalhar pelo limite de idade”, disse Jucá. “Vamos construir uma solução, um programa de recuperação (dos benefícios) da Previdência até dois, três salários mínimos.”

Para o líder do governo, as alternativas analisadas mostram que nem ele nem ninguém do governo se opõem ao mérito dos três projetos do senador Paulo Paim (PT-RS). Há, no entanto, preocupação com o impacto nas contas da Previdência. Já aprovados no Senado e aguardando votação na Câmara, os textos provocaram duas reações: a oposição de técnicos da equipe econômica e a mobilização de aposentados e pensionistas a favor dos projetos. 

Segundo as projeções dos técnicos do Ministério da Previdência, somente a proposta de Paim, que reajusta os benefícios pela indexação ao número de salários mínimos a que eles equivaliam no momento da concessão, custaria R$ 76,6 bilhões por ano aos cofres do INSS. Outro projeto estende a todos os benefícios o reajuste de 9,2% dado este ano ao salário mínimo. As aposentadorias e pensões de valor superior a um mínimo tiveram 5% de reajuste (inflação acumulada pelo INPC). Isso resultaria num impacto anual de R$ 9 bilhões. 

A declaração de Jucá sinalizando o fim do fator previdenciário mostra que o governo vai negociar para evitar o pior. “A grande contribuição é a gente se debruçar para construir uma alternativa. Isso é possível.” 

O fator previdenciário foi criado em 1999 para controlar o crescimento das despesas previdenciárias em conseqüência do aumento da expectativa de vida da população. A fixação de uma idade mínima para aposentadoria também funciona como freio às aposentadorias precoces. 

Para a área técnica do governo, entretanto, o fim do fator só é aceitável se ocorrer gradualmente, porque a fixação de uma idade mínima, além da necessidade do tempo mínimo de contribuição ao INSS (35 anos para homens e 30 anos para as mulheres), só pode ocorrer por meio de emenda constitucional que, para valer, tem de receber pelo menos três quintos de votos favoráveis no Congresso. 

Segundo Jucá, o governo quer condicionar a negociação ao que chama de “limite da capacidade da Previdência no sistema futuro”. Ou seja, adotar uma idade limite compatível com a expectativa de vida do brasileiro, que está crescendo, e se reflete nas contas da Previdência.

TIRANDO O SONO DO GOVERNO

OS PROJETOS DE PAIM


Fator Previdenciário: Elimina do cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição a fórmula que tenta desestimular as aposentadorias . Com o Fator Previdenciário, quanto mais jovem é o segurado, menor o valor do benefício. A proposta muda também a forma de calcular o benefício: em vez de tomar por base a média das contribuições feitas ao INSS desde 1994, ela retoma o critério antigo de considerar apenas os últimos três anos de contribuição. 

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara

Reajuste: Repassa a todos os benefícios de valores superiores a um salário mínimo o índice de 9,2% de aumento aplicado ao mínimo este ano. Esses benefícios foram reajustados em 5%, índice correspondente à variação anual do INPC.

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara.

Vinculação ao salário mínimo: A proposta cria um mecanismo que vincula as aposentadorias e pensões ao salário mínimo e reajusta os benefícios atuais para que voltem a ter, em número de salários mínimos, valor equivalente ao que tinham na época em que foram concedidos.

Já aprovado no Senado, em caráter terminativo, seguiu esta semana para análise das comissões da Câmara.

O QUE É FATOR PREVIDENCIÁRIO Fórmula criada em 1999 que considera a idade e a expectativa de sobrevida do trabalhador (conforme dados do IBGE) no momento do pedido de aposentadoria para calcular o valor do benefício. Quanto mais jovem, menor o valor da aposentadoria.

QUAL SEU EFEITO 

O fator estimula as pessoas a permanecer mais tempo trabalhando para poder receber o maior valor possível de aposentadoria. O valor do benefício depende do histórico das contribuições de cada pessoa. Mas, nos últimos anos, a aplicação do fator têm resultado em uma redução entre 20% e 30% no valor máximo da aposentadoria, se o segurado decide se aposentar logo no final do tempo mínimo de contribuição (hoje, 35 anos para homens e 30 para mulheres), sem passar mais algum tempo em atividade. 

ECONOMIA PARA O INSS

R$ 10 bilhões, nos últimos oito anos.

O QUE PODE MUDAR

Se cair o fator previdenciário e no seu lugar for estabelecida uma idade mínima para aposentadoria pelo INSS, um trabalhador só poderá se aposentar no momento em que completar o tempo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 anos para homens) e também uma idade que vier a ser especificada na Constituição. Servidores públicos, por exemplo, atualmente devem cumprir a exigência de 35 anos de contribuição e 60 anos de idade, se homens, e de 30 anos de contribuição e 55 anos de idade, se mulheres.

BRASÍLIA-DF

O golpe de Renan


Correio Braziliense - 28/11/2008
 

Bastou o presidente do PMDB, Michel Temer, e o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), fecharem o a troca de comando no partido para ceder a vaga ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Essa foi a senha para que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) saísse a campo nos bastidores, em consultas sobre as chances do senador Pedro Simon (PMDB-RS) como candidato à Presidência da Casa. O objetivo de Renan é evitar que o senador Tião Viana (PT-AC) conquiste o cargo por W.O. Ele sabe que ninguém votará contra Simon, um dos senadores de maior prestígio no Parlamento. O petista Eduardo Suplicy (SP) já afirmou que, se o gaúcho estivesse no páreo, votaria nele. PSDB e DEM idem. 

*

Com isso, Renan, que começava a ficar isolado, tenta voltar para o jogo. É o mais novo capítulo da novela e pode fazer voar pelos ares o tabuleiro em que Jucá jogava para conquistar a presidência do PMDB, guindar Michel Temer à Presidência da Câmara, e fazer de Tião Viana, o chefe no Senado.


Novo alvo I

A oposição vai aproveitar esse empréstimo de R$ 2 bilhões que a Petrobras tomou com a Caixa Econômica Federal para, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), perguntar sobre outros movimentos da empresa, comentados à boca pequena entre o pessoal do mercado financeiro. A última diz respeito a uma suposta retirada que a Petrobras teria feito de suas aplicações no Unibanco, no valor de R$ 12 bilhões — o que teria abalado a estrutura da instituição financeira e levado o Banco do Brasil a se mexer para fechar negócio. Só que o Itaú acabou atravessando o BB. 

Novo alvo II 

Os oposicionistas vão aproveitar ainda para exercitar o esporte predileto: dizer que o governo Lula é ruim de gestão e que a empresa foi aparelhada pelo PT a ponto de transferir a diretoria financeira para a Bahia, onde nasceu o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. E tem mais: vão dizer que, se a Petrobras estivesse bem gerenciada, não teria dificuldades em captar esse empréstimo com grupos privados. Afinal, o papel da Caixa deve financiar obras de cunho social, como saneamento. 

Paternidade 

Os parlamentares estão desconfiados de que o governo não quer o desgaste de cortar R$ 7 bilhôes do Orçamento de 2009 em discussão no Congresso. Mas o relator, senador Delcídio Amaral (PT-MS), já avisou que, se não houver resposta, vai cortar no custeio. “Não dá para cortar investimentos num momento de crise e de desaceleração do setor privado”, comenta. 

Na surdina 

Há tanta intriga dentro dos primeiros movimentos para a eleição do futuro presidente do PT que já tem gente achando melhor ficar mesmo com Ricardo Berzoini (SP). De perfil discreto, ele desponta como um quadro que pode perfeitamente ser reconduzido para comandar a sucessão presidencial de 2010. 

No cafezinho...
Rose Brasil/Esp. CB/D.A Press
 
 

Na disputa 
Diante das dificuldades para conseguir um lugar no clube que comanda a Câmara, a bancada feminina decidiu ir à luta. Ex-presidente do PMDB Mulher, a deputada Elcione Barbalho (foto), do Pará, avisa que concorrerá a uma das vagas da Mesa Diretora da Casa. “Ainda não sei a qual secretaria vou disputar, mas não tenho nada a perder”, comenta ela, pronta para a briga. 

Aécio vem aí 
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), avisou ao comando de seu partido que, a partir de agora, fará uma série de ações como pré-candidato a presidente da República. A ordem é se colocar definitivamente no jogo. E o anúncio veio acompanhado de um alerta: “É o que Minas espera de mim”. Trata-se do segundo maior colégio eleitoral do país. 

Bombou 
Concorrentes à Presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI) marcaram presença no convescote em homenagem ao subsecretário de Assuntos Parlamentares do Ministério de Relações Institucionais, Marcos Lima, ontem em Salvador (BA). Estavam na casa do deputado João Carlos Bacellar (PR-BA) nada menos que três ministros, José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Juca Ferreira (Cultura), dezenas de deputados e senadores. 

Tempo de serviço 
O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) deixou a coordenação da bancada mineira na Câmara, depois de sete anos no posto. A partir de 1º de janeiro, ele passará a cuidar dos interesses do prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), em Brasília. Os deputados Mário Heringer (PDT) e Gilmar Machado (PT) estão cotados para substituir o colega.

ILIMAR FRANCO

Obama: "Comprem"

 Panorama Político
O Globo - 28/11/2008
 

Primeiro foi o presidente Lula, depois o governador José Serra, e agora é o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, quem diz: "Comprem". Mas, em jantar anteontem, os dirigentes das centrais sindicais disseram ao presidente Lula que a população não vai consumir se não tiver garantia de emprego. Sugeriram que o socorro aos bancos, à construção civil e à agricultura tenha como contrapartida o emprego. Lula concordou: "Sem segurança, o trabalhador não vai comprar parcelado".

Tasso e Virgílio: Não é a primeira vez 

Em março do ano passado, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) fizeram uma grave denúncia no Senado: o Brasil estaria exportando armas pesadas para a Venezuela. No dia seguinte, o ministro Nelson Jobim (Defesa) foi ao Senado mostrar que eles estavam errados. Agora, Tasso e Virgílio fazem nova denúncia: a Petrobras enfrentaria gravíssima crise e estaria quebrada. Na próxima semana, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, e a presidente da CEF, Maria Fernanda Coelho, estarão no Senado explicando o empréstimo de R$2 bilhões da CEF para a Petrobras. A história vai se repetir? 

Não tem por que fazer uma marola em cima de um copo d"água" - Romero Jucá, líder do governo no Senado (PMDB-RO), sobre a denúncia do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) em relação à gestão da Petrobras 

INCANSÁVEL. Abandonado por Sarney, Renan Calheiros (PMDB-AL) começou a articular a candidatura de Pedro Simon à presidência do Senado. Alega que Simon é de oposição, mas é do PMDB e não pertence ao grupo do presidente do partido, Michel Temer (SP). Pelo seu empenho, parece que Renan é Simon desde criancinha e que ele não tem nada pessoal contra o candidato do PT à presidência do Senado, Tião Viana (AC). 

Encolhe e estica 

Com a renúncia de José Maranhão (PMDB-PB) e a eventual ida de Leomar Quintanilha (PMDB-TO) para o TCU, o PMDB perderá dois senadores. Os suplentes são do PRB e do PT. O PT passará a ter 13 senadores, como o DEM e o PSDB.

Aprovados 

A Comissão de Economia do Senado sabatinou ontem José Jorge (DEM) e o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), indicados para o TCU. Os dois vão a votação no plenário. Ninguém questionou Quintanilha sobre o inquérito no STF. 

Yeda enfrenta professores e o DEM 

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), vai entrar na Justiça para tirar do ar propaganda do sindicato dos professores afirmando que ela aumentou seu salário e mostrando pessoas ensangüentadas após confronto com a polícia. O DEM, partido do vice Paulo Feijó, anunciou, ao lado de PT, PDT e PCdoB, que vai apresentar proposta de decreto legislativo para sustar o corte de ponto dos grevistas. 

O TSE entre Cássio e Hauly 

O que serve ao governador tucano Cássio Cunha Lima (PB) não ajuda o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Com sua candidatura cassada, Cássio quer uma nova eleição e não a posse do que ficou em segundo lugar, o senador José Maranhão (PMDB). Segundo colocado na eleição de Londrina, Hauly quer ser declarado prefeito depois que a candidatura de Antonio Belinati foi impugnada. Hauly entregou aos ministros do TSE um parecer do ex-ministro Walter Costa Porto. 

A PETROBRAS fez 18 operações financeiras, como a da CEF, neste ano envolvendo captação de recursos de cerca de R$15 bilhões. 

INTEGRANTES da coordenação de governo dizem que o senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do PSDB, está fazendo "terrorismo econômico", ao colocar em dúvida a saúde financeira da Petrobras.

MÍRIAM LEITÃO

Sinal ruim

 Panorama Econômico
O Globo - 28/11/2008
 

A Petrobras é a maior empresa do país. Até outro dia, tinha sonhos delirantes de investimento. De repente, precisa da Caixa para capital de giro. O fato levanta dúvidas: o que está acontecendo com a Petrobras? Qual é a função da Caixa Econômica Federal? A Petrobras, recentemente, divulgou o maior lucro trimestral da sua história e a ação despencou no dia seguinte.

As ações caíram 13%, depois da divulgação de um lucro recorde, por bons motivos: achou que havia pouca transparência em vários dados das despesas da empresa. Era gasto de R$1 bilhão com consultoria, outros R$2,378 bi de despesas não especificadas - no trimestre anterior havia sido de R$956 milhões. Houve um aumento total de 41% nas despesas. Por ser pública, por ser empresa de capital aberto, ela tem que ser mais transparente. 

A esperança dos analistas é que, com a desaceleração mundial, alguns custos sejam reduzidos, como aluguéis de plataforma e de equipamentos. No início do mês, a Petrobras cancelou todos os eventos internos. Até os contratos já assinados com empresas prestadoras de serviços foram atingidos: a ordem foi cancelar, ver o que poderia ser adiado e, em último caso, negociar as multas. 

A grande dúvida é em relação à capacidade de investimento da Petrobras a longo prazo. O mercado acha que os investimentos não se manterão tão elevados - estavam em R$34 bilhões até setembro - por causa das quedas no consumo e no preço do petróleo. 

- Outubro mostrou uma mudança de paradigma, por causa da crise. A discussão é para saber se os investimentos vão se manter nos níveis atuais. O investimento é alto e o retorno, no curto e médio prazos, é pouco - diz Michelle Pereira, analista da Modal Asset. 

A Caixa Econômica é a principal financiadora da construção, num momento em que o crédito está mais raro e mais caro. A MP 443 dava a ela o direito de criar uma empresa, a Caixa Par, para comprar participações nas construtoras. A idéia era ruim e foi rechaçada pelas próprias construtoras, que precisam que a Caixa continue a ser o que sempre foi: a maior financiadora do setor imobiliário do país, e não passar a ser o banco das emergências das próprias estatais. 

Claro que a Caixa vai além da construção. O empresário Roberto Kauffman explica que a construção civil tem dois locais de recursos, o FGTS e a caderneta de poupança. É de lá que sai o dinheiro emprestado pela Caixa para o setor. Os recursos do FGTS só podem ser usados para habitação de interesse social, saneamento básico e transporte. Os da poupança, só para habitação. A Caixa não pode emprestar dinheiro dessas duas fontes para outros fins. Ele acha que são fontes diferentes, e que a Caixa pode emprestar para quem quiser, desde que não mexa no FGTS e na poupança. 

A operação de captação para capital de giro é rotineira e, em outros momentos, seria visto como normal. Mesmo com esta ressalva, é bom lembrar que a Petrobras, sendo a maior empresa do país, tem uma enorme capacidade de captação aqui e no exterior. Lá fora a crise está mais grave, mas ela não pode ir pelo caminho mais fácil e tomar recursos no próprio setor público. Desta forma, as estatais acabam monopolizando os recursos disponíveis nos bancos públicos num momento que há escassez de recursos no mercado. 

Os dados da semana mostram um país sem crise, aparentemente: o crédito cresceu, a dívida pública líquida caiu para 36% do PIB. Mas há nuances por trás dos números. No crédito, está havendo uma concentração para grandes empresas. O volume permanece o mesmo, mas uma empresa menor só consegue renovar seus financiamentos a juros cada vez mais altos. No superávit primário, uma nota preocupante: as estatais tiveram, em outubro, déficit de R$2,8 bilhões. Na dívida pública, um alerta: não se deve comemorar uma queda que é puramente reflexo de conjuntura cambial. Esses dados não podem dar a impressão ao governo de que está tudo bem com as contas públicas. 

A grande questão em relação à operação Caixa-Petrobras é que a competição fica desleal. Imagina se qualquer empresa, mesmo das grandes, for à Caixa pedir R$2 bi para capital de giro. Terá essa mesma facilidade, mesmo não sendo esta a vocação do banco? Por ser grande demais, e estar agora voltada a captar dentro do mercado interno e junto a bancos públicos, a Petrobras desequilibra o mercado de crédito. Se fosse captar competindo com outras empresas, junto a outros bancos, seria normal. Mas indo à Caixa, é um duplo sinal ruim: de favorecimento, e de problemas urgentes. 

Mesmo quem acompanha com atenção as decisões diárias da economia já se perdeu na quantidade de vezes que se sacou do FAT e, agora, do FGTS, para acudir emergências. É preciso cuidado com os fundos de poupança compulsória, porque eles têm destinação específica. 

Estes são tempos difíceis, que não comportam tanto ruído como está acontecendo na economia brasileira. Ora o governo bate no peito para dizer que só aqui não há crise e que o país vai crescer 4% em 2009; ora saem medidas aos borbotões, criando exceções e facilidades; ora a maior empresa estatal do país pega um inusitado empréstimo junto a um banco público não especializado neste tipo de operação.

SEXTA NOS JORNAIS

Globo: Socorro da Caixa à Petrobras põe as duas estatais em xeque

 

Folha: Índia ataca terroristas e solta reféns

 

Estadão: Governo negocia mudança nas regras da aposentadoria

 

JB: Toque de recolher e Força Nacional contra saques

 

Correio: Justiça libera venda de lotes no Noroeste

 

Valor: Linhas do BC funcionam e exportador quer mais

 

Gazeta Mercantil: Fundos sustentáveis excluem Petrobras

 

Estado de Minas: Cheque embala calote das classes média e alta

 


quinta-feira, novembro 27, 2008

ASPONES,MAMADORES,PARASITAS


Essa é a relação da vergonha  do serviço público. Vejam os vagabundos, apadrinhados de secretários, políticos etc. Estes ocupam os famigerados, CARGOS COMISSIONADOS, que também podem ser chamados de cargos da propina. Aí tem, mãe, filho, primo, pai, o caralho a quatro. 
Essa cambada, é apenas uma pequena parte do destrambelho. Ainda tem os afilhados sem parentesco, os "PAU MANDADO". É essa corja que faz o serviço sujo dos poderosos, são eles que intermediam as propinas (vejam o caso do filho da gorvenadora e sua trupe).  É  voce que sustenta, com seu imposto, essa vadiagem. Cuspa na cara desses filhos da puta. CHEGA!!!!!

MARIA CÉLIA PESSOA PORPINO - SESAP.
ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES ALVES - SAPE.
VICENTE DE OLIVEIRA NETO - SESAP.
ARINALDO VITOR MEDEIROS - SEARA - Subcoordenador.
EXPEDITO MENDES DE REZENDE - SEJUC.
CRYSTIANNE GRANDI FERNANDES - GAC.doc
LOURIVAL ROCHA JÚNIOR - GAC.doc
JOSÉ GERCINO SARAIVA MAIA - SETHAS.
ANA CRISTINA OLÍMPIO GUEDES - SETHAS.doc
JOSÉ DANTAS - SETHAS.doc
CHRYSTIAN CIRINO DE MEDEIROS - SESED.
MARIA VERÔNICA BORGES DA SILVA - SETHAS.doc
LÚCIA EDITE ARAÚJO MAIA - SEARH.doc
MARISTELA GOMES PINHEIRO - SEARA CG.doc
PEDRO PAULO ALVES GAAG - SESAP.
CÉLIDA Mª LINHARES DE LIMA LEITE - SECD - DIRED.doc
NICODEMUS FERREIRA DA SILVA - SETUR.
LÍVIA LOPES MATOS - SESAP.doc
WELSON ASSUNÇÃO RAMOS - SEPLAN.doc
SÂNZIA FERREIRA CAVALCANTI - SETUR.doc
JOÃO BATISTA DE MEDEIROS JÚNIOR - GVG.doc

LAURO JARDIM - RADAR

Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008

VEJA ONLINE

REFORMA TRIBUTÁRIA

Foi para a gaveta

A reforma tributária vai ficar, mais uma vez, para depois. Para quando? Ninguém sabe. Após uma reunião hoje de manhã com a oposição, o relator, Sandro Mabel, aceitou jogar para a primeira quinzena de março o início da votação.    

A proposta da oposição é criar um grupo de trabalho para debater o texto nos próximos três meses.    

O PT continua defendendo publicamente o início da votação até o fim do ano - mas é discurso para inglês ver. O partido sabe que não consegue botar em plenário a maioria suficiente para votar o texto.     

O desânimo na base governista na Câmara é geral. "Acabou. Quem sabe em março, mas de 2011", ironizou um peemedebista.

Serra de olho
Quem desde ontem participa das reuniões entre Sandro Mabel, Antonio Palocci e líderes do PSDB, do DEM e do governo é o secretário de Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo.

ECONOMIA

A marolinha toma impulso

Uma reunião de avaliação realizada ontem na Fiesp constatou que a queda nas vendas chegou aos eletrodomésticos neste mês de novembro. Os números do encolhimento chegam a dois dígitos.

Em relação aos alimentos, nenhuma nuvem cinzenta por enquanto. As vendas estão estáveis.

GOVERNO

Lula, o notívago

Lula deixou o Palácio Laranjeiras às 2 horas na madrugada de ontem. Ele fora a um jantar que Sergio Cabral ofereceu ao presidente russo Dmitri Medvedev. O russo deixou o Laranjeiras pouco antes de uma da manhã. Mas Lula e Edison Lobão ficaram, ficaram, ficaram...
ECONOMIA

Aposta no concreto

Apesar da crise, a CSN Cimentos manteve o cronograma: estréia sua produção em dezembro e começa a distribuir o produto em janeiro.
FUTEBOL

Tempos difíceis 1

 busca do Corinthians por um patrocinador que substitua a Medial é inglória até agora. No Corinthians, alguns dirigentes acham que a BR/Petrobras poderia ser uma boa saída - afinal, se a estatal já patrocina o time de maior torcida do país, o Flamengo, por que não patrocinar o segundo mais querido? Além do mais, é o time de Lula.

Pois bem, é bom esses corinthianos tirarem o cavalinho da chuva.

A ordem na Petrobras é não fechar qualquer contrato além do que já tem com o Flamengo. Avalia-se que, se abrir uma exceção, acabaria tendo que patrocinar um time por estado.

Tempos difíceis 2
A propósito, a BR/Petrobras manterá em 2009 o contrato de patrocínio de duas décadas que tem com o Flamengo. Mas sem aumento. Ao contrário, os atuais 16 milhões de reais anuais ficarão mais enxutos.